Esse é um clássico do horror de 1977, feito pelo mestre Dario Argento, mesmo diretor de Phenomena, e considerado uma das obras mais influentes de todos os tempos no gênero terror. É aquele tipo de obra que não é apenas uma chacina insana, é algo que você sente o tempo todo que não está olhando para o que realmente é a coisa. Em 2018 chegou a ganhar um remake exclusivo da Amazon Prime, e reacendeu a vontade das pessoas de revisitar a versão original.
A história é sobre uma jovem chamada Suzy Bannion, que recebe a oportunidade de estudar em uma famosa academia de artes da Alemanha. E assim faz uma viagem internacional para começar, porém já em sua chegada, percebe que o esplêndido lugar tem algo estranho e está ligado ao assassinato de uma das bailarinas do lugar.
Esse é definitivamente um filme intrigante, visto de uma forma rápida pode parecer algo seco, sem muito sentido e datado, porém é impossível não notar algo em especial no filme, que são as cores. E é exatamente isso que faz gerar aquela sensação de "Por que diabos fizeram isso?". Você pode não entender, mas deixa a sensação constante de que existe algo que você está perdendo. Uma coisa que não é tão óbvia assim.
O motivo é que a forma que esse filme foi construída é naquele estilo simbólico que alguns filmes são trabalhados. Ou seja, o cara não simplesmente pegou uma câmera e foi filmar, ele criou a coisa em que diversos detalhes foram planejados e tiveram um significado, todos seguindo uma mesma linha de pensamento, o horror por trás do que é belo.
A essência da coisa veio de contos de fada. A ideia era pegar Branca de Neve e os Sete Anões da Disney e transformar em uma obra elegante do mesmo nível, mas focada no público de terror, algo que não era a primeira obra a fazer, mas que era incomum, pois assim como hoje, naquela época filmes de terror eram obscuros.
Inclusive a ideia original era que o elenco fosse composto de meninas de 12 anos de idade, mas para evitar problemas com a justiça, acabaram subindo para jovens adultas, mas mantiveram o clima ingênuo das personagens, o que faz o filme parecer ainda mais surreal quando somado com o resto dos elementos propositais.
Então acho que a melhor forma de se ver Suspiria, é imaginando personagens femininas bonitas e elegantes andando por um lugar grandioso com cores fortes, misturando visuais clássicos com toques modernos, mas que por trás de toda essa beleza existe algo podre e feio que inevitavelmente acaba mostrando sua face das maneiras mais horrendas.
Existe uma forte influência do impressionismo alemão no filme, portanto muitas das coisas que são mostradas não representam a realidade ali, mas sim a sensação. Você pode ver bem isso em filmes clássicos como Nosferatu e Metropolis, com todos aqueles detalhes surreais que querem indicar determinadas coisas.
No caso de Suspiria essa expressão é mostrada através de cores. Você vê frequentemente forte iluminação verde, vermelho, azul e amarelo. Essas cores também estão também presentes por todo o cenário e visual das personagens. Por exemplo, tem um momento em que uma personagem se mostra preocupada e do nada o lado dela fica completamente vermelho, enquanto o lado da amiga não há cor alguma.
Há muitas cenas simbólicas como logo no começo em que é mostrado um assassinato e o corpo é lançado em cima da belíssima claraboia (aquelas janelas de teto) feita de vidros amarelos, vermelhos e azuis, só que ao invés de estraçalhar ela direto, aparece primeiro somente metade da cabeça atravessando de forma horrível, extremamente gráfica. Meio que fica aquela simbologia de algo super bonito, mas o mais pleno horror saindo dali de dentro.
Uma coisa bizarríssima que está presente no filme é o fato de que os atores são de três nacionalidades diferentes e não falavam a mesma língua. O resultado disso é que cada um falou sua fala como se entendesse o que o outro estava dizendo, e depois disso dublaram o filme nas mais variadas línguas. Simplesmente muito estranha a coisa e também fizeram o mesmo em Phenomena.
Inclusive é impossível não comparar esse filme com Phenomena, eu nem entendo qual foi a do Dario Argento em fazer Phenomena 8 anos depois. É extremamente parecido! Uma garota que vai pra uma escola só de garotas em outro país e lá tem que lidar com um assassino à solta e eventos sobrenaturais. A diferença é que achei Suspiria muito melhor, o que é mais bizarro ainda, já que Phenomena poderia ser algo do tipo "É que eu não tinha dinheiro, agora que tenho, vou fazer algo do jeito que eu queria", mas não há todo o lance das cores e toda a elegância.
