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Euphoria | Controversa série adolescente focada no público adulto da HBO

Essa é uma daquelas séries que acabam sendo fantásticas por inovar muito em uma fórmula já existente há séculos. No caso, a típica trama adolescente, sobre os dramas e dilemas envolvendo a juventude, assim com o seu contraste com gerações antigas. No entanto acaba se destacando por ir além e pegar esse plano tão superficial e transformar em algo realmente profundo, indo mais além do que já foi apresentado até então.
 
Essa temática já pôde ser vista incansavelmente por aí, indo desde obras completamente tranquilas como "Teen Wolf", até obras que vão além e entram em temáticas mais pesadas, como foi o caso da polêmica "Os 13 porquês", no entanto mesmo essa última dá pra sentir que apesar de temáticas pesadas e sempre em cada temporada ter ao menos um episódio com uma cena bizarríssima que fazia gente passar mal, os produtores se seguravam no tipo de coisa a ser mostrada.
A história tem foco em múltiplos personagens, mas focando especialmente em Rue Bennett, uma adolescente que sofre de distúrbios mentais que acabaram a fazendo cair no mundo das drogas e tendo que lidar com isso. Logo acaba conhecendo Jules Vaughn, uma garota transgênero que chega à cidade e acaba se tornando uma grande amizade.

Você já nota que os personagens principais já variam ao ser uma dependente química e uma menina transgênero, diferenciando da maioria dessas obras, como "The Hard Times of RJ Berger", em que o protagonista é o Nerd, como quase todas as histórias do tipo.No entanto só isso não é o suficiente para fazer algo realmente diferente, afinal já tiveram outros dramas adolescentes onde o protagonista não era nerd.
E claro que tinha algo a mais, sendo algo da HBO Max, responsável por tantas obras grandiosas que misturaram temas clichê com elementos bem adultos, tipo "True Blood", "Game of Thrones" e "Westworld", tinha que ter algo a mais. E isso se intensifica bastante com o fato de que tem a produção da do sombrio estúdio A24, que tem sintonia  total com a HBO, sendo a responsável por filmes como "A Bruxa", "Hereditário" e "A lenda do Cavaleiro Verde".
 
E o grande destaque aqui vai para a forma tão natural com que as coisas aparecem e são narradas de maneira tão mais explícita e direta ao ponto. Não existe espaço para você apenas imaginar o que é algo, e pelo jeito a HBO quis dar um passo além. Então entram em temas delicadíssimos como sexo com menores de idade e os prazeres e usar drogas.
Obviamente é algo complicado especialmente porque pode causar influências em menores de idade e é exatamente por isso que a série não é voltada para menores, o que por si só já é complicado, já que é algo naturalmente atraente. Não apenas por sua temática, mas por todo o seu glamour, com uma fotografia vibrante e um selo +18 que é praticamente um "Quebrem as regras, venham assistir!".
 
Doenças mentais são abordadas de forma intensa, não apenas apresentando que a pessoa é perturbada, mas entrando na mente dela e construindo bem o que uma pessoa com problemas sente. Já no primeiro episódio é mostrado de forma visual a protagonista ainda criança contando algo no teto e caindo no choro com os pais atrapalhando a contagem, mas sem ela conseguir se expressar sobre o que tinha de errado.
Em diversos momentos a coisa é explicada de forma mais detalhada, com narração da Rue sobre aquele sentimento. E isso se estende para todos os personagens, já que como narradora, ela é colocada como onisciente, sendo assim, toda vez que aparecem detalhes sobre sentimentos dos outros, a narração verbaliza isso.

Outro tema recorrente é o uso de drogas e dessa vez de uma maneira interessante pra caramba ao apresentar uma sequência de recaídas da personagem, chegando a dar agonia, mas também mostrando isso de forma mais profunda. Inclusive em um dos episódios especiais extras da primeira temporada, temos uma gigantesca conversa de lanchonete em que falam sobre como as pessoas veem drogados meramente como vagabundos e não como doentes.
É algo que pode acabar irritando muitas pessoas, pois foge do padrão demais. A personagem não fica limpa e pronto. Ela tem as suas épocas em que tenta, vê o desespero da mãe e de irmã, mas ainda assim, quando vê remédios em algum lugar, ela não consegue se segurar e vai lá pegar. Transmitiram muito bem isso. E inclusive acaba sendo algo perigoso para certas pessoas assistirem, pois não é mostrada apenas a parte ruim de usar drogas, mas como algo que causa prazer intenso, de maneira "mágica". 
 
Isso é algo pouco mostrado, pois até mostram o prazer de personagens, mas só de forma superficial, por fora. Mas aqui, temos a protagonista dizendo o quanto acha bom usar drogas, e é filmado o que ela está vendo, de forma intensa. E obviamente existe um sentido, afinal de contas drogados não usam drogas pra se sentir mal. Só que aí entra aquele problema que é quando alguém com tendências, assiste isso... A pessoa pode começar a pensar em usar "só pra ver como é" e o resultado é cair em desgraça.
E claro, como toda obra da HBO, não poderia faltar um nudismo constantes de personagens, e dessa vez curiosamente o foco é muito mais no masculino do que no feminino. O nudismo de homens é bem frequente e pelo jeito ela decidiu dar um passo a mais e o que maias aparece são pintos duros, sejam personagens, sejam fotos aleatórios. É mostrado de forma descaradamente explícita.

Esse elemento é mostrado para transmitir a naturalidade da coisa, inclusive os desejos são muito falados. Temas ousados são abordados, como menores de idade sentirem prazer. Por exemplo uma das histórias sobre uma garota de 14 anos que transou com um cara de 40 e ela é que estava no controle da coisa. Obviamente um tema delicado desse é bem escandaloso para se tratar.
O mundo digital é apresentado como algo cheio de possibilidades, desde os problemas que jovens passaram a ter que enfrentar, com uma exposição cabulosa, até a tentação de ganhar dinheiro online com sites para adultos, a presença de fakes e manipulação, as chantagens e mais. Coisas que não eram problemas para gerações anteriores são colocadas bem em foco.

Cada episódio tem foco em personagens diferentes, mostrando o passado deles e problemas próprios. Então você vê a infância e questionamentos, dúvidas, medos, descobertas, vitórias. Essas partes são bem interessantes especialmente porque dá espaço para mostrar os problemas mais variados de pessoas de todos os tipos, desde o garoto que viu seu sonho de atleta ir pro ralo, até o homem que se apaixonou pelo melhor amigo.
Como é comum nesse tipo de série, aqui não tem personagens 100% bons e 100% malvados. Vemos virtudes nas pessoas, assim como problemas cabulosos. Dá pra notar que são personagens movidos pelos desejos. Na verdade acho que desejo é o melhor sentimento para descrever essa série, pois fala sobre isso e como move as pessoas.

Enfim, tá aí uma ótima série focada no público adulto. Tem momentos dos mais variados, desde partes engraçadas em que a série brinca com ela mesmo, quebrando a quarta parede e apresentando ao público coisas inusitadas, até dramas complexos que fazem refletir sobre certos tipos de pensamentos e o certo e errado, com personagens imperfeitos. Recomendo demais!

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