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Stygian: Reign of the Old Ones | Experiência lovecraftiana absurdamente intensa

O universo dos Mitos de Cthulhu já mostrou várias vezes que é capaz de gerar ambientes atmosféricos despertando a criatividade das pessoas e diversas adaptações provaram que a insanidade pode ser utilizada de várias maneiras. Stygian é um jogo que me surpreendeu por usar com elegância toda essa atmosfera criada nos contos.

A história se passa na década de 1920, na cidade de Arkham, porém algo terrível aconteceu. Primeiro foram sinais estranhos que todos conseguiram sentir, mas um dia uma coisa cobriu os céus e quando todos despertaram, perceberam que o mundo lá fora desapareceu ou mudou drasticamente. Criaturas de outra realidade começaram a vagar, a máfia dominou o que pôde, e sonhos passaram a ser cada vez mais reais.

Aqui você controla um dos habitantes da cidade e deve viver seu dia a dia, explorar, descobrir coisas, tentar dar algum sentido. É preciso conversar com as pessoas, conseguir itens, negociar e procurar não morrer, pois a loucura está por toda parte. Se não seres bizarros, são cultistas, loucos ou mesmo a própria máfia, já que homens da lei abandonaram seus postos.

É possível sentir bem a ideia de que são pessoas tentando se agarrar ao que lhes restou de normal. A realidade já está despedaçada, porém parece estar a ponto de virar pó por completo. As pessoas ainda vivem em suas casas, trabalham, conversam, porém todos podem ver que algo aconteceu e não há saída.

Esse é um jogo extremamente elegante em narrativa e desenvolvimento de personagem, tendo bastante foco na história e usando elementos híbridos de uma forma interessante pra caramba. Por um lado é point and click, mas por outro tem combates em turnos, negociação com vendedores, formação de grupos, etc.

A construção de personagem foi muito bem caprichada e vindo diretamente de jogos clássicos de RPG, então cada detalhe durante a construção vai acabar refletindo durante a jogatina. À medida em que você avança, nota que certas escolhas durante a construção acabam afetando, e ser homem ou mulher é apenas um elemento básico para como certos personagens vão se dirigir a você.

A idade do personagem é algo que vai refletir na vivência dele e energia, sendo assim uma pessoa jovem tem mais constituição e agilidade, porém tem menos experiência em atributos. Já um velho é o contrário, ele tem penalizações físicas, porém tem mais pontos em coisas não relacionadas a isso. E você pode começar como um adulto em idade intermediária que deixa tudo equilibrado.

Os arquétipos do personagem são um conjunto de habilidades que você vai começar, também tendo vantagens em determinados atributos. Você pode focar em algo mais relacionados a atributos mentais como um acadêmico, ou pode preferir ação e selecionar um militar. Tem vários tipos e eles destravam opções novas no diálogo dependendo de seus conhecimentos e habilidades.

Esses arquétipos ficam ainda mais elegantes com os planos de fundo, pois além de selecionar uma classe, você ainda seleciona que tipo de pessoa esse personagem é, isso gera vantagens e desvantagens daquele personagem. Por exemplo, o arquétipo "Artista", você pode ser artista de rua que ganha vantagens de sobrevivência, o artista de cinema é mais atraente, enquanto o malabarista consegue fazer movimentos mais ousados, porém mais arriscados.

O sistema de crenças mostram como seu personagem vai reagir a certas situações. Ele pode ser por exemplo racional e procurar uma explicação científica, pode ser materialista e ter boa visão para riquezas, pode ser devoto e levar as coisas para o lado da religiosidade, e assim vai. A  combinação do arquétipo com o sistema de crenças e plano de fundo podem formar personagens com estilos completamente diferentes.

E por fim tem os atributos que você vai distribuindo pontos em uma ficha de personagem, bem no estilo RPG de Mesa mesmo, daí é algo que além das vantagens e desvantagens já recebidas pelas suas escolhas de criação, você pode compensar certas coisas ou mesmo apenas querer deixar ainda mais tunado um certo tipo de atributo para o seu personagem ser perfeito naquilo.

Não é o primeiro jogo lovecraftiano extremamente robusto em narrativa, e embora vejamos algumas obras com mecânica mais simples como Euclidean e Eldritch, temos obras robustas como Cultist Simulator e Sunless Sea. E aqui temos algo realmente que procura focar nessa sensação de fazer algo profundo, mas ser bem rejogável.


Você vaga pela cidade, fala com personagens, consegue informações, itens, vai liberando novas áreas para acessar. Me lembrou um pouco Pathologic 2 com essa sensação de decadência em uma cidade exótica e vários personagens prontos para trocar informações com você e com reações variadas dependendo da sua forma de agir, até o sistema de negociação de itens se parece, com você colocando algo com valor X e pegando do vendedor itens com o mesmo valor ou inferiorr.

Mas sem sombra de dúvidas a jogabilidade geral acaba sendo parecida mesmo é com Shadowrun, incluindo o sistema de contratar mercenários, conseguir aliados e o combate em turnos. Aqui temos aquela visão isométrica, você se sente vivendo o dia a dia do personagem, tentando seguir em frente em meio ao caos, e vez ou outra entra em combates usando estratégia tática.

Esse é daqueles jogos que de repente seu personagem pode acabar batendo as botas, e dessa forma você pode simplesmente desistir e depois criar um personagem completamente diferente e experimentar uma nova forma de jogar. A variação de personagens foi realmente muito bacana e se torna um grande atrativo para quem quer tentar coisas de uma nova maneira.

Enfim, é um jogo bacana, tem muita faladeira, para fãs de Lovecraft é indispensável, mas para quem não gosta muito de ler pode não ser tão atraente assim. Eu gostei bastante. Recomendo sempre dar uma olhadinha no preço dele na Greenman Gaming antes de comprar na steam, algumas vezes os preços deles estão bem abaixo do normal, e sempre lembre de olhar os cupons de desconto que eles espalham pelo site, que deixa a coisa mais barata ainda, dê uma conferida aqui.

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