Embora normalmente clássicos do horror sejam associados a livros, eles estão presentes em outros tipos de entretenimento. Com o passar dos anos, os jogos de terror mudara e obviamente evoluíram. No entanto, muitos elementos de outros tempos acabaram deixando saudades e graças a isso vieram algumas obras fora de seu tempo com elementos clássicos. Tormented Souls é um exemplo.
Você assume o papel de Caroline Walker, uma mulher que vai parar em uma banheira de um lugar que parece ser algum tipo de instituição médica. Conectada a tubos e com um olho removido, ela investiga e passa a descobrir os horrores que estão marcados no passado do lugar, além de sua busca por uma saída e respostas para terem feito isso com ela.
Esse é um jogo que foi contra a maré propositalmente, focado especialmente em pessoas que queriam ter mais uma vez a experiência de obras apresentadas no passado. O mais curioso é que muitos desses elementos existiam não porque eram interessantes para a mecânica, mas por serem um "2 em 1" e assim mantinham o terror e usavam poucos recursos das plataformas.
Um ótimo exemplo são as câmeras fixas, que infernizavam tantos jogadores que entravam em uma sala, mas não sabiam o que tinha dentro, apenas podiam ouvir. Essa técnica era usada para que apenas fosse necessária uma imagem fixa do lugar sem exigir um ambiente em 3D sendo renderizado naquele momento.
O estilo até que aguentou por muito tempo, é só ver Resident Evil HD Remaster, que já era do Game Cube, já deu uma evoluída na coisa, mas que poderia ter usado o poder do console para fazer algo mais moderno em seu tempo, como foi o caso de Resident Evil 4, que já usou tudo o que podia para criar uma ambientação 3D.
O passar do tempo apenas fez com que as coisas fossem mudando completamente e embora alguns elementos clássicos tenham se mantido em franquia apenas por terem sido introduzidos antes, a mecânica e estilo em geral se modificou bastante. É só ver que enquanto em Silent Hill 3 ainda temos a neblina (que faz parte da cidade mas que foi um recurso usado pra disfarçar a distância limite no primeiro jogo), mas é notável em Silent Hill 5 como a mecânica tá diferente.
Porém essas gambiarras foram apresentadas de forma tão adequada em sua geração, que acabaram sendo lembradas não apenas como um quebra-galho, mas como elementos que deixaram a mecânica mais interessante. E com a vinda de diversas outras obras de terror interessante, aquele estilinho de se jogar deixou uma certa saudade.
Tormented Souls traz isso de volta. Você percebe que o jogo poderia usar algum dos elementos variados de obras como Darkwood, Lone Survivor ou The Coma 2, mas preferiu abraçar o "kit" apresentado no passado e também adicionou uma atualização nas mecânicas de puzzles, tornando elas um tanto mais interativas e dando um toque especial à coisa.
Então o que temos aqui é uma personagem que precisa vagar por uma instituição com visual gótico, porém notavelmente um lugar usado como gambiarra com placas de tempos modernos e outras coisas instaladas de forma tosca por seus corredores, como se fosse uma mansão mal assombrada que resolveram tacar uma placa de "Saída de emergência" e várias outras coisas do tipo por toda sua extensão.
Apesar das câmeras fixas, o jogo aproveita o que tempos modernos têm a oferecer, sendo assim os ambientes são verdadeiramente 3D e se movem de acordo com o que você anda. Não são como clássicos tipo Blair Witch: Rustin Parr, em que ao chegar na extremidade, a tela muda para outra tela. Ao invés disso a câmera vai acompanhando o personagem, porém se estiver de costas, assim ela se manterá.
O clássico sistema de inventário também está de volta e é usado como parte da mecânica principal. Você tem um limite de itens que pode carregar e deve usar ele com sabedoria para carregar o que acha interessante por aí e o que vai precisar usar primeiro. Isso te deixará agoniado de ter que voltar pra pegar um item.
Mas algo que gostei demais foi o fato de que os desenvolvedores não fizeram meramente a mecânica de pegar algo de um lugar e colocar em outro, mas sim itens interativos que às vezes precisam de um sentido maior. Você adiciona o item e às vezes precisa ir além e resolver algum quebra-cabeça para que ele funcione no fim das contas. Essa evolução deixa a coisa muito mais satisfatória, mostrando que é realmente um upgrade de jogos clássicos e não apenas uma cópia da mesma mecânica.
Porém por falar em cópia, eles copiaram algo que Alone in the Dark The New Nightmare introduziu maravilhosamente e foi usado muito pouco, que é a mecânica de luz e sombra. A que temos aqui não é tão robusta, mas achei legal trazerem de volta. Nela se você estiver no escuro, você sucumbe ao horror, e é mais um elemento que traz uma pressão enorme.
Por exemplo, se tem uma criatura te perseguindo por um beco escuro, talvez você não tenha alternativa a não ser continuar correndo, pois se desequipar o isqueiro para equipar a arma, vai ficar no escuro. Sendo assim, em diversos momentos é preciso primeiro achar uma outra fonte de luz ou resolver o problema com a escuridão antes de enfrentar qualquer monstro.
Para quem é desesperado em salvar, o jogo também traz uma mecânica não tão admirada que pode levar muita gente ao desespero, que é a de quantidade limitada de jogos para serem salvos. Lembram dos tubos de tinta usados em Resident Evil para escrever? Pois é... Algo semelhante está de volta aqui e você tem uma quantidade limite e se perder, volta tudo do começo, por isso precisa guardar com carinho e ver se vale a pena.
Infelizmente o jogo também tem seus pontos ruins, a começar pela dublagem (em inglês), que achei só a bagaceira... Especialmente a da protagonista, que parece estar sempre super animada e disposta. Pra alguém que teve o olho arrancado, a moça que escolheram parece que até está se divertindo e os tons que a dubladora usa, parece que são sempre artificiais pra caramba.
Outra coisa é a limitação de monstros, que no geral são quase todos iguais. Sempre o mesmo monstrengão em uma cadeira de rodas vindo te descer o cacete. Eles poderiam ter adicionado algumas coisas diferentes, assim como uma maior variação de armas para que os jogadores pudessem agir de maneira diferente em certas situações.
Enfim, Tormented Souls é um jogo interessante para fãs de clássicos. Talvez não seja tão atraente para jogadores mais atuais, mas tem potencial, pois, apesar de não ser perfeito, evoluiu bem diversas mecânicas. Recomendo sempre dar uma olhadinha no preço dele na Greenman Gaming antes de comprar na loja direta, algumas vezes os preços deles estão bem abaixo do normal, e sempre lembre de olhar os cupons de desconto que eles espalham pelo site, que deixa a coisa mais barata ainda, dê uma conferida aqui.
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