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The Chant | Horror mostra ritual que deu errado e forte atmosfera de Stranger Things

Eu imediatamente me interessei por esse jogo de terror assim que foi anunciado. Especialmente por causa da ambientação diferenciada. Afinal de contas temos uma superlotação de histórias de terror que muitas vezes são maravilhosas, mas é bem comum sempre serem em hospitais, como Outlast ou na casa mal assombrada como Alone in the Dark The New Nightmare. Sendo assim, um jogo lovecraftiano que usa a coisa de um jeito diferente, não apenas tentando ser mais uma cópia de Amnesia: The Dark Descent ou Visage, já me deixou atento.

A história se passa em Glory Island, uma belíssima ilha onde um culto usufrui de algo que chamam de "Ciência Prismática", usando o poder de cristais e energias do universo. A proposta atrai pessoas com os mais variados tipos de problemas que procuram um retiro espiritual para lavar a alma. E durante os anos 70, quando ele tem início, um ritual é feito, porém uma das presentes surta e foge, fazendo tudo dar errado. 
Cinquenta anos depois, a coisa tem continuidade e você assume o papel de Jess Briars, uma mulher assombrada por algo que fez no passado e que finalmente decide aceitar o convite de sua amiga, Kim Mallari, para ir à tão falada ilha maravilhosa. Lá, conhece outros membros do culto, Sonny Sonti, de uma família rica e que pretende fazer um investimento milionário no lugar para virar uma atração turística; Hannah Wilson, uma frágil garota que sempre se viu como fraca e quer muito mudar; Maya Kalani, uma mulher que perdeu o filho e procura a paz. E por fim Tyler Anton, neto do criador da ciência prismática.
 
Não preciso nem dizer que eles resolveram fazer o ritual novamente, não é mesmo? No entanto, após Kim surtar enquanto ficou exposta às energias, o ciclo foi quebrado e isso fez com que criaturas do outro lado atravessassem o portal entre as realidades, dominando algumas zonas completamente e em outras apenas deixando criaturas. 
A atração pelos mistérios do universo é algo natural da humanidade. Quando olhamos para o céu à noite e vemos essa coisa gigantesca obscura, é natural ficar maravilhado ou até temer. Não é à toa que mesmo lançado em 1988, o livro Uma Breve História do Tempo continua sendo uma das obras mais procuradas e vendidas do mundo até hoje. Existe uma curiosidade natural pelo desconhecido. E o horror cósmico acaba sendo também muito natural, o que às vezes nos faz deixar questionar com o que estamos nos metendo. Esse jogo acaba nos levando por uma aventura sinistra por esse tipo de ambiente.
 
The Chant é distribuído pela Prime Matter e foi o primeiro game feito pela Brass Token, estúdio canadense formado por veteranos da indústria dos videogames e acostumados em fazer jogos Triplo A. Sendo assim, mesmo sendo o jogo inicial da desenvolvedora, não é como se fosse um jogo indie de terror, com uma equipe em começo de carreira. Aqui vimos pessoas que já sabiam bem e é notável que em diversos aspectos, o jogo mostra bem que teve muita competência, já lançando pra PS5, PC (Via Steam) e Xbox Series.
Infelizmente a desenvolvedora cometeu o erro que muitos jogos Duplo A cometem... Que é cobrar o preço de um Triplo. Eu não sei bem o que as leva a isso... Se é um preço de produção extremamente elevado que as faz esquecer que não adianta cobrar caro se o público não quiser pagar, ou se eles veem que está ficando tão bonito, que realmente pensam que fizeram um jogo Triplo A, mas que o público vai olhar e perceber que não é.

