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Miracleman | Obra prima perturbadora esquecida no tempo

Sabem, esses dias eu passei por umas situações de merda... Uma emoção de profunda dor e uma esperança de que algo no universo seja mais grandioso e um dia venha acalmar todas as nossas almas. Talvez seja uma mistura de emoções profundas que tenha inspirado tão cabulosamente Alan Moore a escrever Miracleman em 1982 e apresentar um conceito revolucionário sendo absolutamente tocante no coração e ao mesmo tempo perturbador, explorando a beleza e o horror do coração humano.

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Sabem, eu lidei com a morte muito cedo. Meu irmão morreu quando eu tinha 10 anos, ele tinha 6 anos e eu nem sei dizer qual foi a sensação pra falar a verdade, mas acredito que tenha sido um dos elementos base da minha personalidade. Lembro de não chorar imediatamente, eu fiquei em choque, forçava porque sabia que precisava chorar, mas simplesmente não saia nada. Porém depois veio o peso, a sensação de perda e de que ele não estava mais ali e sempre esteve.

Talvez isso senha algo que tenha dificultado minhas relações com outras pessoas. Conheço muita gente, converso com muita gente, mas tenho dificuldade em ter relações mais profundas. Eu vejo que muita gente que conheço tem potencial para serem muito mais, porém sou meio travado em ir além. E sinto que a maioria das pessoas nem sabe o que é ter um amigo de verdade, e por isso se contentam com isso mesmo.

Noto que a maioria das pessoas não tem algo que chegue nem perto de um melhor amigo, e os amigos que tem, bom... Na verdade são pessoas bacanas e divertidas sim, boas pessoas, mas que estão apenas acumuladas para um pouco de calor humano. No fim, assim que as coisas mudarem, seja um relacionamento, uma mudança de casa ou uma alteração na rotina, não vão fazer a mínima questão de tentar continuar próximas, só vão sumir. Não porque sejam malvadas, mas porque não tem essa ligação tão especial que a minoria tem com alguém.

E eu sei que tem pessoas que tem personalidades que se encaixam tão bem que tem potencial para evoluir uma amizade para algo realmente especial, alguém que se preocupa, que liga. E o fato de não ser relacionamento amoroso, é algo que torna a coisa realmente especial por não ter uma interferência química rolando ali, ser apenas o respeito e afeição.

Mas esse tipo de coisa requer esforço imenso de uma das partes, pois normalmente a outra não vai estar ligando tanto, pois não é acostumada, ou não tem a visão desse potencial de criar algo maravilhoso. Como quase ninguém é assim, normalmente simplesmente não acontece e assim se tem um monte de gente com potencial de ter conhecidos fenomenais, mas que não estão dispostos a ir adiante.

Eu sempre pensei sobre isso, conexões, pessoas, amor (não de casal), etc... A importância e a falta que pessoas podem fazer. E como a morte é capaz de despertar dores imensas, como algumas pessoas só veem o quanto outras eram especiais quando finalmente elas morrem. E com esse pensamento tento valorizar muito aqueles que considero especiais pra mim, pois não vejo apenas como diversão momentânea.

E assim minha mãe, meu melhor amigo e meu gato são as três criaturas que sempre procurei fazer uma demonstração forte de amor. Infelizmente nunca consegui me expressar de uma maneira que fosse satisfatória pra mim e que cause algum alívio com a ideia de morte. Me sinto incapaz de saber que alguém que amo morreu e que fiz o bastante.

Minha mãe é uma mulher casca grossa demais, nunca gostou de beijos ou abraços. Sempre demonstrou carinho de formas diferentes. Com preocupação, deixando as coisas preparadas pra mim, ligando, etc... Eu por outro lado tento demonstrar o quanto gosto dela abraçando, beijando, sempre fazendo questão de dizer "Obrigado" por tudo que ela faz pra mim. Nunca consegui me comunicar direito com ela, acaba sendo o jeito, mas tento fazer ela sentir que sou grato por tudo.

