Eu adoro Star Wars, mas tenho que assumir que o criador desse universo me surpreendeu com sua declaração que ele fez em 2013 em uma palestra que deu junto a Steven Spielberg na instituição onde se formou University of Southern California. Ele disse que jogos não podem ter história! Algo que definitivamente não concordo, como já falei na matéria sobre jogos com história. Foi perguntado o seguinte na entrevista:
George, você fez filmes e video games. Você vê uma identificação entre essas duas artes.
George Lucas: Bom, elas são diferentes, e sempre serão diferentes. Para contar uma história, você precisa de duas coisas: personagens e um enredo. É como um esporte, pode existir um jogador famoso. Eles[produtores] estão começando à ver que se focarem nos personagens, o jogo fica muito mais rico.
Mas é natural que os games não possam ter um enredo. Não dá pra colocar um enredo em uma partida de futebol - assim como numa festa.Se você deixar qualquer um fazer o que quiser, não terá uma história, vai ser um jogo. E então, acontece a divisão entre jogos e história. A questão é que os games podem ter mais personagens, mas não vão ter um enredo digno de Shakespeare.
Steven Spielberg: Acho que para dividir a parte interativa da narrativa de um jogo é difícil, já que precisamos causar uma empatia no jogador pelo personagem.
Você vê uma cutscene e aí fica envolvido com a história, fica com ódio daquele cara porque ele matou pessoas em um aeroporto - coisa do tipo, mas aí, chega a hora de pegar no controle e jogar. E é nessa hora que algo é desligado em você e o game se torna um esporte.
George Lucas: O problema é compacto, porque a indústria dos jogos cresceu de forma geral e se tornou uma coisa específica para jogadores hardcore. Então a indústria se moveu em direção a esse tipo de consumidor. E jogadores hardcore amam assistir um bebê caindo no chão, eles não pegam o bebê mais. Eles não se importam, eles dizem "Eu quero um jogo onde eu posso atirar em todo mundo na cabeça e explodir elas!". Então a indústria de jogos continuou seguindo nessa direção. Você não pode criar empatia com alguém que você vai matar, então toda a ideia é jogada pela janela.
Curiosa a visão deles né? Eu sei muito bem que gamer é super delicado e não pode falar nada de seu brinquedinho favorito, como foi o caso do apresentador que falou mal de youtuber e a coisa ficou feia. Mas se nós respirarmos e pensarmos direito, dá pra levar algumas coisas em consideração. Primeiro eles não são gamers, e quem não é gamer obviamente só vê brinquedinhos, não vê a coisa de forma profunda. Sendo assim nada mais natural do que pensarem de uma forma limitada.
Mas a segunda e mais importante é o que eles realmente estão falando. Não é desmerecendo jogos, mas sim um papo sobre a fluidez da história. A forte ligação criada entre a pessoa e os personagens. Vai dizer que seria surpresa pra você deixar o bebê cair no chão? Vai dizer que você já não matou todo mundo, inclusive seus aliados? Isso parece ser empatia? Então embora não concorde, acho válido o argumento dele.
No entanto o que mais me surpreendeu, é que nos anos 80 George Lucas queria estender sua empresa para outros ramos do entretenimento, e isso incluía video games. Fazendo uma parceria com a Atari e assim surgindo a Lucas Arts. Nos anos 90 nós vimos belas obras de arte feitas pela empresa e com muita história para se contar. Então achei esquisito a opinião dele sobre o tema, pensei que ele tinha uma ligação maior com a coisa. E vocês, o que acham? Confiram também a gigantesca lista com todos os jogos de Star Wars.



