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O Telefone Preto | Uma história sobrenatural de serial killer nos anos 70

Esse é um dos filmes que acabei descobrindo mais pelo falatório nas notícias do que qualquer outra coisa. Sempre com postagens falando sobre como o filme chamou a atenção do público e etc. Mas não fui a fundo pra ver as notícias, porém o interesse foi despertado pra assistir quando possível. E esse momento finalmente chegou! É hora da análise!

A história se passa em 1974, apresentando uma cidade que começa a sofrer com a presença de um sequestrador de crianças. Os irmãos Finney Shaw e Gwen Shaw não ligam muito para a coisa, até que Finney é sequestrado. No entanto ambos herdaram o dom psíquico da mãe, com o garoto podendo ouvir a voz de pessoas mortas e a garota sendo capaz de visualizar coisas em seus sonhos. E passam a usar isso para tentar se livrar da situação.
O roteiro acaba sendo um tanto diferenciado por apresentar dois tipos de história ao mesmo tempo e fazer isso de uma maneira elegante. Por um lado temos uma história de um sequestrador, que naturalmente gera as perguntas sobre o motivo e destino das crianças. Por outro, temos uma história sobre pessoas com poderes psíquicos, o que é abordado de forma super discreta, o que dá uma seriedade grande à coisa, não transformando apenas em outro filme de super herói.

Eu não tinha a mínima ideia de que esse filme se passava nos anos 70, e foi uma verdadeira surpresa. Isso deu uma elegância automática ao filme, especialmente porque o terror é o patinho feio do cinema. Diferente de outros gêneros, esse é o único que faz pessoas deixarem de assistir porque "Não podem", já que alguns são mais sensíveis a pesadelos, outros não atingiram a idade mínima e tem aqueles que só não gostam de levar sustos. Sendo assim, é um gênero que as obras têm tendências a serem baratas.
É por isso que vemos tantos filmes de terror vagabundos com locações baratas, tipos os jovens na floresta e a casa assombrada. Locais que não precisam gastar muita grana. Usar muita grana pra fazer uma ambientação inteira nova é se arriscar. Afinal de contas nem todos são como It: A Coisa, com o nome do Stephen King pra dar um tunada e um marketing monstruoso.

Então eu fiquei surpreso ao ver que os caras realmente fizeram uma ambientação super bem feita, com carros, roupas e tudo quanto é detalhe que passa bem a sensação de ser algo na década de 70. E logo vi que o filme por completo teve uma produção de luxo. Foi algo muito bem detalhado não apenas na ambientação, mas na produção geral, com ótima narrativa, atores mirins convincentes pra caramba e a obra como um todo. O que me fez perceber de primeira o que tava chamando a atenção.
A atmosfera é uma das coisas que mais gostei. Nos primeiros momentos me passou muito aquela sensação crepuscular, com uma história sobre crianças em um fim de tarde misterioso em que o perigo ronda e pode levar qualquer um. De certa forma me lembrou o que eu costumava sentir quando lia os livros de Goosebumps.
 
Isso acaba se intensificando pelos breves momentos de ambiente escolar que são colocados, com destaque para o bully que o protagonista sofre na escola. Algo que não dá pra negar que é clichê, mas que foi conduzido de uma forma agradável, como se fosse uma pequena subtrama rápida apresentada pra dar um tempero a mais à coisa.
Mas depois, o clima se torna bem mais noturno, com o garoto em um porão escuro e as técnicas usadas pelo diretor ficaram maravilhosas. Existe muito foco na escuridão e solidão do garoto, mas com aquela constante sensação de que tem assombrações no lugar. Só tem um colchão e um telefone preto com fio cortado. Mas então ele começa a  tocar... É algo que gera uma tensão intrigante e que a curiosidade naturalmente prende muito.

