No mundo do entretenimento as coisas não param e com o crescimento da cultura pop, é fácil se afogar em um mar de concorrência, no entanto tem algumas obras que conseguem retornar e isso acontece frequentemente no mundo dos jogos, é só ver como Among Us foi lançado em 2018, ignorado e então se tornou o jogo mais vendido da steam em 2020, no entanto às vezes verdadeiras relíquias ressurgem e o mundo dos video games sempre surpreende. Magic Castle é um belo de um exemplo.
Apesar de hoje em dia ser muito fácil ser desenvolvedor indie, todo mundo sabe que a primeira década de 2000 a coisa era complicada e no Brasil praticamente não existia mercado de jogos. Lá fora não era tão diferente e apesar de muitos países terem mercados mais desenvolvidos que o nosso, o que dominava mesmo eram grandes empresas, não era como hoje que vemos uma quantidade absurda de desenvolvedoras indie sendo faladas. Então imagina antes disso? Pois é de lá que vem Magic Castle.
Esse é um jogo que foi feito no Net Yaroze, uma edição especial do Playstation 1 vendida nos anos 90 para programadores que quisessem se aventurar no mundo do desenvolvimento. A SONY tinha inclusive uma revista que publicava alguns jogos independentes. Apesar disso, para uma pessoa normal fazer essa naquela época era uma verdadeira vida underground.
Em 1998 dois amigos adquiriram uma cópia e resolveram criar o próprio jogo deles. Um deles é K. Matsunami, que virou game designer, produtor e diretor da Sega, e o outro é conhecido apenas como PIROWO e se tornou um designer independente. Na época eles lançaram uma desenvolvedora chamada KAIGA, apesar de tudo não era um negócio, só o nome mesmo. Resolveram que fariam um jogo do gênero roguelike. Em oito meses os dois fizeram uma fita VHS e enviaram para sete desenvolvedoras, esse:
Como podem ver, um jogo até que bem desenvolvido. A ideia era conseguir orçamento para contratar mais pessoas e fazer um jogo completo. E a própria SONY respondeu, marcou reunião com eles e depois mandou um e-mail dizendo que queria contratar os dois para um projeto que estava fazendo, no entanto isso os desanimou.
Antes de se aventurarem de forma independente, a dupla trabalhava na desenvolvedora "Video System Inc", que era meio underground, tendo como foco apenas o mercado japonês e que durou pouco, surgindo em 1986 e fechando as portas em 2004. Porém o motivo dos dois saírem é porque queriam ter liberdade criativa e o convite da SONY os colocava novamente na mesma situação.
Ao esperar um pouco receberam uma mensagem de uma empresa que criava famosos RPG (Eles não citaram, mas aposto que foi a Squaresoft que hoje é Square Enix). Falaram que se um dos dez juízes se interesse, eles fariam o jogo. Alguns dias depois receberam uma mensagem avisando que três se interessaram e por isso bancariam.
No entanto a empresa pediu para que a dupla formasse a equipe. E foi isso que destruiu o projeto, pois eram dois caras no meio dos anos 90 que precisavam achar desenvolvedores de video games independentes que estivessem desempregados. Eles tentaram, mas sendo jovens e sem contatos, não conseguiram e assim a desenvolvedora não quis mais apoiar.
Mais de duas décadas se passaram e em 2020 a dupla se uniu de novo para pegar esse projeto há tanto tempo engavetado, pegar o kit de desenvolvimento do Playstation 1 e então finalmente adicionar os toques finais para que o jogo ficasse completo. Naquele tempo seria complicado, mas com a evolução do mundo dos emuladores, e a popularização absurda da internet, todo mundo poderia jogar.
Eles colocaram disponível para download no início de 2021, exigindo apenas que a pessoa tenha um emulador e ainda conta com suporte para até quatro pessoas. Vi muita gente falando que o jogo se parece com Diablo, mas acho que é muito mais preciso dizer que é algo semelhante a Gauntlet, em que personagens saem descendo o cacete em tudo e coletando tesouros para passar de nível. E aí, o que acharam?
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