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Pânico 4 | Uma sequência que aprendeu muito bem com as outras e fez bonito!


 
Esse é um filme lançado completamente fora de sua época e que naturalmente causa uma desconfiança, tendo uma cara daquelas obras genéricas que só vieram pra ganhar dinheiro e manchar a reputação de uma franquia. Apesar de tudo, assumo que me surpreendi muito, pois foi muito acima da expectativa e ao meu ver supera as duas primeiras sequências com facilidade.

Na história, Sidney Prescott retorna à sua cidade natal, Woodsboro, para o lançamento de seu livro. Ele fala sobre sua saga de horror e medo, sendo perseguida por psicopatas. Mas o foco da obra é em como ela superou e tem o objetivo de dar o apoio a outros sobreviventes, mostrando que é possível aguentar. No entanto o resultado de seu retorno é uma nova onda de assassinatos que se desencadeia.

Esse filme carregou o difícil fardo de dar continuidade a uma franquia que tem pré-requisitos e precisa de uma lógica. Em Pânico 1 temos uma crítica ao clichê de filmes de terror. Em Pânico 2 temos uma crítica às sequências e como costumam ser vagabundas. Em Pânico 3, temos uma crítica ao fim de uma trilogia e suas  tendências a fazer tudo pra surpreender. Então sendo uma franquia que tem o pré-requisito de criticar algo em filmes de terror, sobre o que se falaria em um quarto filme?

Pânico 4 se mostrou uma obra muito natural com sua época. Vindo onze anos depois do primeiro, parece ter sido um filme que esperou o suficiente para surgir algo que desse lógica à coisa. E a década de 2000 foi a era dos reboots e remakes! Vimos obras como Sexta-Feira 13A Profecia e Halloween tentando recomeçar para atingir um novo público, falhando em matar o clássico sendo abandonados.
 
Só que o grande problema, é que Pânico não podia fazer um remake, pois suas próprias regras exigiam que ele fosse uma sequência pra poder ter uma crítica. Até vimos a série Scream, que é um remake, mas ela tem passe livre pra isso porque não substitui, já que é outro tipo de mídia, não vindo para substituir os filmes e sim pra contar a história em forma de série e aproveitando pra atualizar o tempo. Mas os filmes mesmos não podiam ter um remake sem matar a coisa.

E aí que veio a ideia fantástica de fazer um remake que não é remake! Quando os estúdios viram que matar os filmes originais era uma péssima ideia, visto que a ligação do público com o original era forte demais para ignorar na maioria das vezes, veio uma técnica mais adequada na década de 2010, que foi a dos soft reboots, como vimos em Evil Dead, onde a mesma história é apresentada, mas sem tentar substituir a original, ao invés disso apresentaram novos personagens, mas no mesmo universo.

Não que remake não dê certo, mas se o público é muito ligado, isso complica demais a coisa. É diferente quando é o caso de filmes como O Enigma de Outro Mundo, que além de ser muito mais grandioso, substituiu um filme velho demais e não tão popular. No fim foi aclamado! Mas na era da internet a coisa ficou diferente. E foi assim que Pânico 4 fez, uma releitura do primeiro filme, com personagens semelhantes, porém ainda com a presença do elenco original.

A introdução do filme ficou fantástica, contendo inclusive uma versão alternativa em que mostra exatamente o que o público previa, mas a versão que foi lançada oficialmente é focada especialmente no desespero dos criadores de remakes/reboots em tentar fazer algo diferente que consegue surpreender. Para não copiar a introdução de Pânico 1, são colocadas duas personagens ao invés de apenas uma. E é notável aquela atmosfera de "Já vi isso", mas ao mesmo tempo diferente.
Você logo nota também que adaptaram algo para o mundo da tecnologia. Pra falar a verdade usaram algo tão avançado para seu tempo, que acabou sendo um filme que demorou mais para envelhecer. Isso porque coloca personagens filmando e fazendo streaming. Mesmo nos EUA, 2011 ainda não era a era do streaming, mas algo que estava começando. Mas optaram por usar logo a tendência naquele começo, com um personagem transmitindo acontecimentos ao vivo para um blog.

Além disso outras tecnologias já populares na época, mas que mostravam tendências foram abraçadas de vez. Ao contrário de filmes como O Chamado 3, que os personagens estavam usando fita de vídeo em 2017, esse não se acanhou em pegar logo tendências, inclusive Smartphones, que geral já usa, incluindo aplicativos pra mudar a voz.

Esse foi o último filme do Wes Craven, que dirigiu os quatro filmes e foi um mestre do terror, sendo conhecido por ser também o criador de A Hora do Pesadelo, o que lhe deu muita força na hora de criticar coisas do próprio gênero. Ele morreu em 2015 por causa de câncer no cérebro e já estava velhinho, com 76 anos. Mas acho que sua última obra o permitiu sair com estilo, pois Pânico 4 não é ruim, mas sim um filme que mostra ter aprendido.
 