Meu melhor amigo é um tesouro que consegui após muitos anos, uma pessoa com quem me conecto. É pra quem eu falo as novidades no fim do dia e ele faz o mesmo, pra quem desabafo, pra quem falo meus planos e é com quem sorrio e sei que as besteiras que falo vão ser compreendidas. É alguém que eu falo "Eu te amo" (Sem ser romance homossexual) e que procuro sempre mostrar pra ele o carinho que sinto e que fico feliz em perceber que ele sente o mesmo. Sou um sortudo, pois tenho um melhor amigo que não é apenas um título, mas alguém que eu de fato sinto que estamos conectados.

E meu gato é uma criatura que não pedi para ter, não quis ter, mas acabei me tornando o dono e que me encantou com o amor demonstrado. Inclusive tive um gato antes e ele era completamente diferente. Mas esse fazia questão de estar no meu colo, miava alto quando eu fechava a porta, corria quando eu chamava o nome, algo completamente diferente e que me encantou e que me fez sentir que não mereço um amor assim, pois nunca consegui estar tão presente quanto ele queria. Mas sempre o abracei, beijei, ficava deitado olhando pra ele. Um carinho diferente.

Talvez graças à morte do meu irmão o valor dado a esses três seja imenso e o medo da perda ainda maior. Eu vivi a morte desses três um milhão de vezes, seja sempre falando pra minha mãe me ligar e tomar cuidado, seja pedindo para meu melhor amigo olhar para os lados quando atravessar a rua (igual uma mãe haha), ou as minhas declarações de amor pro meu gato Bill, sobre como ele era especial e quanto me sentia sortudo. Sei que ele não entendia, mas eu precisava falar.

E bom... O Bill acabou morrendo... Eu já o tinha visto morrer sem parar, meus medos sempre foram imensos. Infelizmente isso não me deixou pronto e despertou pensamentos fortes que às vezes vem. Algo sobre nossa realidade, sobre a vida e o universo, sobre o pequeno brilho que é a vida aqui e como vai rápido, de repente desaparece.

Vez ou outra tenho esses pensamentos estranhos, esse medo, tristeza, raiva, amor... Porque o universo é tão gigantesco e estamos tão conectados a ele. Às vezes nos sentimos o centro, um minuto somos as estrelas, e aí notamos o grande escuro lá em cima e que não somos nada. E como mesmo amando demais alguém ou algo, isso só vai desaparecer em um piscar de olhos.

Sempre tive pena do Bill e como ele podia sofrer, imaginava as possibilidades de morte. Veneno de vizinhos cruéis, atropelamento, pessoas sádicas cortando rabo e patas... Sempre imaginei o horror de encontrar meu bichinho assim morto. E isso sempre me fez ter vontade de pegá-lo e guardar dentro de mim, seguro, sem precisar sofrer a existência.

O mundo é maravilhoso, o universo é maravilhoso e amar algo é maravilhoso, mas é inevitável acabar e a dor da perda é tão intensa... O horror de ver aquela coisa maravilhosa ir pra sempre e nunca mais voltar. Isso gera o medo e faz pensar se vale a pena, também desperta várias outros aspectos como covardia, a vontade de ir primeiro pra não ter que sofrer, ou o desespero e anseio pra ir por último, talvez por medo da morte, talvez pra não querer que o que você ama sofra.

Talvez pensamentos obscuros assim envolvendo o mais belo e o mais podre da mente humana e sua conexão com o universo seja o que fez nascer a versão de Miracleman criada por Alan Moore. Um super herói que descobri por acaso quando fazia a matéria de Brightburn e que me impressionou absurdamente, conseguindo mexer demais com minhas emoções e tornar talvez a série em quadrinhos de super heróis mais tocante que já vi na vida.

