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Death Stranding | Uma experiência muito diferente do que eu imaginava

Finalmente chegou a hora de falar sobre o aclamadíssimo Death Stranding, aguardadíssimo jogo que dividiu opiniões e que obviamente se tornou uma daquelas obras que você ama ou odeia, mas que também notei que um grande preconceito surgiu em muita gente que não chegou a realmente jogar, mas que esses em especial eu acho que deveriam dar uma conferida, pois aqui temos um jogo que é feito para ser uma experiência bem pessoal que não consegue ser absorvida da mesma maneira ao ver alguém jogar no youtube.

A história se passa em um mundo caótico que ficou assim após um evento chamado de Death Stranding, quando a vida pós-morte se tornou cientificamente comprovada e aberrações surgiram pela terra, indo desde algo chamado Chuva Quiral, que as gotas envelhecem tudo que tocam até a aparição de EP's (Elos Perdidos), figuras fantasmagóricas que conseguem ser sentidas apenas por algumas poucas pessoas chamadas de "Portadores". As pessoas passaram a viver escondidas em cidades e os "Portadores", que se viram incapazes de morrer, começaram a ser usados para entregar encomendas.

Você assume o papel de Samuel "Sam" Porter Bridges, um portador conhecido por suas entregas cabulosas. O mundo se dividiu entre cidades isoladas, mas nos Estados Unidos uma corporação chamada Bridges decide reconectar todo o país e para isso contrata Sam como entregador, mas com terroristas se tornando uma grande força opositora, essa reunião também torna as cidades como alvos.

Bom, já que começamos pela história, acho bom fazer logo ressalvas aqui, que ao contrário da maioria, é exatamente onde estão os pontos do jogo que não gostei e não é apenas porque sempre vi a trama como destaque, mas porque tem elementos que são extremamente fracos e ficam ainda mais destacados ao ser colocado em uma obra de ficção científica elegante.

O negócio é, quando rolou o marketing de Death Stranding era só bizarrice. Um mar escuro, um monte de peixes mortos, um homem pelado conectado a um bebê. E constantemente as pessoas falando "É do Kojima! O Kojima é um gênio! Você vai se surpreender! É muito inteligente! É muito surreal!". Então a visão que criei da coisa é de que seria uma obra bem inteligente de ficção científica, com elementos psicológicos fortes, uma história difícil de entender e que fizesse por anos as pessoas conversarem em fóruns de discussão sobre o significado das coisas. Tipo um Twin Peaks da vida.

Infelizmente a coisa acaba tendo um rumo diferente. A história base é bacana pra caramba e tinha potencial pra ficção científica bem adulta mesmo como O Enigma de Outro Mundo e A Chegada, mas ela trata o jogador como burro e definitivamente eu não queria que a coisa viesse mastigada. Eu queria ter entrado em um mundo em que não entendo nada e ficar tão perdido quanto na campanha de marketing de jogo. Ir descobrindo aos poucos e ter aquele gostinho de satisfazer a curiosidade e querer jogar mais pra tentar descobrir algo novo.

Ao invés disso, socam a história goela abaixo em você de forma tão brusca que nem sentido tem. Você vê isso já no início quando Sam senta em uma caminhonete e o companheiro dele começa a contar "Isso aconteceu há tantos anos atrás... Foi quando eles surgiram...". E aí conta a história inteira da bagaça. Mas aí fica aquela coisa, por que diabos o infeliz tava contando isso pro Sam? É óbvio que o cara sabia muito bem o que aconteceu. Perderam a oportunidade de deixar o jogador catar aos poucos e ficar um mundo sombrio e não tão explicadinho desse jeito. 

E a coisa ficou ainda mais esculhambada quando socaram uma trama digna de filmes dos anos 80, que é "Vamos salvar a América!". Assim, tudo bem a ideia de reconectar o país, é bem válida. Mas eles usam realmente o clichêzão da América ter que sobreviver e você vê isso em uma fala de uma personagem que é tipo "Se não conseguirmos reconectar a América, a raça humana vai ser extinta!". Tem alguns diálogos no início que os caras falam "América" a cada dez segundos.