Inclusive é bacana como eles têm total liberdade pra falar dos problemas dos filmes anteriores, já que aqui temos "Facada 7" (Stab 7), que é a franquia de filmes "baseada em fatos reais", etem a adaptação perfeita do 1, 2 e 3, eles podem criticar, depois a coisa viaja, e chegam a citar que em "Facada 5" tem viagem no tempo. Coisas que têm tudo a ver com as viajadas que filmes têm tendência.
Em Pânico 2 vimos algo atrapalhado e que notavelmente não sabia direito a mitologia que tinha criado e os elementos que eram essenciais. Já vimos uma correção em Pânico 3, apresentando itens que tinham sido deixado de lado, que é criar um mundo vivo e não apenas focar em um elemento. E Pânico 4 retorna às suas origens, apresentando exatamente a essência do primeiro filme e fazendo isso muito bem.

A ideia de releitura ficou ótima, com a mesma cidade original e mais uma vez apresentando um ambiente vivo, com uma cultura própria da cidade. Esse foi um dos principais elementos do primeiro filme que o destacou. Isso porque a maioria dos filmes de terror foca exclusivamente no que tá rolando ali no momento, a história dos personagens, que costuma ser bem vazia. Já Pânico 1 apresentava algo com um passado, uma forma de agir das pessoas baseada em coisas locais, como a influência da mídia e o livro best-seller de uma repórter.

Aqui temos isso de novo, porém 15 anos depois, com uma cidadezinha em que uma nova geração foi criada ouvindo falar do brutal caso de serial killers que rolou por lá. Aquela ideia de jovens adorarem psicopatas está presente, com eles zoando o aniversário da matança, além do desespero por fama que a era da internet trouxe. Chegam a citar algo do tipo "A desgraça de uma geração é a piada de outra", o que se encaixa perfeitamente em como é normal algo horrível virar apenas emocionante na internet, como se não fossem pessoas reais que sofreram certas desgraças, mas apenas outra ficção.

Ele tem exatamente o mesmo tempo de duração do primeiro filme, mas acho que exploram tantas coisas, que faz o filme parecer gigante. Tive aquela sensação de interminável, o que chega a ser irônico, pois me faz lembrar que Pânico 2, que foi o maior da trilogia, parecer ter só meia-hora, de tão pouca coisa que é abordada. Naquele parece que é só "Chegou o assassino, ficaram se perguntando quem é, descobriram e mataram, fim". Enquanto nesse exploram a juventude, os acontecimentos anteriores, a vida de Sidney e dos outros personagens, além dos novos protagonistas.
Acho que se for pra apresentar algo que realmente se perdeu em relação a todos os outros, é que o Ghostface dessa versão é menos atrapalhado, o que pode ser bom para uns e ruim para outros. Não é um grande elemento, mas era uma marca desse personagem, que não era todo estiloso e implacável, mas sim alguém que não parava de tropeçar, representando bem uma pessoa normal. Por outro lado, isso encaixa bem com a proposta de reboot/remake.

É um dos elementos mais comuns a ideia de "Vamos fazer uma versão sombria do anterior e tentar encantar assim". Nesse também tem regras, assim como nos outros, e uma nova lista de formas de sobreviver é apresentada, como "A única forma de você garantir que vai viver, é sendo realmente gay!", que mostra a tentativa de estúdios de se afastarem da ideia de coisas como o personagem negro sempre ser o primeiro a morrer.

Além disso, fazem algo muito comum, que é mudar partes óbvias da história para tentar surpreender. Aqui nós temos vários personagens que são claramente releituras dos protagonistas do primeiro filme, no entanto, eles vão por caminhos completamente diferentes do que foram apresentados inicialmente. E o filme fica brincando com o público, dando diversas falsas pistas sobre todo mundo, pra gerar aquela frequente desconfiança.
Mas sem sombra de dúvidas o maior ponto negativo ao meu ver, é a fotografia. Ela é feia demais! Assistir no Prime Video, e assim que comecei, comentei com meu amigo "Que diabo é isso? Pois simplesmente parecia um filme dos anos 90. Ficamos nos perguntando se era proposital, levando em consideração as tendências de envelhecer filmes pra dar um toque retro, ou se era a qualidade dele lá. Parecia filme gravado no cinema. Ao pesquisar, vi muita gente reclamando, já que os antigos pareciam HD, mesmo o de 1996, mas esse, credo! Não chega a atrapalhar, mas é notável.

Enfim, esse filme me surpreendeu e ao meu ver, superou as duas primeiras sequências com facilidade. Eu fui assistir ele bem desconfiado porque convenhamos né? O quarto filme de uma franquia não é algo que acabou de sair de uma trilogia e costumam ser filmes desesperados por dinheiro. Mas aqui parece ser algo que aprendeu muito bem como montar a fórmula. As duas primeiras sequências são essenciais pra esse funcionar, mas se esse pudesse ser o 2, seria excepcional.

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