Bom, essa é uma história que na verdade começa muito antes de Alan Moore nascer, o que de certa forma acaba sendo um tanto poético, pois tem absolutamente tudo a ver essa passagem no tempo e transformação cabulosa, assim como a ideia de algo extremamente sério que se disfarçou de ingênuo e novamente ficou sério de novo.

Bom, tudo começou com o conceito de Übermensch, apresentado pelo filósofo alemão Friedrich Nietzsche, no livro Assim Falou Zaratustra, de 1883, que apresenta um homem que se torna acima da humanidade para guiá-la. Essa ideia foi usada para criar a primeira versão do Super Homem, em 1932, que por sua vez deu origem à versão que conhecemos em 1938.

A publicação das histórias do Homem de Aço foi um estouro. A ideia de super herói deixou as crianças loucas e vendeu feito água. Naturalmente tudo que vende feito água acaba atraindo os olhos das concorrentes. Sendo assim teve uma super lotação de super heróis, uma penca de clones do Super Man.

E em 1940 veio o Capitão Marvel (Que hoje conhecemos como Shazam), só que esse herói era inovador demais. A ideia de que era um garoto que virava um herói fez com que as crianças se identificassem. Além disso sua história era muito mais complexa, com poderes vindo de seis deuses diferentes e toda uma trama mais bem elaborada. As crianças gritavam "Shazam!" na rua, brincando de se transformar.

O resultado disso é que ele não apenas se destacou, mas ultrapassou a popularidade do Superman. A coisa ficou tão grande que editoras do mundo inteiro começaram a importar as histórias do Capitão Marvel, inclusive o nosso Brasil. E o resultado é que em meio a uma legião de clones, a DC decidiu processar logo o mais popular, pois dizia ser o clone principal.

A editora britânica L. Miller and Son estava se dando muito bem, pois as aventuras do Capitão Marvel estavam vendendo feito água por lá. Porém em 1953 recebeu um verdadeiro soco no estômago quando a Fawcett Comics finalmente desistiu de lutar na justiça e parou de publicar os quadrinhos do personagem.

Em desespero eles colocaram o quadrinista Mick Anglo para criar uma alternativa. E assim ele apresentou a cópia mais vagabunda possível. Um garoto chamado Michael Moran, que ao gritar a palavra mágica Kimota (Atomik ao contrário), se transforma em Marvelman, um adulto super musculoso. E tem a ajuda da Marvelman Family (O Shazam tem a Marvel Family).

Ou seja, uma verdadeira desgraça! Um herói super vagabundo, clone descarado e que facilmente poderia tomar um processo se a Fawcett Comics já não tivesse tido dor de cabeça o suficiente com a DC. Mas não tinha ninguém pra detê-la né? E assim foram feitas várias aventuras do Marvelman. Não foi um desastre, gerou umas vendas, mas não era como o Capitão Marvel. E assim durou por uma década até que em 1963 o personagem foi abandonado.

Muitos anos passaram e no começo dos anos 80, Alan Moore que era desconhecido, foi chamado para fazer um trabalho ousado. Recriar a origem de Marvelman, coisa que hoje em dia se tem de montão. Quantos personagens já não tiveram suas origens recontadas né? Porém eram os anos 80, um mundo diferente, um pensamento diferente.

E nesse ponto você tem que colocar em mente que é mesmo um outro mundo e uma outra visão das pessoas. Nessa época quadrinhos eram coisas de crianças no geral, era aquela coisa mais bobinha, mas animadinha e ingênua. Foi sim nessa época que surgiram obras sombrias como O Cavaleiro das Trevas e Watchmen. Mas eles vieram depois, e muito provavelmente não teriam existido se não fosse por Marvelman.

A forma com que Alan Moore reconstruiu esse personagem não foi apenas maravilhosa, foi genial e diferente até para os dias modernos. Isso porque se você parar pra pensar, é fácil ver personagens infantis e sua origem refeita de forma sombria, jogos como The Path, que mostra uma chapéuzinho vermelho das trevas ou a HQ Fábulas, que tudo quanto é personagem infantil tem um toque mais adulto.

