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O Homem do Norte | Filme viking do diretor de "A Bruxa" e "O Farol"

Assumo que eu não estava com uma expectativa muito grande em relação a esse filme. Parecia ser legal pra caramba e muito denso, mas não me causou a provocação que os filmes que vi anteriormente do Robert Eggers causaram. Isso porque enquanto os outros pareciam únicos, esse parecia grandioso e divertido, com um clima intenso além do que se vê em obras medievais padrões, mas não tão único. Ainda assim, com certeza atraente demais, e claro que adicionei à lista pra assistir em algum momento e esse momento finalmente chegou.

Aqui temos a história de Amleth, um guerreiro viking berserker que é carregado por uma forte sede de vingança. Quando criança, foi o príncipe de um reino, mas viu seu tio  bastardo, Fjölnir, trair seu pai, rei Aurvandill e assassiná-lo para tomar o reino, sequestrando a rainha Gudrún e apenas deixando o garoto viver porque o responsável por assassiná-lo falhou na missão e mentiu sobre o garoto estar morto.
O diretor Robert Eggers já mostrou que gosta de usar uma base cultural para suas obras. Em "A Bruxa" ele criou um universo baseado nas crenças das pessoas daquela época e medos, por mais bobos que fossem, tentando transmitir o sentido de um mero bode poder ser assustador para o povo daquele tempo. Já em "O Farol", a coisa foi inspirada em registros e diários de faroleiros do fim do século XIX, com a solidão e paranoia. Com "The Northman", a coisa não foi diferente e também teve uma base.

A diferença é que aqui a história já veio pronta, inspirada na lenda de um personagem nórdico conhecido como Amleto, que serviu de inspiração para inúmeras obras dos tempos modernos e por isso a sua história parece tão clichê e familiar, porque ela é a fonte de várias outras, como a própria "The Last Kingdom", que apesar de ser uma série viking baseada em livros, os livros puxam a coisa dali. Mas sem sombra de dúvidas a obra mais conhecida que influenciou foi Hamlet, the William Shakespeare, portanto o nome não é coincidência.
No entanto, talvez o fato da história estar pronta, isso teve uma certa limitação artística. O mesmo em relação à grandiosidade do projeto, o que chega a ser meio irônico, já que normalmente, quanto mais caro, mais ambicioso algo pode ser. Isso porque muita grana não vem do nada, e os produtores pelo jeito meteram o dedo demais. Em entrevista, Robert Eggers comentou:

“Francamente, acho que não vou fazer isso de novo. Mesmo que isso signifique, tipo, não fazer um filme tão grande nunca mais. E, a propósito, eu gostaria sim de fazer um filme tão grande. Eu gostaria de fazer um ainda maior. Mas, sem controle, não sei. É muito difícil para a minha pessoa.”
Pra vocês terem uma ideia da diferença, "A Bruxa" custou apenas 4 milhões de dólares, que pode parecer muito, mas pra um grande filme, é uma miséria Pra você ter ideia, Robert Downey Jr. ganhou 500 mil dólares no primeiro "Homem de Ferro", já em "Homem de Ferro 2" esse salário aumentou pra 10 milhões de dólares. Em Homem de Ferro 3, o salário era 75 milhões! Claro, estamos falando de um ator de popularidade cabulosa, mas o que quero dizer é que não é surpresa algumas dezenas de milhares de dólares ser só o salário de UM ator, e somando toda uma produção, 4 milhões é fácil, tendo que economizar em tudo.

Já "O Farol", deu uma bela de uma aumentada, já vimos atores mais famosos, como o Willem Dafoe, o Duende Verde de "Homem-Aranha", e Robert Pattinson, o Edward da saga "Crepúsculo". E o orçamento mais do que dobrou, indo para 11 milhões de dólares, que ainda assim é um filme de baixo orçamento.
Agora "O Homem do Norte", a coisa foi para o nível de super produção real, com grana pra dar uma liberdade incrível à imaginação dos responsáveis. Custou 90 milhões de dólares, garantindo assim uma verdadeira saga épica. E claro que, apesar de não ter me causado uma super empolgação pelo fato da temática viking em si não ser algo muito diferente como os filmes anteriores, entrou automaticamente para a minha lista de longas-metragens pra ver obrigatoriamente.

Infelizmente tenho que dizer que me decepcionei com o filme. Não pela qualidade, a verdade é que ele é fantástico demais e definitivamente uma obra magnífica e que causa satisfação. O problema foi realmente o legado do diretor. Isso porque ele tinha apresentado filmes ÚNICOS e não apenas filmes muito bons. E assim o que eu esperava era ver um irmão de "A lenda do Cavaleiro Verde".
Sim, eu sei que muitos deram graças a deus por não ser um filme naquele estilo, e eu entendo perfeitamente. Mas é que a decepção foi mais pelo fato de que o cara tinha moldado o seu estilo, e se esse fosse algo no estilo "A lenda do Cavaleiro Verde", acredito que manteria esse padrão. Lembrando que muita gente também desce o pau em "A Bruxa" e especialmente em "O Farol", então acho que descerem o pau nesse também seria normal, mas ao menos teria esse toque dele.