Não estou falando que o jogo é de má qualidade ou inferior, pois ele tem sim muitas coisas que você percebe muito bem o carinho, e que conseguiria encantar com facilidade muita gente. Mas o que quero dizer é que enquanto muitos jogos indie deixam pessoas maravilhadas com o que foi entregue, se você cobra um preço de um Triplo A, todas aquelas coisas bem feitas do jogo vão exigir uma qualidade Triplo A do público.
E The Chant foi lançado por R$ 199,00! Não é o preço de um Triplo A, mas , mas passa muito de um Duplo A! Para se ter uma comparação, "A Plague Tale: Requiem" saiu por R$ 169,90 no Brasil, sendo um jogo extremamente aclamado pelo público, com gráficos maravilhosos e que definitivamente conseguiu deixar sua marca. Então o resultado é, se o preço é  caro, a cobrança do público fica pesada!

Enquanto eu fazia a live do jogo no canal da Twitch do Nerd Maldito, algumas pessoas criticavam ele. Mas acho que boa parte da crítica estava realmente ligada a esse preço tão caro. Porque o jogo em si, eu achei muito bom, divertido e cheio de elementos que o tornam uma experiência bastante completa. Não impecável, mas muito superior à maioria de games de terror que temos por aí.
A começar pela ambientação. Eu gosto muito da ideia de não ser apenas um ambiente fechado, mas realmente uma comunidade que te deixa livre pra explorar. Não é um jogo em mundo aberto, no geral são locais com caminhos para você atravessar e que estão interligados, no entanto é como um local assim deveria ser, com trilhas e que você vai e volta em busca dos objetivos. Dá uma sensação de maior liberdade e de quebra ainda adiciona uma atmosfera única maravilhosa.

Existem alguns jogos de horror que se passam em comunidades, como Alan Wake, que acontece na cidade de Bright Falls, mas mesmo lá a sensação é de jornada e fases, se passando em locais da cidade. Já aqui, você vai destravando os locais e se vê voltando. É uma forma inteligente de reaproveitar cenários para fazer novas coisas acontecerem. Mas eles não exageram te fazendo repetir de novo e de novo, o jogo muda o tempo todo. É algo como o sistema de exploração de Silent Hill.
Inclusive é maravilhosa a variedade desse game. Em momento algum eu senti que estava repetitivo. Parece muito uma experiência constante, em que o tempo todo estão acontecendo coisas novas, com novos cenários sendo abertos e uma história extremamente constante que não para. Inclusive acho que o fato dos personagens falarem o tempo todo, dá uma sensação de algo mais grandioso, e não aqueles jogos em que o personagem é mudo do começo ao fim e a história só são textos.
 
A ambientação é tão bacana, o gráfico não é dos melhores e notavelmente ao bater os olhos, você sabe que não se trata de um jogo Triplo A. Mas ele está muito longe daqueles jogos onde os cenários são super vazios. Aqui temos uma penca de objetos  em todo canto. Cada lugar que você vai, vai notar que são cheios de itens para todos os lados, sejam apenas parte do cenário, sejam coisas para interagir.
 
Isso acaba disfarçando bem e pode chamar a atenção. O visual me lembrou muito o de Friday The 13th: The Game, especialmente com o fato de que tem um certo toque de acampamento dos anos 80 em vários cantinhos com cabanas de madeira e vegetação para todo lado. E os itens vão desde cartas, que tem uma curiosa mecânica de você girar a folha que está lendo e vê se tem algo atrás, o que permite muitas vezes ter surpresas como uma reviravolta no que você leu, até rolos de filme que você pode ver em um projetor ou mesmo itens para forjar coisas.

Sim! O jogo conta com o elemento de crafting games, mas não, não é um Minecraft ou um jogo eletrônico de sobrevivência. Aqui temos a coleta de várias ervas e outros itens naturais vegetais, que podem ser desde itens pra consumo imediato, como cogumelos (o jogo tem uma atmosfera hippie muito forte) até realmente juntar itens e criar armas.
Ar armas são todas quebráveis e você as usa para combate direto, até itens de arremesso. É preciso inclusive ficar de olho no tipo de item que você tem e ver como dá pra forjar ele, portanto é melhor de vez em quando dá uma olhada no inventário e fazer bem suas escolhas de como vai utilizar o que tem disponível, escolha ou morra sem ter nada para encarar as criaturas sobrenaturais!

