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[Conto] A morte de um ritual

Anos 90, fevereiro, 18:45 da noite de quarta-feira.

- Então... O que te fez cometer o crime?
Quem indagava tal pergunta para o suspeito era um policial de meia idade e cansado do ofício chamado Buck, ele foi chamado para investigar um caso muito estranho na sua pacata cidade, Old Valley, onde um homem foi encontrado rodeado de cabeças humanas e de animais numa espécie de ritual pagão. O homem encontrado em questão revelou ser Donald Gardner, dono de uma loja de quinquilharias e antiguidades no pequeno centro da cidade.
- E-eu não faço ideia!- exclamou Donald- eu me lembro de trancar a minha loja, andar até a máquina de doces e depois... Depois eu acordei naquele pesadelo! Eu não fiz nada, eu juro!
- Olhe- Buck massageava as têmporas com ar de cansaço, como se fizesse esse tipo de coisa havia muito tempo- negar o óbvio é como mentir para mim, eu irei me aposentar daqui à um mês cacete! Por favor, coopere comigo para terminarmos esse interrogatório.
- Já disse! Eu nunca faria algo assim! Eu mal mato as moscas que vivem em casa!
- Olhe aqui seu merdinha- Buck agarrou Donald pela gola e ficou cara a cara apenas para sussurrar- eu nunca vi alguém tão doente como você! Matar 7 pessoas inocentes e outros animais e depois negar tudo como se fosse um tipo de vítima? Ridículo! Confesse logo o que você fez e assim podemos terminar com essa bagunça na minha cidade!
- Olhe... Senhor Buck eu ja diss-
- Buck!- um oficial entrou às pressas na sala, todo ofegante como se algo mais estranho estivesse acontecendo- eles acharam mais um igual à esse cara ai, venha!
- Meu deus... Que droga está acontecendo na cidade?- disse se levantando.
- O que houve?- indagou Donald confuso.
- Encontraram mais uma pessoa no mesmo estilo de crime que o seu, num ritual pagão.
Ele fechou a porta e saiu deixando Donald sozinho na pequena sala de interrogação. O homem olhou pelos cantos, tentando procurar algo para lhe distrair , quando ouviu um som parecido com o sibilar de uma cobra, vindo do pequenino tubo de ventilação.
Apesar de algemado à mesa Donald conseguiu se inclinar para tentar ver o que pareciam palavras em uma outra língua.
- Ahn... Olá?- seu coração estava acelerado naquele momento que algumas palavras totalmente sem sentido por estarem em latim adentraram seu ouvidos- o que é isso? Algum tipo de piada? Ei!- ele começou a se sacudir tentando arrancar as algemas- Ei! Quem está ai! Oh meu deus! O que é você! Sai! Socorro! Socorro! Soc-
O som terminou, e o que quer que fosse que havia acontecido ali já havia acabado.
Enquanto Buck voltava da cena do crime com a suspeita no banco de trás ele reparou que nunca tinha visto aquela mulher na cidade. Ela havia sido achada na mesma floresta que Donald, porém ela parecia ter consciência de seus atos, ela não negou, nem disse nada pelo trajeto da cena de crime até a delegacia.
- A equipe de legistas já foi mandada aos locais dos crimes oficial Jones? - Buck andava apressado para a sala de interrogação, ele levava a mulher misteriosa com ele.
- Já senhor, eles irão ficar lá por um bom tempo haha!
- Não vejo graça nisso, dê-me licença por favor- Buck abriu a porta olhando para trás falando com a mulher- quero que conheça alguém que foi encontrado igual a você... Esse é Donald Gard... Ah meu deus! Socorro! Tragam ajuda por favor!
A cena da pequena sala era conturbada, tinham oficiais tirando fotos e pessoas, legistas, preparando o local para retirar provas da cena do crime que se resumia à um corpo sem cabeça, a cabeça estava na mesa, e um círculo de sangue rodeava a cabeça e um outro círculo rodeava o corpo. Na parede haviam letras escritas em grego, mas elas não haviam sido feitas com sangue, pareciam ter sido feitas com algo quente, pois a parede estava marcada. Alguns especialistas haviam sido chamados, dentre eles o professor de história da cidade, Joan Mark, e um pregador da igreja do estado, Bill Alvenger.
Ambos pareciam impressionados com a situação estranha.
A maioria dos policias ja havia partido para suas casa com o final do expediente, sobraram Buck, Joan, Bill, a mulher, que ficou como testemunha, um policial e um legista.
Joan, traduziu o texto da parede que aparentava estar em grego: "quem interrompe um ritual para a senhora Hydra deve lhe dar sete cabeças, uma já foi e restam apenas 6."
Todos ficaram atônitos com a mensagem, menos a mulher que parecia normal perante a situação do local.
- Aparentemente Hydra é um deus pagão e alguma seita está se vingando da polícia por tê-la interrompido na cerimônia- concluiu Bill.
