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Drive | O filme que inspirou Hotline Miami e outras obras

Quando se fala no mundo dos jogos indie, existem algumas "estrelas" e sem sombra de dúvidas, Hotline Miami está entre elas, no entanto ele teve suas próprias fontes de inspiração e não é preciso se pesquisar muito para chegar ao filme Drive, de 2011, e inclusive nos créditos do jogo aparece "Agradecimento especial a:" e embaixo várias pessoas, inclusive Nicolas Winding Refn, diretor do filme.

A história apresenta um protagonista sem nome (Quem assiste normalmente chama ele de "Driver" ou "O motorista"). Ele trabalha como dublê de filme de ação, no entanto durante a noite fica disponível para serviços ilegais como condutor em fugas. Ele dá cinco minutos à partir do momento em que chega e é capaz de fazer as fugas mais arriscadas. No entanto após conhecer Irene e seu pequeno filho Benicio, começa a se sentir responsável pelos dois, mas o mundo do crime o persegue naturalmente.

Esse é um daqueles filmes cheios de simbologia e que pode acabar tendo diversos detalhes passando despercebidos se a pessoa não os procurar, mas apesar de tudo não tenta esconder, eles são bem escrachados. Sua base principal é a fábula do Sapo e o Escorpião, em que o escorpião pede para atravessar o rio e o sapo o leva, mas no meio o escorpião o pica e ao ser questionado, o escorpião diz que é sua natureza e que isso era inevitável, e assim os dois morrem juntos.

Aqui nós vemos uma história sobre essência e tentativa de mudar. O personagem é calmo e encantador, consegue facilmente atrair outras pessoas com o seu jeito, mas conta com uma tristeza visível. O motivo é que apesar de tudo, esse não é ele, mas sim quem deseja ser. Sua essência é composta por violência que surge mesmo sem desejar.

Você percebe bem isso ao ver que os problemas que perseguem o personagem, nem ao menos são problemas deles, mas em sua tentativa de mudar sua natureza, mergulha na coisa. É uma sensação de luta contra algo maior. Aquele climinha de injustiça de alguém que quer fazer o que é certo, mas simplesmente não tem controle da coisa, então só resta tentar conter.

Como disse, a coisa é um tanto escrachada, então existe muito foco na vestimenta do personagem, a sua jaqueta com um símbolo de escorpião e ele mesmo em certo momento do filme liga para um personagem e fala "Sabe a história do escorpião e do sapo? Seu amigo não conseguiu atravessar o rio...".

Apesar de tudo, o personagem é mais para uma mistura entre os dois. Talvez ele não seja o escorpião, talvez ele seja a metáfora em si. Provavelmente acabou sendo conveniente jaquetas costumarem ter estampa nas costas, pois você pode acabar vendo o protagonista como o sapo que carrega nas costas o escorpião e ali mostra uma luta para conter a sua parte mais sombria, porém acaba sendo inevitável a manifestação.

Outra coisa também simbólica e que essa sim é meio difícil de pegar, são os esquemas de cores, que o faz se aproximar bastante da proposta de Suspiria, que também é uma mistura de conto de fadas sombrio com expressão de sentimentos através das cores. Mas aqui no caso é tudo bem mais discreto. O filme em si é escuro pra caramba, mas as cores azul, vermelho e laranja apresentam a simbologia de tristeza, medo e amor. Algo curioso é que o diretor é daltônico, e ele declarou que essa história é uma carta de amor à sua família e até onde iria para protegê-la.

Muitas cenas se passam no elevador e uma delas é bastante focada na ideia de extremos de dois pontos do filme e é super notável a simbologia geral da coisa. Ao assistir você vai saber que cena é, até porque inclusive ela foi pensada para ser surreal, tanto nas ações dos personagens quanto pelos vários elementos simbólicos presentes, incluindo as cores.

O filme é bastante aclamado e acaba sendo facilmente amado por qualquer tipo de pessoa, tanto por aqueles que procuram por algo com um pouco mais de profundidade quanto por aqueles que se interessam por algo mais focado em uma boa história noturna de ação. Apesar de que pode ser um pouco decepcionante a quantidade de vezes que o personagem mostra suas habilidades como motorista.

Aliás, eu adoraria se isso fosse uma série ao invés de um filme. Não precisaria ser algo muito grande, porém seis episódios daria pra trabalhar muito mais esse universo. Seria ótimo ver a vida do personagem no crime, é algo que senti falta. Por outro lado isso surpreende um pouco, pois parece pois muito do conceito eu pensei ser previsível e logo vi que o diretor parece não se prender muito a ideias formadas.

Um exemplo é o marido de Irene, que sai da prisão e você já pensa tudo o que vai acontecer. Ele será um cara malvado que não quer que o vizinho mexa com sua garota e tal, gerando uma treta imensa entre os dois. Mas aí você vai ver e o rumo das coisas são muito diferentes do que essa ideia já preconcebida e vista tantas vezes.

A trilha sonora é extremamente maravilhosa, usando o gênero Synthwave (Outrun), aquele estilo eletrônico que remete ao anos 80. Ela é aplicada de maneira tão fantástica, que está impregnada nas cenas. A abertura com os créditos te suga pra dentro da coisa, e inclusive essa trilha ajuda demais a manter o estilo Neo-noir apresentado no filme.

Os criadores de Hotline Miami falaram que não tentam esconder que há grande inspiração na atmosfera aqui apresentada, mesmo as histórias sendo diferentes. É bem fácil sentir a coisa e alguns elementos que se destacam, o destaque que a jaqueta ganha, a máscara do personagem e a violência pesadona.

Acaba sendo fácil ver também muitos aspectos em outros jogos, como Katana Zero em que você consegue facilmente lembrar de Drive nas cenas em que o personagem volta para o seu apartamento, seja pela garotinha que ele conversa no corredor, seja pelos amigos festeiros. Ou outras obras como Project Downfall, que também foca nesse ciclo de vida noturna de crimes e volta ao apartamento.

Enfim, tá aí um filme fabuloso para assistir de madrugada. Gostoso pra caramba mesmo e super atmosférico, se você gostou de obras como O Abutre, vai adorar esse aqui. O filme é uma adaptação de um livro de 2005 do autor James Sallies e antes de ser lançado já levou o público à loucura nos festivais em que deu as caras.
 

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