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Akira: Volume 1 | A versão em mangá desse clássico

O mangá de Akira sempre esteve na minha lista de coisas para ler um dia, e quando a JBC decidiu lançar essa maravilha, é claro que me animei demais. E finalmente chegou o momento de analisar o primeiro volume desse clássico japonês que tanto causou influência em outras obras, não apenas da cultura japonesa, mas do mundo inteiro.

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Akira foi publicado originalmente no Japão entre os anos de 1982 e 1990, sendo que a sua grande popularização não foi pelo mangá, mas sim pelo filme em anime de mesmo nome, lançado em 1988. E com a empolgação daquela obra, os americanos acabaram se empolgando para levar para os Estados Unidos a origem da coisa.

Para os mais novos, pode parecer estranho, porém esse negócio de anime e mangá popular no ocidente não é algo que sempre existiu. A idolatração da cultura japonesa e otakus. No meio dos anos 90 por exemplo o povo nem sabia a diferença de anime e mangá, era tudo desenho japonês e a grande referência da coisa era Cavaleiros do Zodíaco no Brasil.

Sendo assim, quando foi lançado nos Estados Unidos, a coisa foi ocidentalizada, primeiro o mangá foi espelhado, portanto aquela versão se lia do jeito normal da esquerda para a direita. Depois fizeram algo que acho que foi o grande destaque dessa versão, coloriram o mangá inteiro! E passaram a lançar, finalizando em 1995 com 38 edições.

No Brasil essa versão americana veio em 1990 pelas mãos da editora Globo, mas não recebeu muita atenção do público, afinal de contas essa vontade de experimentar conteúdo japonês não era tão grande na época, e o acesso à informação era realmente complicado, afinal de contas estamos falando do mundo antes da era da internet não é mesmo?

A coisa piorava com o fato de que a cada edição a globo lançava uma quantidade menor de impressões, fazendo com que ficasse complicado conseguir. Nas últimas edições tinha fã saindo no tapa pra conseguir comprar. E ao contrário do que se imagina, Akira não é uma obra que é lançada e relançada sem parar. Depois disso ficamos sem opção.

Eu não entendi direito, mas aparentemente o autor Katsuhiro Otomo prendeu a publicação ao país. Impedindo lançamentos fora, é bem estranho o negócio. Sendo assim, a última coisa que saiu foi uma versão em volumes no começo da década de 2000, mas aparentemente no mundo todo Akira parou de ser publicado, deixando todo mundo na vontade de ler, mas sem ter muito o que fazer. Até que em 2015 foi adicionada uma edição definitiva que seria padrão mundial para próximos lançamentos e o primeiro país a lançar depois do Japão seria a França.

Essa é uma edição luxuosa, com um visual remasterizado e todo aquele toque de luxo. Além disso ao invés do lançamento em edições, a coisa foi compilada em volumes, totalizando seis, que juntos totalizam mais de duas mil páginas. Para nossa felicidade, a editora brasileira JBC foi a primeira a correr pra lançar em nosso país.

A coisa ia sair em 2016, mas acabou atrasando para 2017 por exigências dos padrões japoneses. Lembra que falei que aquela seria a edição definitiva para ser levada como base mundial? Pois é, pelo jeito Akira não saía fora do Japão pra não fazerem a bagaceira e distorcerem a obra com coisas como cortes ou alterações. Pois eles foram realmente muito chatos nas exigências.

Você vai provavelmente notar algumas coisas estranhas no volume, por exemplo uma das orelhas da capa tem a descrição em japonês, e beleza, isso dá um certo charme na coisa né. E na outra tem a mesma descrição só que ao invés de japonês está em... ISSO MESMO, em inglês! Simplesmente ridículo os japoneses fazerem essa exigência.

E esse é um dos detalhes visíveis, mas fico imaginando a quantidade de coisinha pequena que não deve ter rolado pra ter os atrasos. O povo da JBC deve ter passado por cada raiva enquanto preparavam a coisa, hahaha. Mas felizmente o que importa é que saiu e tem toda aquela atmosfera de edição de luxo que se esperava.