Achei esses detalhes da história bem desanimadores mesmo, pois sempre foi o que me parecia ser o grande atrativo. Talvez pelo fato do Kojima ser japonês (lá tem uns jogos bizarros de esquisitos), ele tenha temido que o público ocidental não conseguisse compreender se usasse o mesmo estilo misterioso do marketing, e odiasse o jogo por isso. Talvez por isso tenha socado essa trama de filme de ação dos anos 80 de salvar a América também no meio de um universo tão robusto. Não sei...

Mas fora isso, tá aí um jogo que gostei muito! Talvez exatamente porque eu não criei expectativa, pois como não tenho PS4 e inicialmente ele era exclusivo e também não sou fã do Hideo Kojima (acho que o único jogo que zerei dele  foi o maravilhoso Boktai). Então ao ver Death Stranding, eu só pensei "Legal". Imaginei que se fosse jogar, levaria anos e não me rasguei de vontade. Então quando saiu pra PC e tive a oportunidade de jogar, eu quis e sabia que provavelmente iria gostar, mas fui sem estar ansioso.

Eu sabia da fama de "Simulador de Correios" e do quanto as pessoas xingavam o jogo na internet. Mas também sei o quanto as pessoas são dramáticas e para muitos basta não cumprir a expectativa e já vira o pior jogo do universo que nenhum ser humano seria capaz de aguentar um segundo jogando. Portanto não tive nenhuma influência nem nada. Eu estava pulando em algum jogo aleatório que poderia, ou não, ser bom.

Sim, o destaque da mecânica do jogo vai para as entregas, mas acho que fez de uma forma bem interessante. Eu imaginava que o jogo seria mais no estilo de Hellblade e só percebi isso quando comecei a jogar. Isso porque Hellblade traz tudo o que eu esperava de Death Stranding. Uma narrativa intensa, muito pessoal, sombria, um clima de terror e uma jogabilidade esquisita. Mas no fim das contas acaba sendo algo bem mais diferente do que eu poderia imaginar.

Pra começar é um jogo em mundo aberto e isso sem sombra de dúvidas é algo que me surpreendeu, afinal de contas experiências narrativas tem tendências a serem lineares e não ter elementos de sandbox. E aqui nós temos isso de montão! O objetivo principal é conectar todas as cidades e você precisa atravessar o país e ativar essa conexão. Na medida em que você ativa, tem acesso à rede quiral do lugar, que deixa online estruturas, informações em geral e ativa também possibilidades que vão sendo destravadas e só funcionam dentro da rede.

Isso por si só já traz uma nova jogabilidade encantadora e para um público bem diferente, que é o de administração. Eu nunca imaginei que ia passar horas construindo estradas, posicionando estruturas em lugares estratégicos e coletando recursos. E eu imagino que o público de jogos desse tipo na maioria das vezes nunca vai ficar nem sabendo porque o jogo não tem essa cara.

O negócio é, você precisa passar por ambientes horrorosos pra chegar em uma cidade. São montanhas, rios, desfiladeiros, locais lotados de pedras. Fazer certas entregas é desgastante ao extremo! E você vai e volta várias vezes, então uma opção é facilitar pra você! Coletar recursos e construir uma ponte, posicionar uma escada, deixar uma corda em um lugar, adicionar um posto de recarga de bateria.

Eu achei muito gostoso ver locais sofríveis se tornarem em áreas rápidas e seguras de se atravessar. É uma delícia de repente pegar um pacote e em pouquíssimo tempo você atravessar o mapa porque dedicou seu tempo a isso. E uma outra surpresa que eu com certeza não esperava é o fato de você estar conectado a outros jogadores.

