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Mortal Shell | Para quem se sente órfão de Dark Souls

Esse é um jogo que foi paixão à primeira vista. Uma surpresa no anúncio e sendo um baita fã da franquia Dark Souls, eu queria o mais rápido possível, o que foi a segunda surpresa, já que normalmente jogos assim são anunciados para muito tempo depois, mas esse saiu apenas quatro meses depois e ainda teve um beta aberto antes. E agora que zerei, chegou a hora de fazer aquela análise com meu ponto de vista.

A história se passa nas terras de Fallgrim e você é um ser que lembra o que já pode ter sido um humano e vaga por esse ambiente desolado, cheio de ruínas, bandidos e criaturas, além de locais com segredos e seres antigos. Por algum motivo, antigos guerreiros caídos podem ser vestidos, e aos poucos você vai se tornando eles ao ganhar suas lembranças e habilidades.

Esse jogo dividiu um pouco as opiniões assim que foi anunciado. Tiveram os fãs de Dark Souls que ficaram absurdamente animados, e tiveram os que odiaram de imediato exatamente por se parecer até demais com o jogo da FromSoftware. Como já disse, eu estava no primeiro grupo, então a expectativa subiu ao extremo, o que foi péssimo, já que vocês sabem o que acontece com quem tem a expectativa alta demais, por mais que algo seja bom, você já estava preparado ou esperava demais, o que faz a coisa não brilhar tanto como quando você não espera nada.

Por sorte, graças a isso eu já tinha uma colher de chá para dar ao jogo, afinal de contas a culpa não é da desenvolvedora se eu sonhei muito. E infelizmente aconteceu exatamente o que eu esperava, notei que o jogo é bom, foi muito divertido jogar, eu fiquei horas seguidas vagando pelo mundo, mas ao terminar, bateu aquela sensaçãozinha de que estava faltando alguma coisa, e talvez seja mais tempo de jogo, porém talvez não seja isso, afinal para o primeiro jogo de um pequeno estúdio, a coisa tem muitos detalhes que se destacam.

Bom, o jogo parece uma mistura de três obras, Dark Souls, Sekiro e Blasphemous. Esse é um jogo do gênero soulslike com sua essência pura mesmo, então toda aquela mecânica de ataque, defesa e rolagem e a "experiência" ficando onde você morreu e precisando ser recuperada para que não seja perdida para sempre. Não é como certos jogos que prometem ser Souls-like só porque são difíceis.

Mas apesar de parecer com um Frankenstein de mecânicas e elementos, existe uma série de coisas que dão um certo toque especial a esse jogo, além é claro dos elementos obviamente inspirados em outras obras. Mas aí vai variar de pessoa pra pessoa se é ou não o suficiente para dar personalidade o suficiente. Infelizmente não achei que foi, mas ao menos a jogabilidade é bem divertida e achei um jogo polido. Não é como jogos misturebas que copiam tudo e saem uma desgraça, como Extintion. Esse aqui copia um monte de coisa e faz elas bem, só que fica aquele climinha de "Tá mas e você, não vai oferecer algo próprio bom também? Só vai mostrar as coisas boas dos outros?". E ele oferece alguns elementos aqui e ali, mas não tão grandiosos quanto as partes principais, é mais como se fossem temperos na jogabilidade e mundo.

Porém algo que adorei no jogo foi em como construíram a mecânica ligada diretamente com a história do jogo. Certos elementos não são só barrinhas cheias de energia, são elementos com sentido e que você entende o significado daquilo e a conexão com seu personagem e o resto do mundo. Isso ficou bastante interessante.

Mas bom, antes de tudo vou falar sobre as coisas que achei semelhantes a outros jogos. Primeiramente Dark Souls é a coisa mais óbvia e inclusive não tem muito do que se falar. O visual é parecido, a atmosfera é semelhante (apesar de eu não achar tão tristonho, mas ainda assim é Fantasia Sombria), a mecânica de Soulslike, o visual exótico de certas criaturas e assim vai. 

Provavelmente esse é o jogo mais parecido com Dark Souls que foi feito após o lançamento do jogo da FromSoftware. Isso porque tivemos vários soulslikes, mas cada um tentava se afastar (muito provavelmente pra evitar comparações), tipo Hollow Knight, The Surge, Pharaonic, etc... O único que não teve vergonha de realmente CLONAR Dark Souls, foi Salt & Sanctuary, no entanto ele tem a carta na manga de dizer "Ah, mas eu sou 2D, então tá tudo bem!". Já esse aqui você vê tudo na lata mesmo, pois alguém que não jogou Dark Souls, mas conhece, certamente poderia facilmente não saber diferenciar.

Em relação a Sekiro, a coisa está relacionada à jogabilidade mais frenética. Seu personagem é extremamente mais ágil do que um cavaleiro medieval normalmente seria. Então enquanto você pode jogar de um jeito clássico e estratégico, pode ser que você seja bom o suficiente em apertar o botão de defesa na hora certa e assim gerar uma abertura na defesa do inimigo, que é idêntico à aquele ponto vermelho que temos em sekiro, então é só apertar ataque e finalizar ou causar um dano cabuloso se o inimigo for forte demais.

