O jogo de terror Horses, criado pelo estúdio italiano Santa Ragione, ficou marcado não apenas por sua proposta narrativa estranha e perturbadora, mas também pela polêmica que envolveu seu banimento nas duas maiores plataformas de distribuição digital de jogos para PC, a Steam e a Epic Games Store.
A Valve, responsável pela Steam, decidiu impedir a publicação alegando que o título apresentava uma cena que poderia ser interpretada como conduta sexual envolvendo menores. A situação girou em torno de um momento em que um visitante jovem monta em um dos chamados “cavalos humanos”, algo que os desenvolvedores afirmaram não ter qualquer conotação sexual e que já havia sido alterado durante o processo de criação. Mesmo com essa defesa, a empresa manteve a decisão e não permitiu que o jogo fosse disponibilizado em sua loja. Esse episódio levantou debates sobre os limites da interpretação e sobre como diferentes públicos podem enxergar uma mesma cena de formas completamente distintas.
Na Epic Games Store, o caso foi ainda mais surpreendente. O jogo havia sido aprovado para lançamento, mas foi retirado apenas um dia antes da data marcada. A justificativa enviada ao estúdio mencionava violações das regras da plataforma, incluindo conteúdos considerados inapropriados e abusivos, além de representações sexuais explícitas e elementos que poderiam ser entendidos como abuso a animais. A Epic também aplicou a classificação Adults Only (AO), que não é aceita em sua loja, salvo em casos específicos ligados a blockchain ou NFTs. Para os criadores, essa decisão foi inesperada e deixou claro como as políticas internas das plataformas podem mudar de forma brusca, mesmo após uma aprovação inicial.
Apesar das barreiras impostas pelas duas gigantes, Horses encontrou espaço em outras lojas digitais. A GOG, por exemplo, declarou estar orgulhosa de receber o jogo e defendeu que os jogadores devem ter liberdade para escolher as experiências que desejam vivenciar. Essa postura contrastou diretamente com a rigidez da Steam e da Epic, mostrando como diferentes empresas adotam critérios distintos para lidar com obras que desafiam convenções. Além da GOG, o título também foi disponibilizado em plataformas como itchio e Humble Store, garantindo que o público interessado pudesse ter acesso à obra.
O caso de Horses se tornou um exemplo de como jogos independentes podem enfrentar obstáculos não apenas criativos, mas também regulatórios e comerciais. A polêmica trouxe à tona discussões sobre censura, interpretação artística e os limites das políticas de conteúdo em grandes lojas digitais. Para quem acompanha o cenário de jogos de terror e narrativas experimentais, o episódio é visto como emblemático.
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