- Não é isso, você está enganado- disse a mulher- Hydra não é um deus, é uma criatura de fome insaciável que deseja sangue e morte no nosso mundo, o ritual era pra mandá-lo de volta ao submundo. Quando a polícia o interrompeu, fez com que o monstro desejasse a cabeça de quem fazia o ritual, mas apenas um era pouco, por isso todos nós aqui estamos condenados.
- Sei... Olhe queridinha, eu sei o que falo ouviu?- Bill possuía um ar de deboche em sua fala- deixe que os homens trabalhem ok? Preciso ir ao banheiro.
- Terceira porta à direita- apontou Buck, que logo depois voltou a conversar com o legista e o policial.
Joan se aproximou da mulher e perguntou o por que de uma criatura matar pessoas inocentes na ação, e também indagou se não seria uma outra seita fazendo isso e o por que de fazerem logo numa delegacia.
- Hydra não poupa ninguém quando está com fome, e ele sempre tem fome, além do mais, participantes de uma seita jamais iriam nos espionar pelos tubos de ventilação.
Quando disse isso ela sorriu, deixando o professor assustado e no mesmo momento as luzes da delegacia apagaram.
-AAAAAAARRGGH!- o grito vinha do banheiro era um urro de dor que gelou a espinha de todos os presentes.
Buck, o policial, o legista e o professor Joan correram para o local para ver o que aconteceu, a cena era grotesca:
Bill estava afundado na privada com as pernas levantadas numa posição impossível para um ser humano, sua cabeça havia sido arrancada e seu corpo ainda quente espirrava sangue, o mesmo círculo estava em volta de sua cabeça, e na parede havia outra frase escrita.
Buck pegou sua lanterna e pôs a luz para que Joan pudesse ler:
"Agora faltam quatro de vocês"
Ao dizer isso todos ficaram confusos com a frase.
Uma longa risada feminina atravessou o corredor seguido por um silêncio obscuro.
Buck, Joan e os outros ficaram em dúvida se deveriam voltar para ver a mulher, decidiram que sim e quando voltara encontraram-na morta, nas mesmas condições de Donald, mais uma vez havia uma frase escrita na parede.
Joan traduziu o seguinte:
"Não se separem mais..."
Isso deixou Buck com raiva que gritou:
- Certo senhores! Alguém está brincando conosco, e eu não quero mais mortes aqui neste lugar!- ele sacou sua magnum.44 encorajando o outro policial a sacar sua arma também.
-As portas estão trancadas! O legistas gritou- isso não pode estar acontecendo!
-Calma senhores! Vamos, todos juntos, checar todas as portas pra saber se estamos presos ou não!- Buck falou.
Mesmo todos juntos terem ido e checado todas as portas, cada uma delas estava trancada e nem as chaves de Buck as abriam. Eles decidiram então ficar os quatro no hall da delegacia para esperar amanhecer e receber ajuda dos outros policiais.
Mesmo aguentando algumas horas Joan e os outros acabaram dormindo.
Buck acordou rapidamente e com medo, como se algo pudesse lhe matar a qualquer segundo. Ele olhou pro lado e viu Joan com pavor no rosto.
- O que foi professor?
Joan ergueu a mão e apontou para algo q devorava tanto o legista quanto o outro policial.
-Jesus... Ei!- Buck ergueu sua arma, com medo, mas mesmo assim ergueu- Pare com isso agora! O que é você!?
Silêncio enquanto os corpos era mastigados e depois um longa pausa para que pudessem ser engolidos.
-EU? EU SOU HYDRA, E EU AINDA TENHO FOME- sibilou o monstro- POR QUE VOCÊ NÃO CHEGA MAIS PERTO?
Uma espécie de braço, tentáculo ou qualquer coisa do tipo abanava como se fizesse um gesto para o policial ir.
-Mas... É claro...- Buck abaixou a arma e andou em direção a besta, que com uma bocada arrancou metade do corpo do policial.
Joan estava sem reação, ele ficou parado, lágrimas de pavor escorriam de seus olhos, e ele conseguiu apenas dizer:
- O que é... Você?
O monstro pulou na sua frente e sibilou:
-Ssou o que vocês chamam de morte- a extensa língua reptiliana lambeu seu rosto, como se sentisse o sabor de carne humana, os dentes se prepararam e em seguida fecharam-se sobre a barriga de Joan, deixando apenas resto de seu tronco jogado e inerte no chão.
Após mastigar o homem, a besta olhou pra certas luzes da cidade e sibilou mais uma vez:
- AINDA TENHO FOME...

FIM

Autor: João Pedro Garrote

Esse é um dos contos que concorreu no concurso de contos de terror do blog.

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2 Comentários

  1. TODO MUNDO MORREU! Acabou. ~Patrick Estrela.

    Sem duvidas o melhor até agora, mas o fim foi um pouco fraco ainda, sei lá todo mundo morrer... podia ter algo a mais, não sei.

    Bom no final não fiquei com tanto medo, deve ser porque li ouvindo isso: https://www.youtube.com/watch?v=SaRo6kmqhzw

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  2. sinistro, só achei esses policiais muito merdeiros, como que a Hydra trancaria as portas com um tentaculo? E pq não meter bala na porta! 4 HOMENS e ngm pensou arrebentar a saida hahahah

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