É possível achar pacotes perdidos por outros, usar escadas que alguém deixou em um lugar, ajudar a construir uma estrutura, doando parte de seus recursos e permitindo que tanto o criador quanto outras pessoas consigam usá-la, e assim vai. É demais concluir a entrega de outra pessoa e aumentar sua popularidade.

Quanto mais você se esforça para ajudar os outros, fazendo sua contribuição, resgatando cargas e adicionando facilidades ao mundo, mais você se conecta aos outros jogadores e recebe o mesmo deles. Então em um lugar que é no meio do nada, você pode de repente achar um quarto subterrâneo que alguém fez ali e assim pode descansar e se restaurar.

Ou... Você pode simplesmente não fazer NADA disso. É possível só ignorar os pedidos e entrar em um novo estilo de gameplay, o de explorador. Pegar as entregas obrigatórias, entrar no mundo selvagem e se sentir o explorador. Tomar cuidado para não se lascar em uma escalada ou não detonar o pacote completamente antes de entregar. É possível ir direto ao ponto. Atravessar o país para conectar o mais rápido possível e evoluir na história.

Mas claro, existe também a possibilidade de você jogar revezando, que é o jeito que joguei. Fiquei um tempão jogando apenas dentro da rede quiral e aperfeiçoando o lugar. Daí quando eu cansava dali, resolvia me aventurar e aí destravar novos ambientes e novamente entrar na história mais uma vez e ver o que acontece depois.

Mesmo com as tosqueiras presentes, a trama não é tosca. Eu vejo apenas como "manchada", pois poderia ser perfeita, mas resolveram forçar algumas coisinhas completamente desnecessárias. Porém no geral lembra ambientações futurísticas sérias como Ghost in the Shell e Ergo Proxy. Então existe aquele gostinho de ver o que vem depois.

A mecânica do jogo me surpreendeu por ser realmente algo que evolui demais! Não é apenas "Parabéns, você ganhou um upgrade!". Você realmente se vê em uma outra realidade. Isso porque no começo a coisa é quase digna de Octodad, pois você tem o limite de carga do personagem e pode prender os pacotes pelo corpo, mas ele vai pesar mais mais pra onde tiver mais peso e tem o controle de equilíbrio.

Some isso com os terrenos que você vai passar e a energia do personagem limitada, e você realmente vai ver algo desafiador. Ficou super realista a movimentação, inclusive tropeçar e sair correndo pra frente, e você tentar colocar o analógico pra trás (joguei no controle) e segurar o botão do lado oposto ao que ele está caindo , ou ambos para ele tentar travar e parar de vez. Essa mecânica faz tornar realizador quando você finalmente chega ao topo de uma montanha, ou consegue descer de um lugar.

Isso te faz pensar em que equipamentos levar (cada um tem seus próprios pesos), onde prender eles. Te faz consultar o mapa pra ver por quais lugares você vai passar e onde certos itens podem ser úteis, ou onde deve evitar e como pegar certos atalhos pode mais complicar do que facilitar. E eu acho que é aqui que o povo que tinha expectativa odiou, pois é um jogo diferente e que começa diferente. Ele não te entrega tudo de primeira, ele entrega mecânicas próprias.

Nas primeiras horas de jogo é só história. A coisa não para, é uma narrativa constante. E leva várias horas para destravar certos elementos como combate, veículos, upgrades de personagem, certas construções. e assim vai. Mas é algo que você nota muito bem! Por exemplo, quando você pega os exoesqueletos de pernas, de repente você passa a não ligar pra passar correndo por um monte de pedras e saltar em um rio, mas no começo do jogo, esses lugares te fazem analisar muito bem e até usar o rastreador de terreno para identificar os melhores pontos para andar.

Os perigos do mundo são basicamente três. O primeiro são as chuvas quirais que são um verdadeiro inferno! Elas detonam com seu equipamento, detonam com sua carga e acabam de vez com os seus veículos. Quando o tempo começa a fechar, você já sabe que é melhor ficar ligado, pois cargas que exigem coisas do tipo "Menos de 50% de dano" podem virar só o bagaço!