No entanto algo comum nessas histórias, é que destroem completamente a original. Porém imagine se pegassem a história original, com toda a ingenuidade e conseguirem fazer uma trama nova pesadona sem descartar. Difícil né? Pois foi exatamente isso que o Alan Moore fez. Ele conseguiu pegar toda a tosqueira dos anos 50, de um super herói barato pra caramba, manter as histórias exatamente como aconteceram e ainda colocar um sentido profundo, transformando em uma obra para o público adulto com toque perturbador.

Assim surgiu Miracleman, com o nome modificado porque nessa época a Marvel já era forte e também já tinha o Capitão Marvel dela, e assim preferiram modificar o nome para evitar qualquer complicação. Mas no geral o mesmo visual, a mesma logo. As alterações foram mínimas, como a Família Marvelman virou a Família Miracleman, mas de resto é o mesmo.

Miracleman do Alan Moore tem 16 edições que contam uma história completa do começo ao fim de forma extremamente robusta. Porém depois acabou recebendo oito edições extras que foram assumidas pelo Neil Gaiman. Essa postagem é focada na parte do Alan Moore  apenas, pois acho que é uma obra perfeita e completa, de um nível de delicadeza surreal e que não consigo imaginar outra fonte de inspiração que não fortes sentimentos do autor, pois você pode sentir com uma intensidade absurda o que as cenas querem passar.

Nessa sequencia das histórias dos anos 50, Michael Moran é apresentado diferente. Não é mais um jovem, é um homem confuso de quarenta e poucos homens, com barriguinha, muito cansado. Sofre com pesadelos horríveis e tem uma dor de cabeça insuportável que o ataca com uma certa frequência. Ele é casado e recebe apoio de sua mulher, mas se sente um verdadeiro fracassado.

Até que ele descobre algo que estava reprimido em sua mente, algo que ele não lembrava e é absurdamente ridículo. Ele lembra que em sua infância foi um super herói, participou de aventuras com mais dois amigos, ganhou poderes de uma entidade misteriosa que apareceu do nada e usava uma roupa colada constrangedora.

Esse é o ponto de início da história, e algo que é muito curioso aqui, é o fato de que esse mundo apresentado é igual ao nosso. Não existem super heróis ou super vilões, é uma versão normal dos anos 80, com pessoas fazendo coisas normais. Não é um ambiente mágico cheio de super  criminosos e que todo mundo acha normal seres voadores.

Com essa ambientação, Alan Moore já deu um passo extremamente à sua frente, pois pegou aquelas tramas tão fantasiosas e criou um "E se..." colocando em nosso mundo e apresentando reações que uma pessoa normal realmente teria com isso. E aqui nós já vemos o quanto outras obras sugaram dessa fonte. O próprio Superman Identidade Secreta usa esse conceito e atmosfera.

Então essa ideia de identidade secreta do personagem tem um clima muito mais pesado aqui.  Ele tem medo por sua esposa, pelo o que pode acontecer com ela, e também a relação dos dois começa a ficar extremamente estranha. Os problemas familiares são abordados aqui de uma forma que você sente bem o que ambos estão sentindo. O horror que toma conta dela, e o peso na consciência dele por algo que não é culpa de nenhum.

As pessoas do resto do mundo então, elas veem as situações com um horror imenso. Os combates do personagem não são o foco dos quadrinhos, na verdade tem muito poucas lutas. A ideia é mais de um homem lidando com o peso de ter um poder indescritível e ter que lidar com isso em relação ao resto do mundo.

Mas quando tem combates, eles não são bonitinhos, não são do tipo que vemos por aí, em que heróis destroem tudo, causam um caos lotado de explosão e no final eles não mataram ninguém. Os combates são extremamente violentos e enquanto acontecem, o povo ao redor vai morrendo esmagado mesmo.

