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Cyberpunk 2020 | O RPG de mesa que inspirou a CD Projekt Red

Em 2013 quando foi lançado o fenomenal teaser de Cyberpunk 2077, a comunidade gamer ficou eufórica com a coisa, mesmo se tratando de um CG e de The Witcher 3 (Jogo que verdadeiramente deu fama à CD Projeket Red) ainda não ter sido lançado. Isso porque o formato de curta daquela apresentação e a música conseguiam naturalmente empolgar, além do gênero cyberpunk que já gerou os mais variados tipos de obras atraentes indo desde Ghost in the Shell até Periferia Cyberpunk. Mas o que nem todo mundo sabe é que isso se originou de um RPG de Mesa.



Eu sempre falo aqui como sou encantado com a mudança repentina que o mundo sofreu entre os anos 90 e os anos 2000. E é curioso quando observamos obras futurísticas feitas antes da virada do milênio. Em Cyberpunk 2020 é possível observar claramente isso, o que é engraçado para alguns e para outros bem charmoso.

Quando vemos obras do gênero Dieselpunk, é fácil achar meio bobinha algumas coisas, afinal de contas todo mundo sabe que os anos 60 nunca foram futurísticos, muito pelo contrário, aquilo é o passado. Mas você já parou pra pensar sobre uma pessoa dos anos 60 imaginando o futuro? É natural juntar elementos do presente com coisas futurísticas e acabar tendo uma mistura entre presente e futuro.

É difícil imaginar algo completamente inovador, e levando em consideração as várias áreas da tecnologia estão evoluindo constantemente, é complicado prever com exatidão. Além do mais é comum o erro dos criadores não observarem o caminho que a tecnologia tá tomando e ao invés disso só inventarem qualquer gambiarra futurística sem pensar se tem sentido.

O resultado disso é que os anos vão passando e ideias apresentadas em histórias acabam se tornando ultrapassadas. Às vezes a coisa se torna muito mais evoluída, outras vezes o ano em que se passa aquele futuro chega, mas parece que aquela tecnologia é exageradamente avançada e assim dá pra ver que o mundo ainda está distante do que foi descrito ali.

Nos anos 80 o gênero cyberpunk nasceu com o clássico Neuromancer, e assim aquela ideia explodiu. Um futuro que não é completamente destruído e nem perfeito com tudo limpo. Algo que está no meio, usando cidades grandes, poluição, criminalidade, corrupção. Um clima natural de aventura e isso foi abordado em tudo quanto é mídia, e o RPG de Mesa era perfeito, pois se tratava da única coisa capaz de transportar as pessoas pra esse universo e fazerem elas terem total liberdade em vagar por esses mundos.

Graças a isso tivemos Shadowrun, que se popularizou absurdamente, que em poucos anos recebeu um jogo para Super Nintendo, e logo vários outros jogos, inclusive o Shadowrun que se passa no Brasil. Porém, o fato desse ter sido o RPG do gênero que mais se popularizou, não quer dizer que tenha sido o único.

Cyberpunk 2020 foi um dos primeiros sistemas a abordar esse universo, aparecendo em uma época em que os jogadores de RPG de Mesa estavam acostumados com ambientes medievais e tendo poucas variações que ousavam sair da temática fantástica, como O Chamado de Cthulhu RPG. Mas esse encantou de imediato por apresentar exatamente o contrário.

O livro básico foi lançado em 1988 e logo ganhou alguns fãs, na época o nome do livro era apenas "Cyberpunk", algo bem direto ao ponto mesmo, usando o nome do gênero. Ele se passava no futurístico ano de 2013, com o mundo podre após uma série de mudanças no estilo de vida das pessoas e a evolução explodindo.

É engraçado pensar que eles escolheram um futuro tão próximo para uma mudança tão radical, afinal de contas faltavam apenas 25 anos para chegarem a esse futuro. Mas é preciso entender também que era uma época de mudanças e foi lançado durante a Guerra Fria, parecia inevitável que a qualquer momento aquilo tudo ia explodir, e com a pressão de evolução tecnológica, 25 anos parecia inevitável.

Só pra deixar mais claro, a Guerra Fria durou entre 1946 e 1991 e os EUA e URSS precisavam mostrar sua superioridade, graças a isso corriam pra apresentar ao mundo novas tecnologias. Graças a essa pressão imensa tivemos frutos como o Forno de Micro-ondas, o GPS, os Computadores, as Câmeras Digitais, a ida do homem ao espaço, a internet, etc... Era muita tecnologia, que embora todas ainda fossem arcaicas comparadas ao que temos hoje, tava na cara que eram como se fosse protótipos para o que íamos ter no futuro e se você parar pra pensar, uma câmera digital não era nada nos anos 80 pra uma pessoa comum, mas hoje em dia, qualquer criança tem uma em seu celular.