Aliás, acho que 2017 acabou sendo um ano de futuro distópicos para a JBC, pois ela também lançou a edição luxuosa de Ghost in the Shell, que é uma obra extremamente comparada a Akira, especialmente porque existe uma essência peculiar semelhante apresentada no filme de Ghost in the Shell de 1995. Com uma animação super bem construída, trilha sonora peculiar e um futuro estranho.

A edição brasileira conta com uma sobrecapa com um visual retro, usando uma paleta de cores que tem um grande foco no tom vermelho, e o nome AKIRA sem o título original em katakana (aquele アキラ, que é normal se ver em vermelho em cima do nome AKIRA). A lateral é bonita pra caramba, em amarelo com os rostos de alguns personagens.

Tirando a sobrecapa temos uma capa maravilhosa toda em amarela, também com o nome Akira em cima, mas o diferencial dessa é que é uma imagem contínua que vai até a parte de trás e mostra um ambiente absurdamente detalhado e cheio de lixo, arruaceiros, pichações, motos e muito mais, daria um postar maravilhoso.

Existe uma coisa muito estranha nessa edição que sei que todo mundo vai notar assim que abrir. Ao invés de ter uma imagem na parte de trás da capa, ela é colada em outra folha, e aí nessa folha é que tem a imagem. Só que quando você abre, dá pra ver um buraco entre essas páginas. E não é erro da minha edição, todas são assim. A JBC explicou que essa é uma técnica usada para não entortar a capa, e ficar reta quando fechar, ainda assim é esquisito pra caramba isso.

As primeiras páginas do volume são coloridas, é um visual maravilhoso pra caramba, e o tipo de papel usado também é diferente. Ao invés de ser aquele papel fosco que tanto conhecemos em mangás, é um papel liso. Essa introdução colorida mostra os acontecimentos que rolaram para que o mundo ficasse como vemos na história.

O papel usado no resto do mangá é de qualidade surpreendente, não é algo fino, mas sim um papel grosso pra caramba. Diversas vezes eu me peguei voltando uma página para ver se não pulei, porque o negócio é tão grosso que pareciam ter duas páginas sendo passadas de uma vez, no entanto é só o papel mesmo hehe.

Mas bom, agora vamos falar um pouco sobre a história e comparar com o filme né? Acredito que todos vocês já tenham assistido Akira, mas se não, ele se passa em uma realidade alternativa em que 1982 algo que parece ser uma bomba explode em Tóquio e destrói a cidade, desencadeando a terceira guerra mundial, e a trama acontece quase quatro décadas depois, em 2019.

Levou esse tempo todo para a cidade ser reconstruída, inclusive mudando de nome para Neo Tokyo, e mesmo assim ainda há escombros, com uma cratera gigantesca de onde a bomba explodiu. Porém a sociedade inteira foi afetada e isso fez com que o mundo se tornasse muito mais sombrio, com uma péssima qualidade de educação e jovens delinquentes.

Entre os marginais está o grupo de um jovem chamado Kaneda, que saem por aí cometendo vandalismo e entrando em brigas. Mas em uma de suas rotinas de moto, um de seus amigos, chamado Tetsuo, se acidenta quando um garoto estranho com cara de velho entra em seu caminho. A partir daí Tetsuo é sequestrado por militares, não se sabe o motivo.

Ao contrário do que imaginei, o primeiro volume de Akira apresenta muito da história do filme, pra falar a verdade daria pra mostrar o filme inteiro, pelo o que vi só o final que não mostra. No entanto existe uma série de diferenças. É notável que compactaram certas partes no filme para ir direto ao ponto, inclusive mudando certas ordens de acontecimentos.

Por exemplo o barzinho que aparece no filme me deu uma sensação de algo muito mais tecnológico, um ambiente bem urbano mesmo, mas secundário. No entanto no mangá esse ambiente é realmente importante, e definitivamente não tive a sensação de algo moderno, parece mais um ambiente imundo onde delinquentes se unem.

A idade de Kaneda também parece ser diferente. Tanto no mangá quanto no anime um personagem fala "Embora vocês sejam menores de 15 anos...", o que indica que 15 seja a idade máxima dele, mas ao procurar na internet vi em uma ficha que Kaneda tem 16 anos, porém em momento algum do filme isso é citado, e ao menos no volume 1 também não se diz nada. Acredito que alguém tenha colocado 16 porque é a idade mínima pra dirigir nos EUA, mas no Japão é 18, assim como no Brasil.

