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Ex Oblivione - Imagine poder escolher a sua realidade

Sabem, quando eu era criança, eu era um religioso bem firme, eu tinha medo do apocalipse chegar e eu não ser bom o suficiente e ir para o inferno, então era costume eu pedir perdão por certas coisas e tentar mudar em outras que só eram coisa de criança, mas na época era importante ao meu ver e o suficiente para eu ir para o inferno. Graças a esse pensamento firme e preocupado, comecei a filosofar sobre isso de outra vida e muito provavelmente foi um dos pontos iniciais pra eu abandonar a religião e me tornar agnóstico.

No final de minha infância eu comecei a ficar meio deprimido com certas ideias, não gostava de como era o céu, e de forma alguma eu queria ir pro inferno. Não existia o meio termo, ou era um lugar de alegria eterna que sempre me pareceu uma tortura que nos fazia deixar de ser humanos, ou um lugar de tortura eterna, e o que eu tinha mesmo vontade(NA ÉPOCA) era de desaparecer e só, nada de vida eterna. Sendo assim, quando li o conto Ex Oblivione, foi impossível não lembrar desse tempo em que eu pensava em ir para o nada.

Lembro que uma vez no ensino médio, uma amiga minha religiosa falou algo que achei fantástico demais, sobre o inferno não existir, que isso era besteira, e que "o inferno" era desaparecer após a morte, e por isso era o "sofrimento eterno", porque a pessoa tinha a chance de ter vida eterna e não pôde, já que desperdiçou a chance na terra. Eu nunca imaginei que uma crença sem reencarnação pudesse pensar assim.

Nesse conto de H.P. Lovecraft, é apresentado um homem que está cansado das decepções do mundo e então encontra um mundo próprio pra ele, que são os seus sonhos. E assim ele passa a ansiar por se manter dormindo e ficar decepcionado toda vez que acorda, passando a viver mais nessa terra de sonhos que no mundo desperto. Como já devem ter notado, essa história faz parte do Ciclo dos Sonhos.

É incrível o clima que é colocado, há uma tristeza e frustração tão grande com o personagem, mas que se torna calmo e com um pouco de felicidade em poder entrar mais uma vez em um mundo calmo de sonhos. Realmente vale a pena, para quem se interessar pode dar uma conferida aí em baixo:



Ex Oblivione


Quando os meus últimos dias estavam sobre mim, e as feias futilidades da existência começaram a me conduzir à loucura como as pequenas gotas de água que os torturadores deixam gotejar incessantemente sobre um ponto no corpo de suas vítimas, eu adorei o conforto do refúdio do sono. Nos meus sonhos eu encontrei um pouco da beleza que eu procurei em vão durante a vida, e vaguei por velhos jardins e florestas encantadas.

Certa vez, quando o vento estava suave e perfumado, eu ouvi o sul chamando, e vaguei sem fim e lentamente sob estranhas estrelas.

Certa vez quando chuviscava, eu deslizei em um barco por um córrego sem sol, em baixo da terra até eu alcançar outro mundo com um crepúsculo avermelhado, iridescentes caramanchões, e rosas imortais.

E certa vez eu andei através de um vale dourado que levava para um sombrios bosques e ruínas, e terminava em uma poderosa muralha verde com antigas trepadeiras, e com um pequeno portão de bronze.

Muitas vezes eu andei andei nesse vale, e cada vez mais eu demorava mais naquela fraca luz espectral onde as árvores gigantescas se contorciam e giravam grotescamente, e o chão acinzentado se esticava úmido de tronco em tronco, às vezes revelando as rochas manchadas de musgo de templos enterrados. E sempre as metas de minhas fantasias era a poderosa muralha cheia de trepadeiras com o pequeno portão de bronze.

Depois de um tempo, com os momentos em que eu estava desperto se tornando menos e menos suportáveis com sua monotonia e falta de cor. Eu frequentemente deslizava em uma paz opiácea através dos vales e sombrios bosques, e imaginava como eu poderia torná-los minha eterna moradia, então eu não precisaria mais rastejar de volta para o mundo sem graça, despido de coisas interessantes e novas cores. E na medida em que eu olhava para o pequeno portão na poderosa muralha, eu sentia que através dele estava situado o país dos sonhos, onde uma vez alcançado, não haveria retorno.