Você nota que Miracleman é um personagem bastante humano e sua evolução. A história é dividida em três "livros", sendo que cada um mostra o crescimento do personagem. Primeiro alguém completamente perdido e com lembranças de algo bobo demais, porém vendo claramente que é real e que é capaz de fazer tudo aquilo. Depois um personagem que percebe que no mundo real, as coisas não funcionam como nos quadrinhos e que se não matar os inimigos, eles simplesmente não vão parar magicamente. E por fim o livro 3 que mostra uma evolução a outro nível e um personagem absurdamente complexo pela sua construção tão bem feita.

As misturas de emoções são enormes, no primeiro livro achei meio perturbadora a coisa. Existem toques do gênero biopunk, que é naturalmente meio perturbador e me lembrou um pouco Akira, com a ideia de alguém que tem que aprender a lidar com os poderes. Mas especialmente Genocyber, pela ideia de uma pessoa boa sofrendo uma pressão absurda.

Aliás, acho que o livro 1 tem muito toque de perturbação geral, a sensação de traição presente é muito forte. A ideia de corrupção de um super ser e o caos que ele pode causar. Como pode rolar uma transformação cabulosa em alguém que um dia foi muito bom e de repente se vê em um ambiente em que todos são tão mais fracos, que a maior dificuldade é continuar sendo bom.

O livro 2 já é algo mais ligado à beleza, o amor e o medo da perda. A conexão entre o personagem e sua família e como aquilo está por um fio, como pode surgir algo maravilhoso, mas ao mesmo tempo pode acabar do nada tão repentinamente. Como ele é diferente de sua esposa, tão mais poderoso e invulnerável. Porém é mostrado o quanto alguém invulnerável pode acabar vendo seu mundo virar do nada e se tornar a pessoa mais vulnerável do mundo, tendo que repentinamente sofrer o horror.

Já no livro 3 é uma coisa que te faz sonhar e pensar no quanto poderia ter algo que nos salvasse. Nessa parte você nota bem a ideia de Übermensch aplicada. Como o personagem precisa evoluir por estar além de um humano. Acho que as sensações devem ser variadas dependendo de quem lê, o próprio personagem se refere a si como um "Deus" e isso pode ser perturbador pra alguns, mas bem adequado para outros.

Aqui rolam conceitos  que vemos em filmes como Trascedence e Lucy, com aquela ideia de que um ser evolui tanto, que passa a perder o sentido a ideia de viver como um humano. Aliás, eu acho que muito de Watchmen surgiu em Miracleman viu? Essa ideia de super heróis no mundo real e o conceito de um super ser se tornando grandioso demais para se prender ao conceito padrão de humanidade.

Apesar de tudo, o que temos aqui não é um Doutor Manhattan, é uma criatura que apesar de tudo tem sentimentos e tem sua humanidade, mas está deslocada demais dela pra se limitar a isso e apenas ver humanos se destruindo sem fazer nada apenas para se adequar a essas leis. Você percebe um super humano que quer amar humanos, mas ao mesmo tempo precisa ver além disso.

Essa última parte é carregada de uma sensação de carinho e acolhimento que é uma das partes que mas me faz sentir que Alan Moore criou essa obra à partir dos próprios sentimentos. Inclusive a própria narrativa fica um tanto mais poética aqui. E novamente é o que me fez introduzir essa matéria falando sobre sentimentos.

Inclusive tem algumas partes que ele cita algo do tipo "Eu trouxe fantasia, trouxe magia, imaginação, levei a humanidade a outro nível". E sabem, mostrando o que é mostrado, a conexão com o universo e a ideia de vida e morte e amor, isso não teve como não me fazer pensar bem nos meus próprios sentimentos e nas conexões que temos com tudo e na ideia de pequenas coisas, o medo da perda e o anseio imenso por sermos salvos.

