Antes de começar para tudo! Se você não leu a envolvente história de Mayara, vá lá e assista, é essencial dar uma lidinha naquela lição de vida para poder entender o que diabos está acontecendo aqui e só então pule para o próximo parágrafo pois você precisa conhecer a bagaceira toda antes de continuar. Ò__Ò
E aí, já deu uma olhada? Pois bem, primeiramente quero dizer que não odeio funk nem funkeiros, por mim o que a pessoa ouve é problema dela, ela faz o que quiser da vida. Se a pessoa vê novela, curte tal empresa mais que a que eu gosto, ouve pagode, ouve sertanejo, ouve o que for, eu não to nem aí, cheguei a criar uma matéria sobre a intolerância a gostos de outras pessoas.
Sei bem que a moda é ser roqueiro do mal, porque "todo rock é
inteligente", é de qualidade e todo roqueiro é "automaticamente um
gênio". Mas eu simplesmente não tenho saco pra ficar discutindo gosto
dos outros, a pessoa gosta do que quer e se eu não gostar é problema meu... Não vou perder tempo tentando converter ninguém a gostar do que eu gosto. E muito menos surtar e ir dar lição de moral sobre "O que é bom de verdade" com cada vez que alguém citar uma obra que eu não gosto em uma rede social.
Então quando conheci a MC Mayara, a minha reação foi de rir muito. Era muito bizarra a coisa, e quando eu acho que algo é muita tosqueira, vira uma inspiração. Um bom exemplo é o espetacular Pepa Filmes, que definitivamente foi uma inspiração para minha personalidade. Então no caso de funk, as bizarrices que colocam nas letras não me dão ódio, ao invés disso me fazem rir.
Sendo assim, eu não pude me conter e passei a zoar muito com a MC Mayara, sempre tacar no meu facebook clipes dela e dizer que era DIVA. Além de citar as bagaceiras dos clipes super fundo de quintal, gravados de maneira bem trash mesmo. Foi algo que passou a ser uma diversão, toda vez que eu via ela, tinha que citar. Com as letras dela cheias de putaria e falando sobre sei lá quantos homens ela vai pegar, imaginem como não ri ao ver que ela tava grávida? As gargalhadas foram muitas.
Sim, eu sei muito bem que funk é cheio da tosqueira e tal, mas acho muito engraçado, não consigo odiar. Uma coisa que é muito comum de se ver são pessoas que ouvem rock cheio das putarias, cheio de safadeza e na hora de criticar funk o maior argumento é em como é horrível falarem putaria, a pessoa simplesmente banca a puritana!
Eu sei que tem pessoas que são realmente bem sérias e TUDO na vida dela é voltado pra coisa estilosa, a ver com arte clássica e bla bla bla bla, a pessoa vive lendo livros clássicos, ouvindo Mozart, falando sobre temas profundos. E alguém desse jeito eu entendo a pessoa ficar chocada ao ouvir certos funks, mas tem uns aí que bancam os revoltados radicais, xingam Jesus e o mundo, mas na hora que fala de funk, aí ela age como se fosse um desses estilosos clássicos.
Po, qual é né? As pessoas se divertem com as mais variadas tosqueiras e nem tudo precisa ter alguma grande filosofia por trás. É certo que existem formas de entretenimento bem saudáveis mesmo, educativas e tal, mas existem outras que são simplesmente superficiais, diversos filmes inúteis, videos de gente se estabacando no chão, jogos com o selo "só para adultos", entre outras coisas.
Então é muito fácil apontar o dedo pra diversão do outro por ela ser superficial e ficar querendo se meter, mas e a nossa? Somos mesmo esses seres puros tão inteligentes, tão profundos e complexos que vieram a terra para espalhar a palavra do desenvolvimento ao mundo?
Sendo assim com essa minha mania de gostar de tosqueira para rir delas, acabei começando a realmente admirar alguns funkeiros. Você deve estar se perguntando "Admirar? Achar engraçado é uma coisa, mas admirar o que?". Pois é, acontece que a maioria dos funks parece não ligar pra ritmo e nem pra letra, mas apenas falar altas putarias, é comum achar funks por aí que é só falando de quem vai comer ou como vai meter, mas algo bem aleatório, basicamente o cantor repetindo isso várias e várias vezes. No entanto tem alguns que vão além.
Estou falando de certos funkeiros que mostram que sabem muito bem que aquilo é a maior baixaria e transformam a coisa em piada. Algumas músicas do Mr. Catra você nota que o cara brinca com aquilo, ele sabe que é a maior putaria mesmo, que não é chique a coisa nem nada, é uma tosqueira total, e usa o maior jogo de palavras pra aproveitar isso de uma maneira que dá o maior climinha de "Ahhhh, tá nervosinho porque falei palavrões? Então não vou falar não, tá?", tipo a música "Boneco Duro", morro de rir com a forma "disfarçada" que ele canta as mesmas putarias fingindo que não é funk.
Não é que eu ouça ou procure, tanto que essa música mesmo eu só descobri o nome agora que tava fazendo a matéria e fui pesquisar. O que quero dizer é que ele sabe bem que aquela bagaça não é educativa, que é só tosqueira e sabe bem o que tá fazendo, mas ele tá afim e faz, e brinca com isso. Aproveita disso e cria um jogo de palavras em cima da tranqueira.