Inclusive é impossível não comparar esse filme com Phenomena, eu nem entendo qual foi a do Dario Argento em fazer Phenomena 8 anos depois. É extremamente parecido! Uma garota que vai pra uma escola só de garotas em outro país e lá tem que lidar com um assassino à solta e eventos sobrenaturais. A diferença é que achei Suspiria muito melhor, o que é mais bizarro ainda, já que Phenomena poderia ser algo do tipo "É que eu não tinha dinheiro, agora que tenho, vou fazer algo do jeito que eu queria", mas não há todo o lance das cores e toda a elegância.
Aliás, a trilha sonora esquisitíssima é algo que aparece em Phenomena que não gostei (mas que o povo ama), que também aparece de forma esquisita em Suspiria, mas aqui eu achei maravilhosa e com um encaixe incrível. É um filme barulhento, com uma trilha sonora mais alta do que a voz dos personagens, mas que tem muito a ver e parece ter sido feito de maneira lindamente planejada.
Isso porque a sensação que tem é de conto de fadas, algo belo, mas você ouve sussurros de uma voz horrível em meio à música. Isso caiu tão bem, ficou realmente muito legal e em diversos momentos você se sente sufocado pela música alta demais, mas com aquela série de sons macabros que surgem por trás e que é totalmente dentro da proposta de beleza com o bizarro escondido. Olha que coisa incrível:
Foi feito por uma banda chamada Goblin e como pode ver, tem toda uma atmosfera ultra macabra. Começa de forma fofa, bonita, com um toque de conto de fadas, e logo aparece essa voz macabra. Me lembra um pouco da essência passada na trilha sonora do Bebê de Rosemary, que aliás em diversos aspectos me lembra de Suspiria.
Mas bom, nem tudo são flores e infelizmente acho que o filme poderia ser muito melhor. Ele apresenta um belíssimo conceito, mas a história não é tão gostosa de ver quanto poderia ter sido, é meio seca demais. Acho que pra se assistir Suspiria, você tem que olhar muito mais com um olhar de alguém que quer sentir a essência do que uma história desenvolvida. Isso porque parece que não ligaram muito pra entreter com os vilões, e até desperdiçaram vilões com potenciais fantásticos, tipo a misteriosa velha que fica sempre com um menino.
Claro que dá pra dar um desconto por causa de seu tempo, mas tem muitos filmes desse tempo que trabalhavam de forma muito mais intensa o desenvolvimento da história, tipo Invasores de Corpos e Soylent Green. Creio que com um pouco mais de cuidado, poderia ter sido impecável, ainda mais com a cena final repentino que é digno de filme trash.
Enfim, Suspiria é o primeiro filme da Trilogia das Três Irmãs, sendo essa focada na "Mãe dos Suspiros" (Embora na época ainda não se soubesse que seria uma trilogia) e é um longa metragem interessante sem dúvidas, é uma obra obrigatória pra galera que é fã do gênero horror, mas é o tipo de filme que tem que ser visto com um olhar específico. Se você for ver com aquela vontade de ver algo radical, pode achar extremamente cansativo e nem mesmo entender o significado da coisa. Então assista com cautela...
Mas bom, nem tudo são flores e infelizmente acho que o filme poderia ser muito melhor. Ele apresenta um belíssimo conceito, mas a história não é tão gostosa de ver quanto poderia ter sido, é meio seca demais. Acho que pra se assistir Suspiria, você tem que olhar muito mais com um olhar de alguém que quer sentir a essência do que uma história desenvolvida. Isso porque parece que não ligaram muito pra entreter com os vilões, e até desperdiçaram vilões com potenciais fantásticos, tipo a misteriosa velha que fica sempre com um menino.
Claro que dá pra dar um desconto por causa de seu tempo, mas tem muitos filmes desse tempo que trabalhavam de forma muito mais intensa o desenvolvimento da história, tipo Invasores de Corpos e Soylent Green. Creio que com um pouco mais de cuidado, poderia ter sido impecável, ainda mais com a cena final repentino que é digno de filme trash.
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