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O Sacrifício do Cervo Sagrado | Sombrio filme metafórico pra você amar ou odiar

Eu conheci esse filme de 2017 completamente por acidente, já que meu amigo disse que fazia parte da "trilogia" em que participa Hereditário e Midsommar. Eu achei meio esquisito, mas dando uma olhada rápida, vi que realmente tinha diversos elementos que poderiam acabar sendo associados com aquele climinha intrigante de bruxaria e como gostei dos dois filmes, não podia deixar de conferir esse. Gostei do que vi, mas tá aí uma obra que entendo completamente alguém descer o pau!

A história é daquelas que te joga perdido no meio e aos poucos você começa a ligar os pontos e entender o que está realmente acontecendo. O ponto de partida é a relação de um garoto de 16 anos, chamado Martin, com Steven Murphy, um cirurgião que se encontra escondido com ele, o presenteia e ajuda. A relação entre os dois é nebulosa e você apenas sabe que é um segredo. Parece tudo bem até as coisas começarem a ficar muito bizarras com acontecimentos inexplicáveis.
Antes de tudo, saibam que NÃO, esse filme não faz parte da "trilogia" de Hereditário, ao pesquisar, vi que não é do mesmo diretor e aparentemente a única ligação entre os dois é o fato de que teve produção do estúdio A24, o que não creio que seja suficiente pra taxar assim. Dessa maneira, acho que o que pode levar as pessoas a pensarem, é a atmosfera macabra com clima de que tá rolando uma magia negra pesadona por trás.

O filme é realmente esquisito e você precisa saber logo que é daquelas obras que exigem que a pessoa analise a coisa de uma forma mais profundo, isso por ser metafórico. Ou seja, não é a história pura ali, é uma analogia a outra coisa, mas disfarçada de história "normal". Ficou claro que é absurdamente fácil odiar esse filme se você não for com a mente aberta para se conectar a ele.
E não estou falando de algo do tipo Midnight Special, que tem uma história oculta que complementa a principal (aquela das linhas de ley), mas sim algo que não tem a ver diretamente com a história. É realmente uma alegoria e se você não conseguir se sintonizar, talvez veja apenas como um filme chato demais. Ou se você não gostar da atmosfera, também ache bem esquisito, mas acho que se conseguir mergulhar na coisa, deve gostar bastante.

Achei extremamente suave de assistir, não foi como um daqueles filmes que é interessante, mas cansativo, tipo O Farol ou Phenomena. Já o meu amigo terminou irritado desceu o cacete no filme. Ele ficou bem uns vinte minutos seguidos esculhambando enquanto eu ria da frustração que ele teve. Daí expliquei o sentido que captei e ele pareceu achar mais interessante, no entanto realmente não dá pra negar que é uma obra com ritmo esquisito, pois mesmo com coisas acontecendo o tempo todo, parece meio quieto.
A forma de agir dos personagens é ultra bizarra. E não é como se fossem atores ruins, é realmente a maneira como o filme deve ser. Ou seja, foi proposital e o que prova isso é a presença de atores veteranos como a Nicole Kidman e o Colin Farrell. Mas o jeito que todos da família principal do filme falam é com total indiferença. Apenas em momentos bizarros (como quando o filho caçula perde os movimentos das pernas) é que por um breve instante eles se mostram alertas, mas logo voltam a ficar frios.

Por exemplo, a filha da família diz que perdeu seu aparelho MP3 e pergunta para o irmão "Quando você morrer, eu posso ficar com o seu?". As cenas de personagens afastados conversando são bem comuns e até mesmo a intimidade do casal é representada por um fetiche onde a esposa se deita nua e finge estar morta, com a cabeça jogada pra fora da cama e somente o marido que a toca. Também tem uma série de insinuações sobre sexualidade em geral, e o filme deixa muito no ar aquele toque relacionado a coisas proibidas.
A fotografia do filme acompanha o mesmo ritmo e existem muitas cenas que dividem os personagens, seja um dos outros, seja eles do público. Então muitas cenas são filmadas através de janelas, causando aquela sensação de distância. Os reflexos são colocados de maneira bem visível em diversos momentos e você pode ver que é uma peculiaridade do filme. Talvez tenha rolado uma inspiração nos quadros do Edward Hopper.
 
Eu vi algumas explicações na internet, que sinceramente, não concordo, muito cheias de furos... Então recomendo abrirem a mente para pensar em suas próprias possibilidades. Mas uma coisa é inegável, o ponto de partida é o mito de Ifigênia em Áulis, que Agamemnon irritou a deusa Ártemis por ter matado um cervo dentro de uma floresta sagrada e depois se gabou sobre ser um bom caçador. E assim a deusa fez os ventos pararem no porto de Áulis. Disse que somente voltariam quando o herói sacrificasse sua própria filha.
A minha interpretação é que o que temos aqui é uma história sobre sentimentos em um mundo de indiferença. Aquela essência de alguém que consegue sentir com força a ligação irracional com outra pessoa e como elas são importantes e o contato com um mundo que não é capaz de sentir, mas o universo continua seguindo seu rumo de qualquer jeito, com ou sem sentimentos. Não há lógica nem explicação certa, é apenas algo que precisa acontecer. Bom, creio que com isso talvez vocês consigam pegar o ritmo, prefiro não colocar spoilers aqui.

Enfim, The Killing of a Sacred Deer, foi um filme que adorei, gostei muito mesmo, não achei cansativo, mas entendo perfeitamente talvez a maioria das pessoas odiar. Se você odiou Midsommar, esse aqui é tipo duas vezes mais daquilo, sendo assim passe longe! Ele é um filme urbano, tem um toquezinho de maldição que pode lembrar Hereditário, mas não é macabro do mesmo jeito. É um filme que tem seu pé em algo parecido com magia negra, mas que não mergulha nesse universo. Portanto decida aí se parecer ser o tipo que te agrada.

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