A jogabilidade é basicamente você explorar locais, coletar itens e lutar contra inimigos. Tudo isso feito com uma clássica câmera atrás da protagonista e ela sendo um tanto ágil. Um dos caras que estava assistindo a live não concordou comigo, mas me lembrou de certa forma a jogabilidade de The Suffering, pois assim como ele, The Chant não é um jogo de terror perturbador, e aqui temos algo com susto, mas também um tanto mais agitado.
 

Como todo bom game lovecraftiano, esse aqui tinha que ter o elemento sanidade! Na verdade são três atributos básicos. A vida, que se perder toda, você morre, a sanidade, que se chegar a zero, você não pode fazer mais nada e precisa fugir para uma zona segura para diminuir o ataque de pânico, e a energia para usar suas habilidades especiais.

Enquanto não é preciso grandes explicações sobre a vida, a sanidade é algo interessante. Ao entrar em zonas escuras, ela começa a diminuir imediatamente. E o mesmo acontece enquanto você entra em uma zona dominada pelas criaturas e em combate com elas. Apesar de tudo, não é um jogo de dar medo nesse quesito. Com o uso de itens, dá pra recuperar, então ao menos na dificuldade normal não foi um problema pra mim.
Inclusive acho que eles poderiam ter trabalhado melhor nisso, talvez fazendo diminuir mais rápido, aí sim acho que poderia se encaixar como um survival horror e ter o tão desejado elemento para torná-lo um verdadeiro game de terror perturbador, com aquele medo do seu personagem enlouquecer nos momentos mais inoportunos.

Já a energia é usada para duas coisas, a primeira é você se concentrar bem no "estilo zen" e fazer a sua sanidade voltar, o que é uma mecânica bacana pra caramba. Enquanto a segunda é a possibilidade de você usar habilidades especiais que vai liberando no jogo. Sinceramente, eu mal usei e no teclado tive dificuldades eu compreender como liberar elas, mas se já achei o jogo fácil, me pergunto como seria soltando criaturas perseguidoras e fazendo cristais que causam dano saírem do chão.
O jogo conta também com a possibilidade de fazer upgrades na personagem, com uma árvore de habilidade que também achei meio confusa e às vezes eu não sabia se tinha ou não os itens necessários para fazer uma atualização. As cores usadas me deixaram meio perdido... Demorou um bom tempo pra eu começar a distribuir os pontos. Mas você pode tanto melhorar seus atributos, quanto aperfeiçoar os efeitos de itens em você.

O visual dos inimigos é bastante único, e ao invés de usarem monstros lovecraftianos padrões, que parecem só um monte de carne, temos inimigos plantas. É como se a outra dimensão fosse dominada por uma gigantesca flora. E nos textos que você vai encontrando, vão deixando claros os estudos sobre esses seres, cada tipo e como agem.
Certas partes do jogo estão infestadas por um portal interdimensional que foi gerado por uma imensa flor. As criaturas que vivem nessa área só existem ali, portanto você pode de repente entrar e ter que lidar com vários monstros e ao colocar o pé pra fora, eles simplesmente vão desaparecer, junto com toda a vegetação que você viu.
Ao destruir a flor, toda a área também some, portanto se você conseguir destruir ela, pode acabar com vários monstros de uma só vez. Inclusive é muito difícil não lembrar do universo invertido de Stranger Things, tanto pelo toque de ambiente antigo do lugar, quanto pelo design dos monstros que lembram bastante o Demogorgon. Então atravessar uma dessas áreas, faz você se sentir na série da Netflix. E a correria com monstros, dá um toque bem atmosférico. Já a versão maligna dos personagens acaba lembrando facilmente o clássico O Enigma do Horizonte ou o bizarro Do Além.
E assim, temos um combate agitado, onde você pode correr com facilidade, precisa atacar os inimigos na maioria do tempo com ataques corporais, e pode também desviar de seus ataques. Ele não é algo do tipo Resident Evil 3 Remake, que apesar da câmera atrás da personagem, você sente aquele peso e sabe que não vai ter muita agilidade se um monstro aparecer, sendo fácil ele te atingir enquanto você tenta escapar.
 