O segundo perigo são os EP's, que você não os enxerga, mas o BB (o bebezinho que você carrega por aí em um vidro), é capaz de sentir eles e tem uma mãozinha mecânica que se levanta e aponta para onde tem, piscando cada vez mais rápido na medida em que você se aproxima. A princípio você só pode fugir deles, e se te pegarem, vira um bagulho realmente lovecraftiano, com um mar negro cobrindo o cenário, e uma baleia com tentáculos surgindo pra te matar.

O terceiro perigo são grupos de outras pessoas, os MULAS (ou Terroristas). Eles te detectam e te caçam. Roubam sua mercadoria ou te matam mesmo e se você estiver de veículo, fazem ataques à distância que podem danificar tanto o veículo quanto a carga. Você pode evitar os territórios deles ou usar stealth para invadir e recuperar cargas de outros jogadores e itens valiosos. Ou pode ir na porrada mesmo, inclusive usando os pacotes como armas, mas você pega armas de verdade depois.

Apesar de alguns descreverem o jogo como meramente tedioso, ele tem sequencias de ação fenomenais. Quando os EP's te pegam, é épica a coisa. Aquele monte de pessoas fantasmagóricas tentando te afogar e você correr, para então surgir aquela criatura horrível enorme e você tentar fugir. Na primeira vez que aconteceu eu desesperei. Simplesmente muito bom!

A trilha sonora é tão maravilhosa. Ela tem um toque triste que cai tão bem e em alguns momentos você termina de finalmente atravessar um lugar extremamente desgastante para então começar aquela música enquanto você vaga por um ambiente enorme e vê no horizonte o seu destino. É muito gostosa essa sensação de filme que passa.

É notável uma série de inspirações do jogo e é fácil ter a sensação de que já viu determinados elementos em algum lugar, indo desde coisas bem comuns de jogos japoneses clássicos e meio datadas como pontuação e classificação, que você vê em outros jogos complexos, tipo Deadly Premonition, até sistemas aperfeiçoados de outros jogos. Tipo os elementos online mesmo, que lembram bastante as mensagens de Dark Souls deixadas por outros jogadores.

Aliás, uma obra que o jogo me lembrou demais foi Evangelion, só que em uma "versão reversa", já que aqui não é uma criança submersa em um liquido lutando em conjunto com um robô gigante, mas sim um adulto que leva uma criança submersa em um liquido para lutar contra criaturas que são um mistério para a ciência. E inclusive o bebê pode entrar em coma durante a pancadaria, pois ele vai ficando apavorado e se a coisa ficar feia demais, ele desativa e você precisa levar ele a um centro para que o despertem.

Como você já deve saber, é um jogo lotado de atores famosos, então temos em destaque o Norman Reedus (O Daryl de The Walking Dead), mas também há várias outras pessoas famosas, incluindo Mads Mikkelsen (o Hannibal da série), o diretor Guillermo Del Toro, que assim como Reedus, vieram do projeto cancelado do Kojima, Silent Hills, e diversos atores famosos, incluindo também participações especiais como o mangaká Junji Ito. O jogo é dublado em português, mas em inglês a maioria usou a voz dos atores originais e captura de movimento, então um verdadeiro elenco de filme.
Enfim, eu achei Death Stranding um jogo fantástico. Não achei ele impecável, mas extremamente divertido e creio que boa parte das pessoas não gostou por ter uma expectativa de algo bem diferente ou simplesmente não ter paciência pra ir muito além. Mas acho que jogando sem esperar nada, fica difícil não ter uma bela de uma experiência gostosa. Ao meu ver vale muito a pena. Recomendo sempre dar uma olhadinha no preço dele na Greenman Gaming antes de comprar na loja direta, algumas vezes os preços deles estão bem abaixo do normal, e sempre lembre de olhar os cupons de desconto que eles espalham pelo site, que deixa a coisa mais barata ainda, dê uma conferida aqui.

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