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O Eleito | Polêmica série que aborda religião com elementos de terror e adapta HQ famosa

Revistas em Quadrinhos causam um impacto natural quando são diferenciadas, e é por isso que obras como Fence acabam atraindo tantas pessoas de forma natural ao apresentar um ambiente muito diferente. E enquanto isso a ideia do "Escolhido" pode ser bem clichê, mas consegue atrair muitos fãs, e você pode ver isso com as notas monstras que aquele Box de Percy Jackson conseguiu atingir, um personagem ligado ao divino. Mas o que acontece quando você une os dois? O autor Mark Millar sempre gostou de chocar, sendo o criador daquela HQ tão polêmica que Hollywood não teve coragem de adaptar, e hoje vou falar sobre uma adaptação de uma de suas obras mais delicadas. Chosen!

No ano de 1999, Jodie é um menino de 12 anos de idade que sempre viveu de uma forma muito estranha. Apesar de ser americano, sua mãe é paranoica e sempre o treinou para fugirem, pois diz que estão sendo perseguidos. Graças a isso, cresceu em uma pequena cidade no México. No entanto, tudo começa a mudar quando ele percebe que tem os mesmos poderes de Jesus Cristo. Isso faz com que eles e os amigos comecem a consultar a bíblia para ganhar dinheiro ao fazer truques, mas assim que a comunidade percebe que é algo real, um culto se inicia e isso chama a atenção daqueles que sua mãe se escondeu a vida toda.
Há muitos anos atrás eu escrevi uma matéria sobre American Jesus: O Eleito (American Jesus Volume: Chosen), e se tornou um dos meus quadrinhos favoritos. A proposta era muito inusitada, com um menino sofrendo o choque de se ver como a reencarnação de Jesus, e tendo que lidar com isso. Foi uma ótima ideia abordar algo assim e causar aquela reflexão ao leitor se ele não usaria para benefício próprio.

Essa série quase passou despercebida por mim. A verdade é que eu não tinha a mínima ideia de que ela existia e encontrei bem por acaso. Simplesmente não ouvi ninguém falar sobre, mas assim que vi, já comecei a torcer pra que funcionasse bem, já que é uma obra que esperei por anos a sequência e desisti. Inclusive só quando assisti a série que fui atrás de novo e vi que tinham lançado uma continuação (Não busquem sobre se não quiserem spoilers cabulosos).
Uma grande surpresa foi ver a série ser ambientada no México. Isso me fez mais uma vez reforçar a minha teoria de que os americanos cansaram de ambientações nos EUA, e passaram a se atrair por ver algo diferente do que eles conhecem. Graças a isso temos obras primas como Copenhagen Cowboy, ambientada no submundo do crime dinamarquês. Mas até coisas nos Estados Unidos começaram a se esforçar pra ter uma ambientação peculiar. É só ver American Horror Story: NYC, que se passa em Nova Iorque, mas no submundo dos anos 80, ou mesmo Servant, que em todas as temporadas, eu tinah que me esforçar pra lembrar que ali era os EUA, porque parecia diferente demais.
 
E no caso dessa, eu fiquei bem confuso, pois pensava que se tratava de uma série americana ambientada no México, até porque o ator Bobby Luhnow parecia demais um americano mesmo (mas ele é ing. Mas a real é que se trata de uma  co-produção internacional. E o elenco inteiro fala espanhol, e parte dele inglês. Mas o protagonista nasceu em Londres, filho de um pai Mexicano-Americano e uma mãe inglesa, cresceu entre o México e Inglaterra, por isso fala inglês e espanhol perfeito.
Sendo assim, a língua original desse seriado de TV é espanhol, inclusive o nome original é "El Elegido", e você pode ver nos créditos que tudo está em espanhol. Dessa forma, dá pra dizer que a produção é muito mais mexicana do que americana. Apesar de tudo, teve a participação direta do quadrinista Mark Millar, que inclusive comentou que a ambientação facilitou muito as coisas. Isso porque com o passar dos anos, ele evoluiu a ideia e dá pra ver bem. Existem muitas mudanças, e apesar da HQ ter seu charme, não dá pra negar que a série trabalhou muito mais seus elementos.
 