Se você for bom o suficiente e estiver com a carcaça e arma certa, pode ser que seu jogo seja absurdamente rápido, correndo pra cá e pra lá enquanto usa habilidades bem ágeis. Já visualmente não é nada parecido com Sekiro, porém alguns fãs podem se sentir bem à vontade com o que esse aqui tem a oferecer nesse quesito.

Já em relação a Blasphemous eu vi uma semelhança especialmente em relação à história, que tem um foco forte na religiosidade. Em deuses e seus adoradores, nessa sensação de penitência e de se estar sofrendo por causa dela. Você acha frequentemente mensagens pelo mundo que fala sobre as crenças presentes no lugar.

Outra coisa um tanto indireta que me lembrou, é que assim como Blasphemous, Mortal Shell teve esse probleminha de ser algo grandioso, ambicioso demais, visual fantástico e uma ideia naturalmente atraente, mas que acabou passando essa sensação de meio curto demais, de algo compacto que tinha um potencial para ser maior, mas que você lembra que foi feito por uma desenvolvedora indie.

Ele se encaixa dentro de um grupo de jogos de "Pequeno mundo semi-aberto", que tem sua elegância, mas acabam parecendo uma miniatura. Por exemplo Absolver e Blade & Bones, que tem toda uma mitologia e ambientes com seus mistérios no mundo, mas rapidamente você chega a certos pontos do mapa. No caso aqui usa aquele estilo de Dark Souls 2, que tem caminhos para seguir em direção a certos pontos do mundo. Porém nesse caso só são três pontos onde você precisa matar criaturas que ali habitam e arrancar suas glândulas, sendo que o pântano do centro do mapa acaba sendo um quarto ponto, já que ele tem o mesmo tamanho.

Agora sobre o jogo em si, você é uma criatura humanoide que parecia uma pessoa sem pele, mas com músculos brancos. É possível vagar pelo mundo dessa maneira, mas pare se proteger, você tem que achar carcaças, que são corpos de guerreiros mortos. Infelizmente não é possível fazer isso com todos os personagens, como pode parecer. São apenas quatro, e que também substitui o uso de armaduras, portanto aqui não tem escudos, elmos, essas coisas, tem as carcaças e cada uma delas focadas em um tipo de jogabilidade.

Ao possuir um corpo, você começa a se transformar nele e esse é o sistema de evolução do personagem. Você precisa das lembranças desse personagem para conseguir as habilidades dele. Os pontos de experiência gastos não surgem apenas com você lutando, eles caem de forma completamente aleatória e são chamados de "vislumbres", pois é como se você fosse alguém com amnésia vagando por um mundo familiar e enquanto faz algo, de repente vem aquele vislumbre de quem você já foi.

Então é um jogo muito focado nessa ideia de memórias, e inclusive os vislumbres também são usados como moeda de troca em alguns comerciantes. Daí você usa da forma mais estratégica que quiser, talvez queira apenas juntar o suficiente para trocar por uma habilidade ou talvez queira usá-los para pagar por um serviço.

Cada carcaça tem seu próprio grupo de habilidades e você pode ir trocando entre eles. Os vislumbres coletados com uma carcaça, ficam associados à ela e se você trocar de corpo, não são transferidos. Isso acaba te incentivando a jogar mais com a carcaça que mais te agradar. Ou se você for um bom estrategista, identificar os perigos de um local e voltar à torre inicial onde os corpos ficam repousando ou usar uma efígie de invocação para trocar de corpo.

Além dos vislumbres, tem a própria moeda do lugar, o TAR, que pelo o que entendi, é algo vegetal parecido com carne. Ele é usado para comprar itens e equipamentos, sendo coisas como upgrades para suas armas, consumíveis que aplicam certos efeitos a você e munição para uma arma de longo alcance chamada balistazuca.

Os itens tem uma das mecânicas que mais me agradaram no jogo, especialmente porque eu sou bem mão de vaca e costumo deixar de usar itens em soulslike, sempre pensando "Vou usar na melhor hora" e com medo de gastar, daí zero e estou com tudo. Mas nesse você só descobre pra que servem se você os usar. Daí você acaba não tendo nada a perder, pois só vai descobrir se utilizar mesmo.

E o melhor é que tem uma mecânica de familiaridade e quanto mais você usa, mais se familiariza. Após o primeiro uso, se você usar X vezes mais, destravará a familiaridade e vai receber mais informações sobre como ele funciona ou até mesmo um bônus, como durar mais ou ter um efeito mais potente que o normal.

Achei legal como foram delicados trabalhando nesses itens, por exemplo tem um que é pra te deixar imune a veneno por um certo tempo, mas na primeira vez que você usa, você fica envenenado. Isso acaba sendo meio que uma simulação, onde seu corpo vai se acostumando a aquilo e por isso fica imune a veneno.