Por outro lado é mostrada simultaneamente a história da irmã em desespero, tentando recorrer a seus sonhos, coisa que sempre foi desincentivada por seu pai abusivo que dizia que a mãe "louca" das crianças caiu na perdição exatamente por causa desses delírios sobre sonhos. Mas, com a situação, a garota passa a tentar fazer algo, procurando respostas.
E claro, essa atmosfera toda com certeza só consegue ser transmitida, em  parte por causa da fotografia. Existiu uma época em que essas adaptações em décadas passadas sempre pareciam muito falsas. Mas aqui temos algo realmente bonito, elegante. Uma fotografia de filme estiloso que em uma passada de olho rápida dá pra facilmente dizer que é uma super produção (Inclusive me surpreendi quando descobri que não era).

Como parte da fotografia, criaram momentos medonhos fantásticos. Um exemplo é uma parte em que o sequestrador está sentado com sua máscara de demônio e você não sabe se ele está dormindo ou acordado, mas o garoto precisa passar ao lado. Ficou um enquadramento perfeito pra dar o frio na barriga! Em diversos momentos também são usados efeitos de luz e sombra no porão pra atmosfera ficar mais pesada.
No geral achei os atores decentes e transmitem algo elegante e adequado, talvez por serem realmente bons, talvez pela produção ser elegante demais pra abrir espaço pra tosqueira. Mas se teve uma atriz que sem dúvidas mostrou talento pra valer mesmo, foi a Madeleine McGraw, que interpreta a irmã. Me impressionou pra caramba! A garota convence demaiiiis e se joga muito na hora de interpretar a personagem. Quando forem assistir, prestem atenção na cena que ela apanha do pai, toda a linguagem corporal usada é cabulosa e torna a briga extremamente realista.

Enquanto assistia, eu logo percebi que tinha uma coisa um tanto peculiar nesse filme... Me lembrava o estilo de alguém. Do Stephen King... Esse negócio de se passar em décadas passadas e de alguém com poderes, me lembraram facilmente obras como A Incendiária e Carrie, a Estranha. Inclusive, acho que se Doutor Sono fosse mais discreto desse jeito, poderia ser uma obra prima.
Então imaginem a minha surpresa quando terminei e fui ler um pouco para descobrir que a coisa foi baseada em um conto publicado em 2004 quem escreveu foi ninguém menos do que o Joe Hill? Que fez Campo do Medo e é filho do Stephen King. Isso me passou muito a sensação de que ele herdou bem algumas características do pai. Aliás, foi lançado no Brasil o livro "O Telefone Preto e outras histórias".
 
Agora um verdadeiro milagre que acho que foi feito aqui, foi o orçamento. Eu perguntei para meu amigo quanto ele achou que tinha  custado esse filme, e ele disse 70 milhões de dólares. No meu caso, eu acho que chutaria 50 milhões de dólares, mas se fosse 70 eu não me surpreenderia porque ambientação convincente é caro demais. Então imagina como meu queixo não caiu ao ver que custou apenas 18,8 milhões?

Os caras fizeram um verdadeiro milagre! Eu sei que a Blumhouse Productions tem seus contatos e os anos de experiência com certeza facilitaram algumas coisas, mas isso foi barato demais! Invocação do Mal 2, que é quase todo em uma casa custou 40 milhões de dólares! Então eu não faço ideia de como os caras conseguiram fazer o que fizeram com um orçamento tão baixo.

Originalmente lançado como "The Black Phone", o longa foi lançado em 2022 e dirigido pelo Scott Derrickson, que apesar de ser conhecidos por muitos como o diretor de "Doutor Estranho", esteve muitíssimo envolvido no mundo do terror ao longo de sua carreira. Dirigiu o fenomenal Hellraiser Inferno e o clássico "O Exorcismo de Emily Rose", além de estar envolvido em produções de filmes como A Entidade.

Enfim, tá aí um filme de terror que eu gostaria muito que tivessem mais desse tipo. É algo elegante e muito gostoso de se assistir em uma sexta à noite com os amigos. É uma pena que a maioria dos filmes de terror costuma recorrer mais à bagaceira. E vendo o orçamento desse, penso no quanto poderíamos ter muito mais coisas boas. Recomendado!

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