A valorização de outras culturas é algo que se tornou global nos mais variados tipos de mídia. As próprias redes de streaming fazem investimentos em vários países. Isso acaba tendo múltiplos benefícios, pois além de baratear o custo de fazer o cenário de algo gigantesco e levar uma equipe inteira, pagando licenças adoidado, torna o ambiente único e fornece algo diferenciado. E mesmo com o público americano sendo o principal, por gerar mais dinheiro, empresas veem que é bom fazer investimentos em outros locais e atrair aquele público. Dá pra ver isso por exemplo na homenagem de Mortal Kombat ao Brasil. Algo super nada a ver, mas que foi feito por causa do público local.
Então enquanto os quadrinhos são ambientados em uma cidade americana qualquer, com um monte de crianças que são todas do mesmo tipo, na série a coisa é bem diferente. Ser ambientado em um vilarejo religioso no México deu um charme imenso à coisa e também facilitou muito na hora de ambientar o impacto que a presença do Messias teria por ali. Além de que dá um visual diferenciado que foge do genérico de uma rua de classe média americana como já vimos tantas vezes.

Ainda é explorada de forma mais elegante, a história de cada uma das crianças. E a própria cultura local também tem força aqui. Um dos meninos em especial, tem ligação com povos indígenas do lugar e sua família tem toda a tradição e a coloca em prática. Então, diferente dos quadrinhos, não tem a "Criança A", "Criança B", "Criança C". Aliás, que desempenho bacana o do elenco infantil, e inclusive me surpreendeu.
A série conta com elementos de terror que certamente é o que a diferencia de uma história religiosa tradicional, até porque a coisa é cheia de surpresas. Sendo assim, você verá Jodie frequentemente se sentindo perseguido, ouvindo vozes, e com aparições estranhas o cercando. Inclusive o tom geral da série é mais voltado para o macabro do que o celestial. E reformulações da cruzada de Cristo são mostradas, como a tentação no deserto.
 
Obviamente, sendo uma obra de Mark Millar, e ainda se tratando de algo religioso, dá o que falar! Nós já vimos bem que no mundo dos quadrinhos a treta pode rolar das mais variadas formas, indo desde algo diretamente dentro da indústria, como o caso do criador de Fábulas se vingando da DC Comics da forma mais dolorosa possível, até polêmicas dos fãs com a coisa. E quando se trata de religião, o circo pode pegar fogo.
Nós já vimos que a própria DC já foi alvo de boicote com aquela HQ polêmica de Jesus, e que ela inclusive desistiu de lançar, mas uma editora menor pegou e lançou. E editoras menores já mostraram que não estão nem aí pra isso, é só ver o quanto Escape from Jesus Island é grotesca e apresenta horror e religião sem se importar. E isso se expande para outras mídias, o jogo I, The Inquisitor, mostra um Jesus super vingativo que decidiu usar seus poderes pra dominar o mundo. Então se Jesus Cristo Superstar deixou pessoas chocadas em seu tempo, imagina se vissem esse tipo de coisa?

No caso dessa série, não é algo tão visual quanto as obras citadas, mas eu já imaginava que seria complicada a coisa, especialmente porque série é algo muito mais amplo, e ainda mais com algo relacionado a crianças. Por outro lado o que facilitava um pouco é o fato de que a Netflix já fez uma série parecida, que inclusive eu acho que copiou a essência do quadrinho de "O Eleito", estou falando de Messiah, que aborda um tema super parecido. Além disso, apesar do fator horror, não chega a ser algo bizarro como Crossed. Mark Millar aborda a coisa de uma forma mais sutil, como fez com outras obras também polêmicas, tipo Entre a Foice e o Martelo.
E para quem gosta de obras ambientadas nos anos 90, existe um certo charme nessa. Como se passa à beira da virada do milênio, isso concentra bastante a ideia de fim do mundo e vindo do Messias. Além de curiosamente eles terem também usado o mesmo formato da época, portanto as imagens são quadradas e não widescreen como atualmente. E frequentemente tem coisas como partes gravadas em VHS por um dos personagens, com todas aquelas informações de data e tal.