Daí obviamente 25 anos não parecia tão distante assim, e os criadores de histórias da época pensavam naquilo tudo e muito mais. Mas também pensavam que essa ideia de EUA vs União Soviética não ia trazer só benefícios e uma hora a guerra seria inevitável, governos iriam cair, a qualidade de vida ia desabar e o resultado inevitável era um mundo cyberpunk.

E assim esse RPG parecia bastante plausível até, afinal de contas se o homem foi à lua nos anos 60 era óbvio que em 2013 teriam carros voadores né? Qual é o sentido da tecnologia ser o suficiente para sair da terra, mas os carros não voarem? E assim o mundo apresentado era todo cheio de coisas espalhafatosas.

O conteúdo em si não era original, boa parte era sugado do conceito que foi apresentado no livro Neuromancer, mas a ideia era empolgante por permitir as pessoas entrarem naquele mundo. Os video games não tinham a capacidade do que temos hoje em dia, e o RPG de Mesa realmente era a única opção de uma experiência interativa que fazia o jogador realmente se sentir no controle.

Mas apesar de tudo, essa primeira versão não foi a que marcou, mas sim a versão de 1990, lançada dois anos depois da original. A segunda edição desse universo, nomeada de Cyberpunk 2020 e se passando sete anos após o mundo que foi descrito na edição anterior. Isso também deu um pouco mais de espaço para a evolução acontecer, sendo 30 anos no futuro da época.

Apesar de tudo, os criadores não estavam ligando muito pra tempo, pois nessa edição mesmo falam que em 1994 a União Soviética e Estados Unidos iriam falir. Ou seja, apenas quatro anos no futuro da época, e detalhe que a União Soviética foi pro saco um ano depois, fico pensando se eles acharam uma droga ou se comemoraram do tipo "Viram? Está se concretizando! O lance de 94 é porque... Er... Bom, ela não deixou de existir completamente né? E em 94 que vai rolar!". Hahaha.

Nesse RPG, mega corporações conseguiram se tornar tão poderosas que tem mais poderes que alguns países. Pessoas vivem em péssimas condições de vida e tem que se virar do jeito que podem. A internet evoluiu a ponto de pessoas se conectarem a ela com a mente, o mundo é perigoso e cheio de vigaristas e drogados. A principal localização é uma cidade fictícia chamada de Night City, que fica no estado da Califórnia.

Algo curioso é que apesar de algumas classes do jogo serem completamente padrões, como um executivo poderoso ou um caçador de recompensas fodão. Existem também classes que são curiosas, como os roqueiros, que são estrelas e precisam de fãs, podendo influenciar as coisas. Acredito que é algo meio equivalente ao que se tornaram os youtubers, mas com uma visão de algo semelhante nos anos 80.

Naturalmente tem ideias que envelheceram completamente e assim você pode observar que se trata de algo retro-futurístico. Alguns jogadores podem achar desagradável essa ideia, porém também pode ser visto como um dos charmes da coisa, então pode existir sua beleza em usar os telefones que parecem mais rádios e tem limites de linhas que podem se conectar.

Governos caíram e o mundo meio que se unificou nesse universo, Eurodollar é o nome da moeda mundial, existem outras, porém essa é a grande moeda que é usada em todos os lugares. Empresas são ultra poderosas e apesar de países existirem, seus líderes são quase como farsas, pois muitas empresas são grandes a pontos de controlá-los por completo.

No Brasil, Cyberpunk 2020 foi lançado em 1995 pela editora Ediouro e relançado em 1996 pela Devir. Não foi um imenso sucesso, mas ganhou sua base de fãs e com o passar dos anos acabou se tornando igual o jogo de cartas Illuminati NWO, uma raridade extremamente desejada e que vez ou outra aparece alguém vendendo por uma fortuna.

Em 1998 os fãs começaram a fazer pressão para o autor Mike Pondsmith lançar uma nova edição do livro, e ela passou a ser cada vez mais falada, o desejado Cyberpunk 203X, porém foi enrolando, enrolando e a R. Talsorian Games acabou não lançando, até que em 2005 lançou como PDF a terceira edição, chamada de Cyberpunk V.3.

Em Cyberpunk V.3 as coisas foram bastante atualizadas, afinal de contas apresentava as coisas após a virada do milênio, a tecnologia já estava mais avançada com a internet, e 2013 estava bastante próximo, faltando apenas 8 anos, o resultado é que tiveram que se virar com bastante coisas e o universo ficou meio diferente.

Enfim, e esse é Cyberpunk 2020, um RPG de Mesa que com o passar dos anos não se tornou tão popular, mas que ganhou os olhos do mundo em 2012 quando a CD Projekt Red anunciou que estava desenvolvendo algo sobre e se destacou de vez em 2013 com o primeiro teaser de Cyberpunk 2077, depois disso só foi ficando cada vez mais desejado. A propósito, existe uma área pra RPG de Mesa no Discord do Nerd Maldito, não deixe de aparecer por lá. =)

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