Em 2002 foi criado nos Estados Unidos a Free Comic Book Day, que foi um dia focado em valorizar as Comic Book Stores, ou lojas de quadrinhos, que estavam sofrendo com a virada do milênio e vinda da era digital. As pessoas estavam consumindo menos quadrinhos e se entretendo mais com a internet e até versões digitais. O objetivo é dar HQs de graça pra chamar a atenção. E no Brasil, à partir de 2016, passamos a ter o Dia do Quadrinho Grátis, com a mesma proposta, mas em plena era digital.
HQs adultas e HQs infantis! Tem pra todo gosto!
As revistas em quadrinhos fizeram parte da vida de quase todos nós. É muito difícil conhecer alguém que não leu a Turma da Mônica quando criança e o desejo que seus almanaques causavam. Além do mais, mesmo que indiretamente, era difícil não ter contato com obras como X-Men, Homem-Aranha, Batman, Magneto, Super-Homem, The Flash, entre tantas outras HQs de super heróis.
Logicamente, rolou uma explosão que não parou em 2002, com o lançamento de Spider-Man: The Movie, de Sam Raimi e o Peter Parker que mais marcou. Mas a cultura dos quadrinhos veio bem antes. Até obras adultas estiveram muito presentes. Muita gente viu as séries The Boys e The Sandman, e pensou que ali que começou a era dos heróis adultos. Especialmente porque coisas como o John Constantine de Keanu Reeves eram mais bobinhas, deixando mais digerível para quem assistia. Portanto era fácil assimilar HQs só a coisas mais clichês.
Porém a coisa não é bem assim... Só que quando HQs adultas eram adaptadas, a coisa era tão diferente, que muitos só não ligavam a quadrinhos ou simplesmente se esqueciam, parecendo ser outra coisa. Filmes como 300, Watchmen, V de Vingança, 30 dias de noite, foram lançados ao longo dos anos, mas simplesmente ficavam deslocados.
Mas a verdade é que esse é um mercado que teve os públicos mais variados muito antes do MCU (Universo Cinematográfico Marvel) explodir nas mãos da Disney. Então apesar de existir uma clara diferença de tons entre a série do Cavaleiro da Lua e as aventuras da Kamala Khan como Ms. Marvel ou as trapalhadas da She-Hulk, muito antes, a essa variação foi muito mais gritante.
Enquanto Paper Girls pode ser algo mais fofinho e aconchegante, Wolverine: Origem já deixa a coisa mais séria, e então temos obras que conseguem chocar como Escape From Jesus Island e Crossed, mas temos aquelas obras que você sente na alma o quanto o autor foi tocado. Quem leu Miracleman vê que definitivamente aquilo não é pra criança, é algo que pode ser perturbador, mas ao mesmo tempo tão tocante.
O caos da virada do milênio
O mercado dos quadrinhos sempre esteve aí para todos os públicos, bastando saber procurar. Mas quando chegamos na segunda parte dos anos 90, foi natural que as vendas diminuíssem com a vinda da era da internet. O pior é que nessa época, não rolou uma conversão rápida de mídias. Enquanto o disco de vinil virou a fita cassete, que virou o CD, que virou a mídia digital. Com as HQs foi diferente...
O grande problema foi o quanto a internet era interessante e assim as pessoas sabiam que a Feiticera Escarlate, Besouro Azul e Deadpool sempre estariam ali disponíveis para comprar, e que podiam esperar. Porém a coisa só piorou, pois enquanto o CD se manteve o mesmo do começo ao fim, o novo tipo de entretenimento só foi evoluindo com mais e mais coisas legais. E na virada do milênio a coisa tava feia!
E naquela época, veio o Free Comic Book Day, onde várias pequenas lojas de quadrinhos davam edições gratuitas, sendo que muitos quadrinhos de tamanhos menores passaram a ser impressos exatamente pra não serem muito caros e servirem como amostra grátis e atrair pessoas para essas lojas.
A era da Pirataria nos Quadrinhos
Inicialmente a pirataria rolou solta com os scans de quadrinhos. E um público se mostrou interessado nisso. Logo esse mercado foi forçado a se adaptar também para não morrer de vez. Claro que com muito medo, afinal de contas com tanto scan, por que alguém iria pagar por uma HQ para ver Adão Negro ou Morbius, se nem físico era? Bom... Esse foi um pensamento de muitas mídias por muito tempo, até no mundo dos jogos.