Também tem outros elementos relacionados a status. Por exemplo tem a barra de determinação, que você usa pra aplicar certas habilidades. Você ganha determinação lutando, perde fazendo coisas ousadas, mas também varia usando itens. Um deles é o pão podre que recupera vida, que você só pode comer se tiver determinação, pois tem vermes nele, mas se não estiver determinado, não vai rolar e ao chegar no nível máximo de familiaridade, você libera uma descrição do tipo "Não é precisa tanta determinação pra aqueles que são acostumados a comer lixo". Outro item é o álcool de má qualidade, que você bebe e te faz perder saúde, mas assim como o efeito do álcool te deixa determinado a fazer coisas ousadas, você ganha determinação.

A princípio eu sofri com o combate do jogo, sem entender muito bem, mas assim que pegou, ficou realmente suave. Tão suave, que acho que poderia ser um pouco mais difícil. Não sei dizer se foi só comigo, pois achei Sekiro um inferno muito mais difícil que Dark Souls, enquanto um amigo meu achou ele mais fácil. Então talvez aqui varie de pessoa, mas ao menos ao meu ver, me pareceu bem facinho.

O negócio é que o combate tem um elemento peculiar, que é o enrijecimento. Essa mecânica permite que seu personagem vire pedra a qualquer momento. Então se por um lado o jogo não tem escudo, ele pode se petrificar, e só voltar ao normal quando você quiser ou quando for atingido. Isso gera um combate muito bonito e esquisito (especialmente contra inimigos que também se petrificam). Você vai variando entre rolar e se petrificar, mas é possível fazer isso a qualquer momento, mesmo enquanto ataca, então se você errou o tempo e for rápido o suficiente, pode virar pedra e evitar tomar um ataque.

Um elemento fantástico que achei, foi a névoa. Ao matar um chefe de um lugar e arrancar a glândula, o cenário automaticamente fica escuro e ao sair, tá uma densa névoa cheia de monstros e aparições. O caminho de voltar é muito mais difícil do que o de ir aos lugares. E o que antes eram acampamentos de bandidos, estão cheio de cadáveres com esses seres os devorando.

Existem duas formas de acabar com a névoa, pagando com um vislumbre ou chegando até a torre e entregando a glândula a um gigante aprisionado. No entanto algo muito bacana, é que você pode escolher vagar pela névoa, pois terão mini chefes e baús que somente ficam abertos quando o ambiente estiver nessas condições, e inclusive é possível pagar para fazer a névoa surgir pra você ir se aventurar.

Agora sobre os inimigos, tem seus altos e baixos. O visual é no geral bacana, tem alguns personagens legais, mas outros bem genéricos. Acho que poderiam caprichar um pouco mais nos chefes. Notei que há um esforço no chefe final, mas não é tão épico quanto poderia ser e quanto aos três chefes das glândulas, apenas um realmente me chamou a atenção, os outros não me surpreenderam muito, apesar de serem bem diferentes uns dos outros.

Já os inimigos normais, são no geral normais, alguns se destacam e são realmente bonitos visualmente. Agora o maior problema sem dúvidas é que a maioria dos inimigos de estatura normal e homens andam como se fossem gantasters de GTA, andando largadões, balançando os braços e meio que rebolando, até fazem o sinal de apontar pra você e fazer o gesto de cortar o pescoço. É bem ridículo e quebra muito o clima essa movimentação.

A inteligência artificial é meio fraca e apesar de darem um imenso dano e muitas vezes eu fugir, não dá pra deixar de notar coisas como os inimigos desistirem rapidamente de te perseguir ou simplesmente ficarem presos no cenário, tentando te atacar, ao invés de desviar do lugar para te perseguir.

Visualmente o jogo é maravilhoso e só vendo imagens e vídeos, pode facilmente ser confundido com um Triplo A. São ambientes grandiosos, a movimentação do seu personagem lutando é muito legal, as habilidades que ele solta são bastante grandiosas e combinadas com o combate de petrificação acabam apresentando uma mecânica bem gostosa.

Por outro lado você percebe que a equipe foi bem estratégica na seleção de elementos, pareceu algo meio semelhante ao que tivemos em Vampyr, que só olhando é lindo, mas você vê que a interação com o cenário é meio limitada, a maioria dos objetos não caem no chão ou ao menos são atingidas, é como se fosse tudo ali petrificado. Isso me fez sentir uma certa falta, mas deu pra aguentar.

Enfim, ótimo jogo feito por uma equipe minúscula. Acho que se tivesse mais gente e investimento poderia ser surreal de bom, mas com os recursos que tinham, gostei demais, acho que vale muito a pena. Recomendo sempre dar uma olhadinha no preço dele na Greenman Gaming antes de comprar na loja direta, algumas vezes os preços deles estão bem abaixo do normal, e sempre lembre de olhar os cupons de desconto que eles espalham pelo site, que deixa a coisa mais barata ainda, dê uma conferida aqui.

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