Esses tipos de funkeiros que brincam com a putaria que cantam em suas músicas acabam me dando a sensação de que são pessoas que estão aproveitando a vida da melhor maneira. Sei que agora um monte de gente chiou "Aiii, da melhor maneira? Aquilo ali? Não! A melhor maneira de se viver é como EU vivo, curtindo as MINHAS músicas e agindo do MEU jeito, sou EU que sei como viver do melhor jeito.". Mas essa atitude parece um tanto egocêntrica, existem pessoas e pessoas...
É como falei na matéria já citada sobre intolerância a gostos, não importa como você é, importa como a pessoa é. Pessoas vivem em grupos próprios e se sentem bem naqueles grupos. Se um cara cresce ouvindo música sertaneja onde seus conhecidos curtem a mesma coisa e então ele vira um grande cantor famoso, ele agrada os amigos DELE, a família DELE, outras pessoas que curtem o estilo musical DELE, então no fim das contas importa se a SUA opinião não agrada ele? Você acha que ele vai se sentir bem agradando quem ele conhece e ama, ou VOCÊ que nem compatível com o cara é?
Sendo assim, por mais que funk seja uma coisa esculhambada pra cacete e que não é o meu estilo de música, eu admiro quando alguém do meio demonstra que sabe muito bem o que está fazendo, sabe que não é bem visto, que não é nem um pouco educativo, mas brinca com aquilo. Se diverte vendo a tosqueira que é e vive aquela vida do jeito que quer, do jeito que se sente bem.
E com a MC Mayara no começo eu apenas a zuava mesmo, ria um bocado das besteiras e safadezas na música dela. Ela também faz jogo de palavras para falar altas putarias, e esse é exatamente o grande toque especial que me fez ficar procurando de um a um os clipes dela, cada um mais bizarro que outro, as vezes inexpressiva, as vezes simplesmente muito trash, mas sempre com um jogo de palavras hilários como "Teoria da branca de neve, pra que ter só um se eu posso ter sete? pode falar o que for, princesinha ou periguete, sou MC Mayara,a vida é minha e não se mete!" kkkkk:
Eu ria muito vendo a bagaceira que rolava nos clipes, porém com o tempo comecei a criar essa admiração por ela de uma forma real e não apenas a típica zoação que eu tacava no facebook. Sim, ela é queimada com a sociedade, afinal de contas tem fama de puta e ninguém quer ter fama de puta né? Mas é aí que tá, no fim das contas e daí?
Olho pra ela e vejo uma pessoa que REALMENTE parece fazer o que bem entender, criando vídeos e músicas esculachadas sem a mínima vergonha. Me faz pensar no tanto de pessoas que querem fazer algo e não fazem porque tem vergonha do que os outros pensam. Todo mundo tão quieto, tão "certinho", e no fundo é apenas para que os outros não julguem.
Então e daí se ela transa com todo mundo? E daí se ela assume isso em público? E daí se ela canta funk ou faz clipes completamente fundo de quintal? No fim das contas ela se diverte, e se quer dar pra todo mundo, bom a vida é dela né? Se ela se divertir com isso é fim de papo! Quem não gostar é só não fazer igual.
Quando saiu "Ai como eu to bandida dois", eu tinha que zoar muito é claro, afinal é zuado em todos os sentidos, ela colocou um DOIS escrito ao invés de numeral, e a sequencia de uma música tão tosca já é só a bagaceira, além do claro objetivo de repetir o sucesso. E óbvio, eu tinha que ouvir, taquei na linha do tempo, ri, e quando um leitor me mandou o vídeo do clipe, aí sim eu animei kkkkk, mas tenho que dizer que foi uma verdadeira surpresa o bagulho, confira:
Vão dizer que vocês não se surpreenderam? Isso é a ESSÊNCIA DA TOSQUEIRA! É como se ela tivesse mudado o nível e saído do estilo de clipe fundo de quintal pra entrar no estilo de clipe que parece ser cena de filme trash! Quero dizer, eu tava esperando ver ela dançando e cantando no matagal igual ao primeiro clipe, e não algo com efeitos especiais! Além do clima cinematográfico, ela entrando no carro com a câmera seguindo estilosamente e tal...
Mas o negócio ficou interessante com tipo... COMO ASSIM? Ela fez uma crítica social no clipe dela? Existe uma baita de uma grande quantidade de detalhes interessantes, tipo o foco que é dado tantas vezes na "perseguida" pode ser incômodo, mas uma penca de super heróis de cueca mostrando o volume é tranquilo, ou a máscara do Hannibal na versão pra pepeka no final, e o cara vai se aproveitar mas tira exatamente a coisa que prende a fonte do poder dela kkkkkkk. Sério, achei interessante pra caramba, foi algo zuado, algo bizarro, mas algo que no fim das contas realmente me surpreendeu.
Vejam bem, eu não estou falando que o funk da baixaria seja inteligente, estiloso ou que alguém tenha que gostar, é óbvio que a coisa é cheia de tosqueira, o que estou falando é que esse é só mais um tipo de diversão não saudável, e certamente você também curte algo que não seja pra mostrar pros seus filhos, o violentíssimo Hatred por exemplo é algo que me divirto pra caramba, mas sei muito bem que não é o que se pode chamar de saudável. (Obs: Pra quem não sabe tem funks realmente bem elaborados pra caramba, por exemplo "Rap do Silva" do Mc Bob Rum tem uma letra espetacular).
Enfim, eu tinha que criar uma postagem sobre isso, pensei em analisar cena a cena as referências e tosqueiras, mas achei que seria interessante falar um pouco sobre como rir das tosqueiras é melhor do que encher o saco de alguém porque gosta, afinal tanto faz o gosto dos outros, o importante é o nosso, não?