Os puzzles são muito constantes e variados, o que é uma pontuação enorme para o jogo. Desde guiar a luz de vários cristais para um farol, até localizar as peças que vão permitir fazer um moinho voltar a funcionar. Os caras não ficaram repetindo as mesmas coisas, você sente que tá evoluindo o tempo todo enquanto vaga pela ilha.
Uma das coisas mais bacanas que tem na ilha, e que dá um toque inesperado à coisa, é a presença da entidade chamada Angie, uma mulher formada por um enxame de moscas, que anda pelo lugar e aparece do nada, causando aquele desespero. É algo semelhante ao que tivemos com o Mr. X em Resident Evil 2 Remake. É bem incrível sair pulando janela e se espremendo por brechas só pra ver o enxame atravessar com facilidade.

Infelizmente chegamos ao ponto que sinceramente, ao meu ver, é o que mais desvaloriza o jogo e que faz ele parecer bobinho. Por mais que tenham muitas mecânicas, cenários lotado de itens, história constante, o que eu acho que faz o jogo parecer bobo, não é a limitação gráfica dele, mas sim a movimentação da personagem.
A movimentação é UMA DESGRAÇA! A personagem quase o tempo todo fica com os braços um pouco levantados um pouco para os lados, como se estivesse em alerta, mas não é nada natural, fazendo parecer um bonequinho. A corrida é a mesma coisa, parece tão falsa... Não existe uma sensação de algum impacto, parece que ela está voando no cenário, mexendo os bracinhos.

A movimentação de combate então... HORROROSA! Balançar o braço de um lado para o outro sem parar até o inimigo morrer é algo bem desanimador. Deveria ter no mínimo uma movimentação frequente com o ataque indo em outras direções. Mas só balançando desse jeito, faz parecer um joguinho bobo de PS1.
A única coisa que tenho que dizer que ficou maravilhosa nos combates, foram os desvios. Nisso sim eles capricharam muito e é um contraste absurdo. Quando um inimigo vai te atacar, se você apertar o botão de desvio e ir pra trás, por exemplo, a personagem pode só se afastar, mas muitas vezes ela tropeça, cai e se arrasta pra se levantar rapidamente. Ficou muito natural, mas infelizmente não salva o resto.

O jogo não conta com dublagem em português, o que eu normalmente não reclamaria, especialmente porque conta com legendas em português. No entanto, levando em consideração que esse jogo conta com 8 dublagens, incluindo dois tipos de espanhol e russo, sendo que ele nem ao menos foi lançado na Rússia e é um jogo de 200 contos... Bom... Acho que faltou uma pesquisa de mercado aí, né? Ou será que eles pensam que falam espanhol no Brasil? Um dos maiores mercados gamers do mundo?
Enfim, o horror é algo que se difundiu de várias formas, e indo desde singleplayers com horror pesadão como "Fatal Frame" a multiplayers populares como "Mimicry: jogo de horror online", eu queria muito achar mais jogos como The Chant. Enquanto ele não é um terror assustador, conta com alguns sustos, sendo um jogo de ação obscuro e isso me agradou muito. Não é um jogo perfeito, mas me divertiu demais! Eu acho que vale a pena. E você? Acha que a Jess conseguiu relaxar depois desse retiro espiritual? kkkkk. Confira mais coisas legais que postei no blog hoje.

The Chant foi lançado para Sony PlayStation 5, Microsoft Windows, Microsoft Xbox Series X e Microsoft Xbox Series S. Caso queira comprar jogos baratinhos, recomendo sempre dar uma olhadinha no preços das keys da Steam (e outras lojas) à venda na GMG, muitas vezes os preços deles estão bem abaixo do normal, e comprando keys lá, você acumula XP, que gera várias vantagens como descontos extras nas próximas compras e até jogos grátis! Dê uma conferida aqui.

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