Eu sei que a cultura japonesa impressiona muitas pessoas e é fácil se apaixonar pelo estilo de vida tão diferenciado e até querer morar lá. No entanto, mesmo sendo um país minúsculo, com alguns estados brasileiros superando o tamanho territorial, a sua população é cabulosa. Um fato curioso é que supera em mais de três vezes a população do Canadá, que é o segundo maior país do mundo, e a Rússia, que é o maior país, tem pouquíssimo pessoas a mais. Então que tal ir morar lá por um preço MUITO mais barato de aluguel? Bom... Se você não liga pra assombrações, existe uma opção!
Em meio às minhas pesquisas para fazer matérias para o blog, acabo frequentemente cruzando com algumas informações bem interessantes, seja por recomendações diretas dos leitores, seja por acidente, já que ao consumir conteúdo japonês, acabo me deparando com coisas desconhecidas às vezes. E um termo que há algum tempo eu cruzo é "Stigmatized Property" ou "Jiko Bukken", que vez ou outra vou dar uma lida sobre, mais por amar horror, mas nunca fui muito a fundo, porém decidi pesquisar pra valer.
Traduzido como "Propriedade Estigmatizada", esse é um termo que os japoneses usam para definir um tipo especial de imóvel para aluguel, os em que rolou uma morte miserável. Essa morte é qualificada assim quando a pessoa tem um fim solitário, é assassinada ou se mata. E assim nasce um Yurei, um macabro fantasma japonês. Se você estiver sentindo que já viu isso em algum lugar, no Ocidente por causa do remake americano "O Grito", que apresenta exatamente isso e provavelmente foi o que popularizou o termo "Stigmatized Property" por aí.
A palavra "Estigmatizada" vem de "Estigma", que é basicamente algo relacionado a marcas, feridas e cicatrizes. Na religião é frequentemente associada a milagres, especialmente pelo catolicismo. Sabe aquela galera que aparecem com as marcas de Cristo por aí? Com furos nas mãos e etc? São chamados de estigmas. E nesse caso o que foi ferido foi a própria propriedade.
É claro, existem ambientes mal assombrados pelo mundo inteiro, e você já deve ter visto um filme americano de terror qualquer sobre casas mal assombradas em que no começo aparece o vendedor informando as pessoas que ali rolou um assassinato. Isso está nas leis de vários países, e inclusive o Japão também exige que o primeiro locador após a morte, seja informado que rolou algo ali. À partir do segundo isso não deve mais acontecer. Não consegui achar sobre como é no Brasil, se alguém aí souber!
A diferença é que por lá a coisa virou um verdadeiro negócio e tem até sites especializados em marcar um mapa só pra mostrar onde pessoas morreram de formas horríveis. Isso acabou criando um mercado de apartamentos assombrados e as imobiliárias têm uma parte dedicada aos Jiko Bukken, mostrando quais apartamentos que tiveram finais trágicos para os moradores anteriores, estão disponíveis.
Embora possa parecer uma mera besteira, tem alguns desses imóveis ficam vários anos sem ser alugados, eu vi um vídeo de um comediante (aí embaixo), que ele vai a um dos apartamentos e a morte aconteceu vinte anos antes e nunca mais foi alugado pra ninguém depois disso. Agora imagina pagar os custos de manter uma propriedade para o governo, sem ter ninguém mais para alugar por 20 anos?
Mas claro, embora a superstição domine muitas pessoas, têm aqueles que simplesmente não estão nem aí e a ideia de pagar até metade do preço de uma propriedade sem assombrações, atrai bastante. E na era da internet e com a idolatração do horror, tem pessoas que sentem exatamente o oposto a aversão, e a ideia de morar em um local considerado mal-assombrado, só se torna mais atrativa.
A ideia de propriedades assombradas é uma coisa que intriga por todo o mundo. Eu inclusive já tinha contado aqui sobre o apartamento assombrado do meu tio, e como o poder da história de um lugar pode desvalorizar pra valer a coisa a ponto de ficar a preço de banana. Mas no Japão existe toda uma cultura própria relacionada ao horror, tipo os Olhos Senpaku e outros elementos que têm a ver com maldição.
Enfim, no meu caso, eu acho que eu moraria em um local onde rolou uma bagaceira louca, porém dependeria também do visual. Acredito que iria ter um peso psicológico em mim, alimentado por anos de filmes de terror e outras coisas da cultura pop, portanto se por um lado o meu ceticismo ajudaria a fica ok com isso, se o lugar fosse todo obscuro sem janelas com cantos perfeitos pra aparece o CÃO, aí acho que não seria pra mim não... E vocês? Como lidariam com um lugar como esse? Pra morar no Japão, topariam que fosse assim?
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