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3% - A primeira série brasileira da Netflix

Hoje vou falar sobre uma série que deixou muita gente empolgada ao receber o anúncio de que a Netflix iria bancar. O negócio é, uma empresa grande assim, e conhecida por suas séries de qualidade, bancando um produto nacional é o tipo de coisa que naturalmente empolga. Apesar de tudo com o seu lançamento acabou dividindo o público entre pessoas que amaram e aqueles que odiaram completamente.

A história se passa em um ambiente futurístico e caótico onde apenas três porcento da população pode viver em um lugar bom com alta tecnologia, medicina avançada e boas condições de vida em geral. No entanto o resto da população vive em um ambiente desolado, sempre com conflitos e injustiças. Qualquer pessoa que faz 20 anos tem uma chance de viver entre esses 3%, mas para isso é preciso passar por uma série de provas cruéis.

Em 2011 eu tinha postado aqui o episódio piloto da série 3%, naquela época os produtores estavam procurando uma emissora de TV pra bancar o resto da série. Infelizmente nenhuma deu bola, e no fim das contas a ironia foi uma empresa gringa que acabou bancando a coisa e lançando em 2016. Isso gerou um imenso hype e fazendo algumas pessoas se revoltarem com o resultado final.

Mas acho que é preciso abrir um pouco a mente sobre o assunto. Eu realmente estava esperando uma série com o mesmo padrão de outras obras da Netflix, então foi uma surpresa quando vi algo que é notável a carência de cenário. MAS acho que é aí que temos que dar uma paradinha pra olhar o que tem por trás da coisa, detalhes da produção.

Tem muita gente descendo o cacete e comparando com séries como House of Cards. Mas o negócio é que não é porque somos brasileiros e somos coitadinhos, e tudo nosso não presta. A coisa aqui é dinheiro mesmo. A primeira temporada de 3% custou 3 milhões de dólares, parece muito não é? Daria pra fazer uma série no futuro, cheio de efeitos especiais, cenários cabulosos e tal. Pois é... Se você pensa assim, saiba que cada episódio da primeira temporada de House of Cards, que nem no futuro é e não precisa de cenários cabulosos, custou em média 3.5 milhões, as vezes passando de 4 milhões.

Estão entendendo o negócio aqui? Infelizmente a Netflix não deu horrores para a produção de 3%, pareceu mais um apoio para fazer o projeto sair e não uma série caríssima e estrondosa divulgada por todos os lados. 3 milhões parece muito, mas é uma grana que voa, pagamento de todos os envolvidos (quem monta o cenário, produção, atores, diretor, etc), aluguel de lugares, itens personalizados, o dinheiro é gasto sem parar quando se está produzindo algo, e fazer uma temporada inteira com isso aí é realmente um sufoco.

Então, uma coisa que é preciso se evitar de imediato, é comparar com séries absurdamente caras, pois é completamente injusto. É necessário observar a obra como ela é de verdade, algo pequeno que foi bancando por uma empresa muito amada.

Mas bom, agora sobre a série, eu realmente não gostei da fotografia colocada, o episódio piloto tinha uma fotografia sombria, todos os personagens vestidos de cinza. Essa nova é muito vibrante, não entendi o que o diretor de fotografia quis passar. Ainda mais com as roupas, todas em cores vibrantes, o que faz parecer que você tá assistindo um teatro excêntrico, daqueles apresentados em eventos culturais onde os atores apresentam linguagem corporal.

Creio que o baixo orçamento já era algo que deveria fazer eles tentarem correr da ideia de parecer uma peça de teatro sendo filmada, e não impulsionar ainda mais colocando essas roupas nos personagens. Cadê o cinza? Cadê a tristeza? Talvez tenha alguma mensagem que eu não tenha conseguido notar, mas realmente não gostei.

Não costumo julgar muito a atuação, mas tem uns personagens que achei uma verdadeira desgraça! Por outro lado, vi que muita gente amou exatamente a atuação dos atores que detestei e odiou a dos atores que gostei demais. Além disso em análises gringas, vi que essa opinião também é confusa entre eles, alguns amam, outros odeiam. Então vai entender né? Parece até algo subliminar que mexe com a percepção das pessoas.

Adorei a atuação da atriz que faz a personagem chamada Joana, ela passa uma sensação imensa de que é uma baita de uma víbora quietinha pronta para dar o golpe, mas não dá vontade de odiá-la. Me pareceu tão natural a sensação de que é alguém que tá tentando sobreviver a qualquer custo e não fazer maldades ou bondades. Ezequiel é outro personagem que acho que o ator fez um espetáculo, ao meu ver ele faz até todos os outros atores parecerem amadores.

Uma coisa que gostei demais na série foram personagens não padrões. No começo eu jurava que tava tudo formado, o loirinho bonitinho só ia fazer bondades, a garota com carinha de criança inocente ia namorar ele no final, e bla bla bla. Mas não demora muito para que cada personagem mostre que não tem nada de formado. Eles realmente tem bem e mal e são personagens com erros. Você não se apega a ninguém como herói e não tem essa de os personagens passarem pelo processo sem melar a mão de sangue porque são bons e maravilhosos, todo mundo tem seus podres e isso gera boas reviravoltas.

Cada episódio conta a história de um personagem, mostrando o presente e flashbacks que te fazem conhecê-lo. Gosto bastante desse formato e acredito que caiu muito bem aqui, especialmente porque são vários candidatos e você começa a torcer por alguns deles, fazendo ser uma boa conhecer qual a sua motivação de entrar no processo.

Enfim, acho que o que mais matou 3% foi o alto hype gerado. Como falei, eu também pensava que era uma série que receberia o orçamento de outras obras com o selo Netflix, mas infelizmente trata-se de uma obra bem barata e que é preciso dar uma colher de chá. Eu gostei bastante, recomendo assistirem, mas sem compromisso, sem um olhar pesado na coisa. São apenas 8 episódios a primeira temporada, então dá pra ver rapidinho.

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