Mas a verdade é que as pessoas querem comodidade e o mercado de quadrinhos se mostrou forte, independente de ser físico ou não. O surgimento de webcomics com fãs de uma obra no mundo inteiro, vindo de alguém que nunca teve ligação com a DC Comics ou Marvel Entertainment, mostrava que as pessoas só queriam se divertir.
Coisas inusitadas aconteceram, mostrando a vontade das pessoas de apenas consumir algo que as entretenha, como o vocalista do My Chemical Romance, Gerard Way, criando a história em quadrinhos The Umbrella Academy, que se tornou um sucesso tão grande que foi adaptada para uma série live action de quatro temporadas.
Ironicamente a pirataria provou que existia um mercado ali, só esperando. Então o que faltava mesmo era ter uma oferta e comodidade. A ideia de ter um monte de arquivos baixados no PC e ter que guardar eles não era muito legal. Mas uma conta online com todos sempre disponíveis para baixar ou ler online, era muito mais atraente...
O renascimento digital das HQs
E plataformas como a ComiXology passaram a existir, vendendo HQs digitais, se tornando um sucesso enorme. A vinda da era dos Smartphones e dispositivos Kindle foi outra revolução, ou mesmo a assinatura Kindle Unlimited, que muita gente foi fazer o teste de 30 dias grátis que eles oferecem e simplesmente não conseguiu sair mais de lá pela tonelada de livros, mangás e HQs. Isso porque até então, quadrinhos digitais eram uma gambiarra que tinham surgido da pirataria e as pessoas liam na tela de um PC como um monte de imagens, mas de repente se tornou algo muito mais interessante.
O formado de um smartphone ou dispositivo Kindle mudou tudo. De repente ao invés da pessoa precisar ficar sentada em uma cadeira com uma telona, ela pôde deitar após o almoço para relaxar um pouco enquanto lia algo com seu herói ou vilão favorito em ação. Ou se desse vontade de ler algo, uma busca rápida e ela poderia estar lendo Heartstopper Volume One ou alguma edição dos Guardiões da Galáxia.
É claro que muita gente nunca chegou a experimentar a edição digital de quadrinhos. Tem pessoas que inclusive nunca leram quadrinhos, mas poderiam se ver completamente viciadas na coisa se dessem uma chance para as versões digitais, mas simplesmente nunca experimentaram, e foi assim que a editora Devir decidiu agir.
O que é o "Dia do Quadrinho Grátis"?
Em 2016 a editora iniciou o evento Virada Nerd, em relação a acontecer próximo ao fim do ano, em dezembro. E com ele veio o Dia do Quadrinho Grátis, que começou a ser publicado anualmente com a participação de várias outras editoras que se uniram pra fazer a coisa bombar, incluindo a Panini, Conrad, JBC, Grupo Companhia das Letras e Todavia.
A ideia é tirar dois dias para fornecer edições digitais de quadrinhos e mangás de graça, dando o gostinho para muita gente experimentar como é. E não apenas títulos desconhecidos, mas muita coisa popular e muito boas. Isso gerou aquele belo empurrão. Cada plataforma obviamente passou a conduzir o evento de sua própria forma, não tendo nenhuma obrigação, sendo umas melhores que as outras.
Enfim, a cultura de revistas em quadrinhos passou por uma era nebulosa, mas se surpreendeu ao perceber que ia muito além das versões físicas e que tinha um público, conseguindo sobreviver bem. Adaptações de outras mídias como a série Stranger Things, o jogo Sonic e até livros reais viraram HQs, como vimos em "O Diário de Anne Frank em quadrinhos". É algo capaz de trazer muito entretenimento e perfeito pra aproveitar antes de ir dormir ou naquele momento em que você quer ficar quietinho. E você? Gosta de HQs digitais? Ou prefere física? Confira mais coisas legais no Blog Nerd Maldito.
Algumas HQs grátis no Dia do Quadrinho Grátis 2023
Aqui vão alguns dos quadrinhos que ficaram disponíveis gratuitamente na edição do ano do Dia do Quadrinho Grátis. Um clique e ficam associados à sua conta para sempre. São links de afiliado Amazon (Se não estiverem aparecendo, desative o adblock):
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