O Kaneda do filme me parece muito mais um cara de 19 anos, sempre vi ele como alguém dessa idade mais ou menos, já o do mangá me pareceu alguém de no máximo 14 anos. Sim, eu sei que eles tem motos, mas são delinquentes, roubam, usam drogas e fazem tudo que não presta, então não é uma surpresa dirigirem né?

Apesar de que em alguns momentos do filme Kaneda tem um visual bem infantil também, então talvez o grande diferencial seja aquela jaqueta, que não aparece no volume 1. Provavelmente ela é o que acaba fazendo com que o personagem pareça mais velho do que realmente é. E no mangá você tem mais tempo para ver a forma dele de agir, tipo na escola ou como faz piadinhas. Existem várias mudanças no roteiro, porém em essência esse volume é quase o filme inteiro.

É maravilhosa a sensação de críticas sociais e sensação de múltiplas interpretações que são colocadas nesse mangá, nós vemos algo que envolve sociedade, governo, rebeldia na juventude. Tem aquele climinha tão intenso de algo que você vê que tem entrelinhas e pode ser vistos de múltiplas maneiras, não meramente algo seco.

E o visual então? Esse é o tipo de mangá que não é preguiçoso, ele é bastante suave de se ler e dá pra engolir o volume 1 inteiro de uma vez só. Mas você demora porque quer observar os detalhes. É normal o autor desenhar um prédio e ao invés de colocar só janelinhas refletindo luz, desenhar detalhes lá dentro, como pessoas andando e paredes.

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Sobre Katsuhiro Otomo

Katsuhiro Otomo, um nome que ressoa como um ícone na indústria de mangás e cinema japonês, é aclamado por sua contribuição inestimável para a arte da narrativa visual. Nascido em 14 de abril de 1954, em Miyagi, Japão, Otomo emergiu como um dos artistas mais influentes e visionários de sua geração.

A Jornada Inicial

Otomo iniciou sua carreira no mundo dos mangás na década de 1970. Seu trabalho inicial não passou despercebido, mas foi com a série "Domu" (1980) que ele começou a atrair uma atenção mais significativa. Este thriller psicológico, que explora temas de poderes psíquicos e alienação, foi um vislumbre do que viria a ser o estilo característico de Otomo.

Akira: Uma Obra-Prima Revolucionária

O ápice da carreira de Otomo é inegavelmente "Akira", uma epopeia biopunk que redefine os limites do mangá e da animação japonesa. Publicada entre 1984 e 1993, a obra não só consolidou Otomo como um mestre do storytelling, mas também elevou o mangá a uma forma de arte respeitável e séria.

"Akira" não é apenas uma narrativa envolvente; é uma reflexão sobre sociedade, poder e os perigos do avanço tecnológico desenfreado. A cidade distópica de Neo Tokyo, cenário da história, tornou-se um ícone da cultura pop global.

Adaptações Cinematográficas

O sucesso monumental de "Akira" transcendeu as páginas dos mangás, resultando em uma adaptação cinematográfica em 1988, dirigida pelo próprio Otomo. Apesar das limitações técnicas da época, o filme é reconhecido como uma obra-prima do gênero de animação, tanto no Japão quanto internacionalmente.

Impacto Duradouro

A influência de Katsuhiro Otomo não se limita apenas ao mundo dos mangás e da animação. Sua visão artística e narrativa inspirou uma geração de artistas, escritores e cineastas em todo o mundo. O estilo visual único de Otomo, combinado com suas histórias complexas e provocativas, deixou uma marca indelével na cultura pop global.

Legado Contínuo

Ao longo das décadas, Otomo continuou a contribuir para a indústria, explorando diferentes gêneros e mídias. Seja em mangás como "Steamboy" ou em colaborações em projetos cinematográficos, como o filme de animação antológico "Memories" (1995), Otomo demonstra sua versatilidade artística.

Katsuhiro Otomo é muito mais do que um mestre dos mangás; ele é um visionário cujo impacto ressoa além das páginas de seus trabalhos. Sua capacidade de transcender barreiras culturais e linguísticas é um testemunho de sua genialidade artística. À medida que novas gerações descobrem suas obras, o legado de Otomo continua a moldar e inspirar o panorama da narrativa visual.

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