A produção da série foi um trabalho de amor para os Muschietti e o roteirista Jason Fuchs, que se uniram para criar essa expansão. Andy Muschietti, que dirigiu os filmes, permaneceu como produtor executivo e dirigiu episódios-chave, garantindo que a série tivesse a mesma estética visual e a mesma atmosfera de terror psicológico que os fãs já conhecem. Jason Fuchs, que também trabalhou no roteiro, assumiu o papel de showrunner, liderando a narrativa. A motivação era clara: o livro de King é gigantesco e cheio de detalhes sobre os ciclos de 27 anos, e a série permite que eles explorem eventos históricos e sociais que moldaram a cidade de Derry, algo que não coube na tela grande.
Um detalhe importante sobre a série é que ela se passa em 1962, exatamente 27 anos antes dos eventos do primeiro filme. A série não foca nos personagens que já conhecemos, mas sim em um novo grupo de moradores de Derry, introduzindo famílias e crianças que precisam lidar com o terror que se instala na cidade. Essa escolha narrativa permite que a produção explore temas sociais complexos da época, como o racismo e a paranoia da Guerra Fria, usando o horror sobrenatural de Pennywise como uma metáfora para o mal social que corrói a comunidade. E para garantir que tudo estivesse no caminho certo, o próprio Stephen King atuou como consultor criativo, dando sua bênção e garantindo fidelidade ao universo que ele criou.
O ator Bill Skarsgård retorna como Pennywise, conectando diretamente ao filme. Mas a série aposta em novos talentos para dar vida aos personagens de 1962. O foco está nos dramas humanos e no terror que surge da convivência com o inexplicável. Com a série, o universo de It se consolida como uma das maiores e mais ricas histórias de horror da atualidade, provando que a obra de 1986 ainda tem muito a nos contar sobre o medo e a maldade que se esconde sob a superfície de uma cidade aparentemente comum. É a prova de que um grande livro é, de fato, atemporal, e suas adaptações continuam a nos arrepiar, não importa quantos anos se passem.
Sobre Stephen King
A trajetória de Stephen King começa no Maine, onde ele cresceu cercado por revistas baratas, cinema de terror e aquela vontade teimosa de escrever mesmo sem dinheiro. Ele lia Edgar Allan Poe, H. P. Lovecraft, Ray Bradbury e sonhava em publicar algo que ficasse na cabeça das pessoas.
Ele passou anos mandando contos para revistas como Cavalier e Penthouse, recebendo pilhas de rejeições. Morava em trailer, trabalhava em lavanderia e dava aula para pagar as contas. A máquina de escrever quase caía aos pedaços, mas era ali que ele criava suas primeiras histórias assustadoras.
Em 1974, King lançou Carrie, livro que virou um marco. A história da garota com poderes telecinéticos mudou tudo. Foi adaptado para cinema por Brian De Palma e abriu portas para mais romances, transformando King em um nome quente no mundo literário.
Depois veio Salem’s Lot em 1975, trazendo vampiros para uma cidadezinha cheia de segredos. Em 1977 apareceu O Iluminado, obra que virou filme dirigido por Stanley Kubrick e gerou debates até hoje. Era claro que King tinha achado seu lugar.
A vida dele, porém, não ficou mais fácil. King enfrentou alcoolismo e abuso de drogas, problemas que quase destruíram sua rotina criativa. Mesmo assim, escreveu A Zona Morta em 1979, Cujo em 1981 e Christine em 1983, mostrando que seu talento funcionava até nos piores momentos.
Nos anos 80, ele criou gigantes como It em 1986, trazendo Pennywise e Derry ao imaginário popular. Nesse período, King já era adaptado em filmes como A Hora da Zona Morta, Conta Comigo e O Cemitério Maldito, espalhando seu estilo para livrarias, cinemas e TV.
Em 1982, começou A Torre Negra, sua saga mais ambiciosa, misturando fantasia, western e terror. Roland Deschain virou um símbolo da criatividade de King. Ao longo dos volumes, ele mostrou que podia sair do horror clássico sem perder sua identidade.
Nos anos 90, sobrevivendo a crises pessoais e tentando se manter sóbrio, King lançou Misery (1990), It ganhava mais força ainda com adaptações, e À Espera de um Milagre (1996) emocionava leitores e depois o cinema. O autor já era referência absoluta na cultura pop.
Em 1999, King sofreu um acidente grave, sendo atropelado enquanto caminhava. Quase perdeu a vida e passou por várias cirurgias. Apesar da dor, voltou a escrever e lançou Apanhador de Sonhos (2001), mostrando que nada derrubava sua determinação.
Ele também publicou Depois da Meia-Noite, Insônia, O Apanhador de Ossos e consolidou seu ritmo insano de produção. A cada ano, livrarias ganhavam novos títulos, e fãs acompanhavam tudo, da fantasia mais maluca ao terror psicológico mais pesado.
Com o tempo, King virou inspiração para autores e filmes, séries como Under the Dome, The Stand e Mr. Mercedes. Sua obra influenciou jogos, quadrinhos e até música. Bandas de rock usavam referências de It, O Iluminado e A Torre Negra em letras e clipes.
Suas histórias ganharam força no streaming com novas versões de It, 1922, Jogo Perigoso, O Nevoeiro e Lisey’s Story. O público descobriu que King não era só “o cara do terror”; ele também falava sobre trauma, família, infância e solidão.
Ao longo da carreira, King mostrou que consegue criar monstros e, ao mesmo tempo, personagens cheios de humanidade. Ele mistura cotidiano com o impossível, transformando ruas simples do Maine em cenários de medo e imaginação.
King também escreveu como Richard Bachman, criando A Longa Marcha, Fúria, A Rebelião de Atlas e O Concorrente. Esse pseudônimo serviu para testar estilos e publicar sem o peso do próprio nome.
Sua relação com o cinema evoluiu com o tempo. Adaptações como O Nevoeiro, Doutor Sono e Cujo provaram que cada história de King rende materiais diferentes, indo do suspense mais íntimo ao caos fantástico.
O autor recebeu diversos prêmios, como o National Book Award, e virou presença constante em listas de melhores romances contemporâneos. Ele sempre se disse apenas um “cara que gosta de contar histórias”, mas o mundo sabe que ele se tornou ícone.
Mesmo com décadas de carreira, King continua escrevendo com a mesma energia. Obras como The Outsider, Billy Summers, Fairy Tale e Holly mostram que ele não desacelera. Seus livros seguem sendo debatidos em podcasts, fóruns e clubes de leitura.
King também é figura ativa nas redes, comentando cultura pop, política, livros e filmes. Sua voz virou referência para fãs de terror, fantasia e suspense. Ele conversa com leitores e mantém aquele estilo direto, quase de amigo contando histórias no sofá.
Sua jornada prova que talento pode nascer em qualquer lugar, até num garoto tímido do Maine que escrevia em pedaços de papel barato. De dificuldades financeiras à fama mundial, King virou um dos escritores mais influentes que já existiram.
Hoje, seu nome está ligado a terror psicológico, criaturas sobrenaturais, cidades sombrias, sagas épicas e personagens quebrados. Juntar It, The Stand, Carrie, O Iluminado, Misery e A Torre Negra já seria enorme, mas King sempre oferece mais.
Sua obra continua crescendo, e cada geração encontra algo novo para amar ou temer. Stephen King transformou medos simples em histórias gigantes e mostrou que o terror também pode ser sobre esperança, coragem e humanidade.