Além disso também tiveram elementos que não me agradaram independente de quem foi o diretor, mas que em qualquer outra obra eu acharia bem tosquinho. A primeira foi a quantidade de Deus ex machina, que são aquelas soluções extremamente fáceis aplicadas em algo para se livrar de um problema e que acaba fazendo uma obra parecer meio preguiçosa.
Um exemplo é quando matam o pai do moleque, que ele corre pra trás de uma pedra uns 50 metros de distância, assiste tudo, e ninguém nem pensa em ir atrás dele. Depois disso uma penca de homens a cavalo é colocada atrás dele, e só então é que ele resolve correr, sendo visto por apenas um, e facilmente se livrando.

Outras coisas como o protagonista conhecer a personagem Olga em um barco, e antes de serem vendidos como escravo, o dono do lugar, que antes dispensou todo mundo, pegou o protagonista, o que é OK, já que ele provou, mas também pegou exatamente Olga e outros. Acho que dava pra facilmente resolver isso, colocando eles pra se conhecerem só depois que fossem comprado e não antes.
Meu amigo fala que dá pra dar uma colher de chá, já que era uma história pronta, então talvez tenham seguido à risca. E é verdade, talvez a quantidade enorme de soluções fáceis tenha essa explicação, mas vendo "A Lenda do Cavaleiro Verde", que também é baseada em um conto medieval, vejo que lá os caras conseguiram fazer sem deixar toda essa sensação de simplicidade.

Também não gostei muito das cenas de ação não... Em obras como "Vikings", vemos sequências de ação bem frenéticas e impressionantes. E aqui temos uma cena de invasão que com certeza é grandiosa, no entanto a maioria das cenas são focadas só no combate do Alexander Skarsgård, e achei elas realmente lentas. Normalmente nesse tipo de cena é comum acelerarem um pouco na pós produção, pra dar uma sensação de velocidade, mas parece que não fizeram isso aqui.
O resultado foi que em diversos momentos eu tive uma sensação meio "power rangers", em que outros inimigos pareciam só observar o protagonista sentar o cacete em algum infeliz. Mas tudo tinha um clima de lentidão. Acho que se na pós-produção tivessem dado essa acelerada comum, iria ficar mais agradável. 
 
Por outro lado, talvez a desculpa seja exatamente para diferenciar e apresentar a coisa de forma mais natural, mas se for esse o caso, não dá pra dizer que tá muito natural a demora não... O ator dá cacetadas em inimigos no chão, mas a sensação de falta de impacto é bem clara. E não creio nem que seja culpa do ator, já que dá pra notar que ele é fantástico ao ver o quanto são duas pessoas completamente diferentes com o seu papel como Eric Northman em True Blood.
Mas bom... Apesar de eu ter descido o cacete, saibam que o filme na verdade é muito bom, e eu só realmente apontei esses detalhes, porque quando penso em Robert Eggers, eu não quero apenas um filme muito legal que vai me divertir bastante, mas sim um filme único. Por isso acabo pegando mais pesado, porém no geral é um filme muito divertido.

Não dá pra negar que a fotografia é completamente maravilhosa, com aquela coloração acinzentada e ainda assim ambientes belíssimos. Todo aquele gelo e um toque de lugares abandonados e devastados sempre estão presentes, mas ainda assim você pode ver também toda a beleza e grandiosidade da natureza.
O filme apresenta um toque que deixa aberto à interpretação, com acontecimentos que assim como podem ser vistos como coisas que aconteceram mesmo, tipo a presença do personagem em frente e bruxos, também pode perfeitamente ser interpretado meramente como algo simbólico, que não realmente rolou, e que é como prefiro ver. Mas dá pra encaixar perfeitamente como uma obra do gênero Dark Fantasy.

Gostei muito também de como colocaram uma forte sensação de traição presente. É um tipo de emoção que carrega o filme, sendo parte de sua essência e que no final das contas acaba caindo muito bem. Dá pra ver que a produção pensou bem na hora de fazer a coisa de uma forma que consiga passar para o espectador a coisa, mesmo sendo uma trama previsível por já ter sido utilizada inúmeras vezes e já vermos algo do tipo desde a infância, tipo em "O Rei Leão".

Enfim, "O Homem do Norte" é um filme muito bom, consegue deixar aquela sensação de satisfação, mas carregou o estigma de seu diretor para queles que já conheciam e admiravam o trabalho do cara. Por outro lado, para alguém que não espera nada, ou mesmo que acha "O Farol" e "A Bruxa" um saco, talvez seja um filme bem fantástico. Recomendo!

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