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Sword of the Berserk | Um filme escondido em um jogo

Nem todo fã da saga Berserk sabe, mas ele teve um jogo para o console Dreamcast, outros até sabem mas não animam muito para jogar por ser um console antigo e acabam não tendo paciência. Porém algo que quase ninguém sabe é que essa obra não é um mero jogo, mas um verdadeiro filme com uma história que não aparece no mangá, escrita pelo próprio autor, com trilha sonora do Susumu Hirasawa e um foco maior nas cutscenes do que na jogabilidade, totalizando uma hora e quatorze minutos, ou seja um verdadeiro filme oculto que não se encontra em outro lugar.
A história se passa em uma cidade que está sendo atormentada por uma doença bizarra que transforma seus corpos e faz com que ajam de forma violenta. A origem dessa doença é uma planta chamada Mandagora. Ao passar pelo lugar, Guts acaba enfrentando um dos infectados e chama a atenção do barão Balzac, que lhe faz uma proposta. Guts deve lhe conseguir o coração da árvore Mandagora e em troca ele fará uma cura para sua companheira Caska.

Esse é um baita de um jogo esquisito, pois mistura duas coisas meio opostas, o gênero Hack and Slash, que coloca o jogador para entrar em pancadarias frenéticas sem parar e um foco muito forte na história com cutscenes gigantescas. E quando falo gigantescas quero dizer que as vezes uma termina e ao invés de ir pro jogo, vai pra outra cutscene em outro lugar da cidade. Ou seja, enquanto o gênero normalmente atrai quem quer algo frenético e sem pausas, o formato da história é pra quem quer algo que te deixe quietinho assistindo por um bom tempo.

Para quem quiser jogar esse jogo no momento certo da história, deve fazer isso logo depois de terminar de ler o volume 21 do mangá Berserk, ou se não ler o mangá, pode fazer isso após terminar de ver o anime de 2016. É nesse momento que a história se passa, Guts, Puck e Caska viajando sozinhos pelo mundo e durante a viagem param em uma cidade.

É preciso deixar bem claro que esse jogo foi escrito pelo próprio Kentaro Miura, que é o autor de Berserk, sendo assim há toda a essência da coisa. Não foi simplesmente uma equipe de video game que contratou um roteirista qualquer e pediu para ele criar uma história no universo de Berserk, portanto esse é um jogo que se encaixa na linha do tempo.

Outra coisa maravilhosa é a presença do compositor Susumu Hirasawa, que até então já tinha composto a trilha sonora do anime de 1997 e tinha criado uma essência com a coisa, até porque o próprio Kentaro já disse que quando começou a escrever Berserk, ele criava a história inspirado por muitas coisas e uma delas era a música de Hirasawa. Ou seja, tem uma ligação muito forte entre o compositor e a obra.

Portanto, embora seja um jogo de video game, Guts não é um herói galanteador, acho inclusive que aqueles que não conheciam Berserk devem ter tomado um susto ao ver que o personagem não está nem aí com a vida daquelas pessoas e só quer mesmo se ajudar. Foi muito bacana ver que ele não foi colocado como um herói da luz aqui.

Então é simplesmente fantástico no começo do jogo você ver primeiro uma apresentação, depois na pancadaria com uns bandidos e após vencê-los, começa aquela melodia com um estilo tão peculiar e aparece uma tela negra com "ASCII apresenta..." e então a entrada de uma cidade onde vem Puck voando, ele vira para a câmera e faz um gesto chamando, para logo depois surgir Caska e Guts e finalmente começar a letra da música enquanto mostra o grupo andando pelos lugares da cidade com pessoas conversando, mendigos no chão e etc. É muito atmosférico, baita clima de filminho mesmo.
Algo curioso é que esse jogo foi lançado em dezembro de 1999, quando o volume 18 tinha acabado de ser lançado, e o volume 21 só foi lançado em maio de 2001, como o desenvolvimento desse jogo deve ter levado pelo menos um ano, Berserk estava no máximo no volume 15 (o arco do Elfos do Vale da Neblina), ou seja não tinha nem começado o arco dos fanáticos religiosos onde tem a Farnese. Então fico pensando o quanto Miura não deixou a história a frente, talvez ele tivesse calculado que no lançamento já teria chegado naquela parte.

A jogabilidade é bastante básica de Hack and Slash, pra falar a verdade desconfio que esse jogo possa ter sido desenvolvido inicialmente para fliperama, pois parece demais com algo assim. Você sai descendo o cacete nos inimigos, tem alguns poucos locais destrutíveis e raramente aparece algum item neles como tiros do canhão do braço de Guts e poção de cura. Se você morrer aparece um INSERT COIN pra poder continuar.

Você pode lugar com a espada gigantesca ou com as bugigangas de Guts, sendo assim existe um botão pra armar ou desarmar. Com a espada você pode causar bem mais danos com ataques diretos pra frente ou horizontais, pegando vários alvos de uma vez, também existem combinações como apertar dois botões de uma vez para dar um golpe diferente e se você pular e atacar ou escorregar e atacar o golpe varia.

O problema da espada é que ela é enorme e bate nos lugares, ou seja se você estiver em um beco e for tentar atacar, ela não para de ficar sendo bloqueada pelo próprio ambiente e a coisa fica bem mais complicada. A não ser que você esteja no Berserk Mode, que é após tomar porrada demais ou bater demais, isso vai fazendo uma barrinha crescer até você entrar nesse modo, onde ataca mais rápido, dá mais dano e nada bloqueia seus golpes.

Se você guardar a espada pode dar porrada com as mãos mesmo, tendo uma liberdade bem maior porém dando menos dano e ficando mais exposto. Além disso pode usar uma besta preso ao seu braço para atirar dardos em múltiplos inimigos a distância ou usar um poderoso  canhão com munição limitada.

Enfim, Sword of the Berserk: Guts' Rage é um jogo que pode ser zerado em menos de duas horas e meia, o maior foco dele é a história mesmo. Já foram lançados vários produtos baseados na franquia, como por exemplo aquele cardgame de Berserk, e esse jogo é mais um desses que acabou sendo esquecido e/ou ignorado, mas que contém uma baita surpresinha capaz de facilmente agradar aos fãs. Não curti a jogabilidade, mas graças à história eu recomendo demais!

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