Sabem, quando eu recebi a ligação de que o Bill tinha morrido, eu não quis ver o corpo, não aguentei isso. Quando meu irmão morreu eu não quis ir ao velório, quando uma prima que amava demais morreu eu não quis ir. Eu simplesmente não consigo, não aguento ver alguém que amo sem vida, acho isso demais. E assim eu paguei pro veterinário fazer alguma coisa, mas não tenho muito dinheiro e ele sugeriu uma cremação em grupo.

Eu nunca tinha ouvido falar disso, mas é uma cremação em que vários animais que morreram são pegos e colocados juntos para cremar, não há cinzas para o dono (Não que eu quisesse). E eu escolhi essa, mas fiquei pensativo sobre isso. Sobre vários bichinhos de estimação juntos, e como todo mundo pagou pra ter o seu ali, e como o fato de que pra alguém pagar ao invés de jogar o corpo no lixo, significa que alguém amou aquelas criaturas.

A única coisa que consegui pensar sobre isso, é que as cinzas que estavam surgindo ali eram de algo mágico mesmo,  de algo que tinha gerado muita felicidade para pessoas variadas. Aquele monte de bichinhos juntos ali, todos sem vida, sem sofrer mais, apenas corpos voltando a virar poeira cósmica e deixando uma saudade imensa pra trás.

É estranho que quando senti isso, só consegui ficar lembrando das páginas de Miracleman sobre trazer fantasia ao mundo real. E em como nos anos 80 certos conceitos pareciam ser tão fantásticos quanto nas páginas de outras histórias em quadrinhos. Mas que com o passar dos anos e a evolução, nós cada vez mais entramos na fantasia.

Tem coisas que realmente fiquei maravilhado no livro 3, como aquela ideia de uma pessoa morrer e o seu corpo ser colocado dentro de uma máquina, coisa que se popularizou bastante em Black Mirror, mas que já existia há bastante tempo como em Neuromancer (De 1984), mas que ainda assim foi incrível ver.

São também abordados diversos elementos interessantes, como por exemplo a reação da religião se de repente um super ser surgisse no mundo, ou como os políticos reagiriam, e até mesmo os protestos de grupos completamente inusitados. Os tipos de revoltas, a gritaria e o caos natural que se vai ter independente do que aconteça.

Apesar de quadrinhos adultos serem bem comuns hoje em dia, fico pensando em como não deve ter chocado na época, especialmente porque uma coisa é começar a deixar quadrinhos mais adultos, outra é uma mudança radical de pegar um mundo onde crianças são as consumidoras e apresentar tudo quanto é tipo de coisas capazes de enlouquecer os pais.

As coisas variam em seu nível de ser chocante, não é só a violência, é a presença de tabus. Por exemplo tem homossexualidade (se hoje o povo ainda surta, imagina  em uma HQ em 82 né?), estupro, infanticídio, horror psicológico, orgia e muitas outras coisas nada adequadas para crianças. Na real eu nem sei pra quem foi o público alvo dessa HQ com os temas adultos presentes, mas na edição 9 tem escrito "Alerta aos pais" na capa, pra avisar que nessa edição tem uma sequência completa de um parto, mostrando a vagina da mulher e a criança saindo, tudo muito detalhadamente e bem de perto. Ou seja... Era uma HQ pra crianças? Foi bem estranho isso.

Enfim,  Miracleman é uma das HQ's mais intensas que já li na vida e provavelmente a mais profunda em questão de sentimentos. É o tipo de obra que você não apenas lê, você sente o que os personagens estão sentindo ali. Uma verdadeira obra prima que eu não tenho ideia de como não é falada, pois o conteúdo presente é realmente fascinante e inspirador. Ele foi lançado em português, confira:

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Sobre Alan Moore

Alan Moore é um nome que ressoa com reverência e admiração no mundo dos quadrinhos. Nascido em 18 de novembro de 1953, em Northampton, Inglaterra, Moore é um escritor aclamado que revolucionou o gênero dos quadrinhos com suas histórias complexas, personagens multidimensionais e narrativas profundas. Ao longo de sua carreira, ele se estabeleceu como um dos mais importantes e influentes autores da indústria dos quadrinhos, deixando um legado duradouro que transcende as páginas dos gibis.