Então cada noite durante o sonho eu me esforçava para achar o trinco escondido do portão na antiga muralha coberta de trepadeiras, embora essa estivesse extremamente bem escondida. E eu dizia a mim mesmo que o reino além da muralha não era meramente mais duradouro, mas também mais belo e luminoso.

Então uma noite, na cidade dos sonhos de Zakarion eu encontrei um papiro amarelado preenchido com pensamentos de sábios-sonhadores que há muito tempo habitaram aquela cidade, e eram sábios demais para ter nascido no mundo desperto. Ali estavam escritas muitas coisas referentes ao mundo dos sonhos, e entre entre essas coisas havia uma parte que falava sobre um vale dourado e um bosque sagrado com templos, e uma alta parede atravessada por um portão de bronze. Quando eu vi essa parte, eu sabia que estava citando cenas que eu já havia abistado, e portanto eu li o papiro amarelado por muito tempo.

Alguns dos sábios-sonhadores escreveram esplendidamente das maravilhas através do portão que não se podia ultrapassar, , no entanto outros falavam de terror e desapontamento. Eu não sabia no que acreditar, ainda assim ansiava mais e mais para ultrapassar eternamente para a terra desconhecida; porque a dúvida e o mistério são as iscas das iscas, e nenhum novo horror poderia ser mais terrível que a tortura diária da vida comum. Então quando eu aprendi sobre uma droga que iria destravar o portão e me conduzir através dele, eu resolvi usá-la na próxima vez que eu acordasse.

Na noite passada eu ingeri a droga e flutuei pelo sonho através do vale dourado e do bosque sombrio; e dessa vez quando eu me aproximei da antiga muralha, ei vi que o pequeno portão de bronze estava entreaberto. De seu interior vinha um brilho que estranhamente iluminava as gigantescas árvores retorcidas e os topos dos templos enterrados, e eu deslizei alegremente na expectativa das glórias da terra de onde eu nunca iria retornar.

Mas de acordo com o que o portão ia se abrindo, e o feitiço da droga e do sonho me empurrava através dele, eu percebia que todas as paisagens e glórias iam tendo o seu fim; porque nesse novo reino não havia nem terra nem oceano, mas unicamente o vazio branco de um despovoado e ilimitado espaço. Então mais feliz do que eu jamais me atrevi estar, eu novamente me dissolvi naquele nativo infinito do cristal do esquecimento, de onde a maléfica vida me tirou por uma breve e desolada hora.

H.P. Lovecraft
(Tradução GOOGLE TRANSLATOR!!! kkkk to zuando, fui eu que traduzi essa, então créditos ao blog Nerd Maldito Ò_Ò)

Mas enfim, espetacular esse conto, não acham? Afinal de contas pensem, nós acabamos vindo do nada, de repente nós não existimos e então nós nascemos e passamos a ser alguém, ter noção da realidade. Só que tem pessoas que tem vidas tão ruins e cruéis, e que não acreditam em nada além da vida, mas ao mesmo tempo tem o sentido de auto preservação, o que a impede de tirar a própria vida, portanto ela vai viver até o final em uma terrível vida cheia de sofrimentos, e pra que? Simplesmente pra morrer, portanto esse conto acaba sendo extremamente intenso, mostrando uma pessoa sem esperanças. Para alguns o fato de atravessar o portão e depois dele não ter nada, ser o fim da existência da pessoa, seriam verdadeiros horrores, por isso os sábios entram em desacordo, alguns falando da maravilha, e outros dizendo que aquilo é o puro horror. Afinal de contas assim como tem pessoas que não tem razão para viver e se fosse possível simplesmente sumiriam, existem aqueles que a vida é tudo e sacrificariam todas as pessoas que amam para continuarem vivendo. Enfim, para quem ficou curioso sobre o nome, eu conferi para ver o que significa "Ex Oblivione" e a tradução é "Do esquecimento".

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