Enfim, essa é uma série bem pequena de apenas seis episódios e que acho que vale demais a pena. Acredito que a maioria vai gostar, especialmente se for fã de horror. Não acho que a série é perfeita, e que tem certos vacilos que acho melhor nem mencionar pra evitar spoilers, mas me surpreendeu e com certeza tem um charme próprio. Ela foi lançada em 16 de agosto de 2023 pela Netflix. Vocês chegaram a assistir? Atualmente a HQ está disponível em português! Confira:

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Sobre Mark Millar

Mark Millar é um dos nomes mais proeminentes e influentes na indústria dos quadrinhos contemporâneos. Com uma carreira notável que abrange décadas, Millar deixou uma marca indelével no mundo dos super-heróis e das narrativas gráficas, tanto como escritor quanto como criador de suas próprias séries. Vamos explorar a vida, o trabalho e o impacto de Mark Millar na cultura pop e no universo dos quadrinhos.

O Início de Uma Jornada Criativa

Nascido em 24 de dezembro de 1969, em Coatbridge, na Escócia, Mark Millar demonstrou um amor precoce pelos quadrinhos. Sua paixão pela arte sequencial o levou a perseguir seu sonho de se tornar um criador de histórias em quadrinhos desde cedo. Millar começou sua carreira na indústria dos quadrinhos no final dos anos 1980 e início dos anos 1990, trabalhando para editoras britânicas como a 2000 AD e a Fleetway.

O Impacto na Marvel Comics

A grande virada na carreira de Mark Millar ocorreu quando ele começou a trabalhar para a Marvel Comics no início dos anos 2000. Seu trabalho na série "Ultimate X-Men" chamou a atenção da indústria e dos fãs, e logo ele se tornou um dos principais arquitetos do universo Ultimate da Marvel, que apresentava versões reinventadas dos heróis clássicos da editora. Millar é mais conhecido por suas contribuições para os títulos "The Ultimates" e "Ultimate Spider-Man", que ajudaram a revitalizar e modernizar os personagens icônicos da Marvel.

Um dos marcos mais notáveis de sua carreira foi a minissérie "Guerras Secretas" (Civil War), lançada em 2006. Escrita por Millar e desenhada por Steve McNiven, a história abordou questões profundas sobre liberdade civil, segurança nacional e responsabilidade dos super-heróis. "Guerras Secretas" foi um evento editorial de grande sucesso e teve um impacto duradouro no universo Marvel, influenciando até mesmo a produção de filmes do estúdio.

O Universo Millarworld

Além de seu trabalho para editoras estabelecidas, Mark Millar também se destacou como um criador independente de quadrinhos. Ele fundou a Millarworld, uma editora que deu vida a séries originais de grande sucesso, como "Kick-Ass," "Wanted," "Nemesis" e "Jupiter's Legacy." Essas histórias frequentemente se destacam por seu estilo mais maduro, explorando temas sombrios e complexos de uma maneira que desafia as convenções dos quadrinhos de super-heróis tradicionais.

A adaptação cinematográfica de "Kick-Ass" em 2010 e a subsequente sequência em 2013 ajudaram a solidificar a influência de Millar no mundo do entretenimento, levando suas criações a um público ainda mais amplo.

O Legado de Mark Millar

Mark Millar é um autor que transcende o mundo dos quadrinhos. Seu trabalho aborda questões profundas e muitas vezes controversas, desafiando os leitores a refletirem sobre temas que vão além do simples entretenimento. Sua escrita é conhecida por sua ousadia, humor ácido e narrativas inovadoras.

Além disso, Millar desempenhou um papel crucial na popularização de histórias em quadrinhos como fonte para adaptações cinematográficas de sucesso. Muitas de suas criações foram transformadas em filmes e séries de TV, ampliando ainda mais sua influência na cultura popular.

Mark Millar é uma figura essencial nos quadrinhos modernos, cujo impacto ecoa nas páginas das revistas, nas telas de cinema e nas conversas de fãs de todo o mundo. Seu talento como contador de histórias e sua habilidade em desafiar as convenções continuam a inspirar novas gerações de escritores e artistas de quadrinhos. Estamos ansiosos para ver o que ele criará a seguir e como continuará moldando o futuro da narrativa gráfica.

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