O Início de uma Jornada Criativa

Moore começou sua carreira nos quadrinhos no final dos anos 1970 e início dos anos 1980, escrevendo para títulos como "Dr. Who Weekly" e "Warrior". No entanto, foi sua colaboração com a DC Comics que o lançou para o estrelato. Sua interpretação sombria e realista do icônico personagem do Batman, na graphic novel "Batman: The Killing Joke", ilustrada por Brian Bolland, é considerada uma das melhores histórias do Cavaleiro das Trevas de todos os tempos.

O Marco dos Quadrinhos: "Watchmen"

O verdadeiro ponto de virada na carreira de Moore veio em 1986, com a publicação da graphic novel "Watchmen". Criada em colaboração com o artista Dave Gibbons, "Watchmen" é uma obra-prima que desafia as convenções dos quadrinhos de super-heróis. Situada em uma realidade alternativa onde super-heróis são tratados como proscritos, a história mergulha em questões morais, políticas e filosóficas profundas, enquanto examina a psique dos personagens e o mundo ao seu redor.

"Watchmen" não apenas redefiniu o gênero, mas também estabeleceu Moore como um contador de histórias inovador e provocativo. A complexidade de sua narrativa, combinada com a profundidade de seus personagens, elevou os quadrinhos a um nível de reconhecimento literário que poucos haviam alcançado antes.

A Revolução em "V de Vingança"

Logo após "Watchmen", Moore mais uma vez abalou o mundo dos quadrinhos com "V de Vingança", uma série publicada pela primeira vez nos anos 1980 e posteriormente compilada em uma graphic novel. Situada em uma Inglaterra distópica, a história segue um misterioso vigilante conhecido como "V", que luta contra um governo totalitário. Mais uma vez, Moore demonstrou sua habilidade em tecer uma narrativa política e socialmente relevante, explorando temas como autoritarismo, liberdade individual e a natureza do poder.

Explorando o Ocultismo e a Magia

Além de seu trabalho em quadrinhos de super-heróis, Moore também é conhecido por sua exploração do ocultismo e da magia. Sua série "From Hell", ilustrada por Eddie Campbell, é uma interpretação ficcional dos assassinatos de Jack, o Estripador, que mergulha nas profundezas da psique humana e da história oculta de Londres. "Promethea" é outra série notável de Moore, que incorpora elementos de mitologia e misticismo para contar uma história sobre a jornada espiritual da humanidade.

Legado e Impacto Duradouro

O trabalho de Moore não apenas influenciou gerações de escritores de quadrinhos, mas também transcendeu o meio, inspirando adaptações para o cinema, televisão e outras formas de mídia. Filmes como "Watchmen" e "V de Vingança" capturaram a essência de suas histórias, embora Moore tenha expressado descontentamento com muitas dessas adaptações, preferindo que suas obras fossem apreciadas no meio para o qual foram originalmente criadas.

Além de suas contribuições para os quadrinhos, Moore é conhecido por sua postura contracultural e suas críticas ao sistema mainstream da indústria dos quadrinhos. Ele se recusou a aceitar direitos autorais sobre muitos de seus trabalhos e tem sido um defensor ferrenho dos direitos dos criadores.

Em resumo, Alan Moore é muito mais do que um escritor de quadrinhos; ele é um visionário cujas histórias desafiaram e redefiniram o próprio meio. Sua habilidade em tecer narrativas complexas e explorar temas profundos e filosóficos estabeleceu um padrão que poucos conseguiram igualar. Enquanto sua carreira continua a inspirar e influenciar artistas e leitores em todo o mundo, seu legado como um dos maiores escritores de quadrinhos de todos os tempos está firmemente assegurado.

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