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A criança cresceu - Roteiro para curta metragem

Bom, de repente me deu vontade de escrever um roteiro para curta, pensei nessa história aqui por acaso e resolvi por aqui, não sou profissional, então é mais como um "rascunho de roteiro" que um roteiro propriamente dizendo, espero que gostem:

Várias fotos são mostradas na tela de um computador, passando uma atrás da outra em uma rede social. A voz de um rapaz pode ser ouvida dizendo:

-Espera aí... Volta aquela última foto.
-Essa aqui? - Pergunta voz de outro rapaz, enquanto uma foto de um homem e barba é exibida.
-Essa mesmo, você tá lembrado desse cara?
-Não...
-É o Matança cara!
-Caramba! É ele mesmo! Eu tinha esquecido completamente desse cara, faz muito tempo, que ano era aquele?
-Ah, devia ser 2002, eu não sei, estávamos no ensino médio ainda, lembra como todo mundo achava ele sinistro?
-Claro, diziam que pelo menos um professor morria em toda escola que ele entrava, e diziam que ele sempre mudava de escola todo ano.
-E os fones de ouvido? Lembra daquilo?
-Caramba, é mesmo! Ele sempre estava usando aquele walkman, nunca falava com ninguém, e não dava pra ouvir o que ele estava escutando, sempre era uma baita chiadeira, tinham umas histórias sinistras que diziam que ele ouvia rituais macabros.
-Lembra de quando o professor mandou ele sair de sala?
-Caramba, eu nem lembrava mais disso! Aquilo foi sinistro...

*Câmera vai se aproximando da foto do homem na tela, e então cena muda para um garoto andando por um corredor de uma escola usando fones de ouvido e com um walkman pendurado na calça jeans.*

O sinal da escola pode ser ouvido, e o garoto para e olha diretamente para o aparelho barulhento, que bate nervosamente no topo de uma das paredes. Dois garotos o observam e comentam algo, sorriem e depois se levantam para ir a sala de aula, o menino do Walkman vai logo atrás e se senta no final da sala, mas não retira o aparelho, fica apenas parado olhando para um lado.

O professor entra em sala e começa a explicar a matéria, no início ele não diz nada, mas diversas vezes olha para o garoto que usa fones de ouvido, e após algum tempo de clara insatisfação, ele vai até o jovem e retira um dos fones, dizendo:

-Eu avisei! Mas obviamente você não ouviu, vá para a diretoria agora!

A turma inteira se mantém calada e bem atenta para os dois, o garoto fica por um instante observando firme nos olhos do homem, para depois se levantar e sair sem dizer nada.

*A câmera volta a mostrar a foto do homem com barba e as vozes dos dois rapazes podem ser ouvidas novamente*

-Aquilo foi sinistro demais, no dia seguinte todo mundo ficou sabendo que ele morreu atropelado.
-Pois é, acho que isso foi o que fez as pessoas falarem dele pra valer, o apelido do cara já era Matança na época?
-Acho que não, deve ter sido isso que fez ele ser chamado assim, mas sempre falavam de como ele era esquisito, lembra do que aconteceu com a Raquel?
-Nossa... Aquilo foi estranho demais... Mas era 2002 né cara? Nem todo mundo tinha internet, vai ver apenas ninguém tinha contato com ela.
-Pode até ser, mas que foi bizarro, foi...

*A tela muda para garota de óculos se levantando nervosa na sala e olhando para o garoto do Walkman e falando algo, um som de chiado gerado pelo aparelho envolve a cena e não se pode ouvir direito o que a menina diz, apenas algumas partes. Enquanto isso a câmera dá foco no suor que desce por sua testa, na sua boca, em suas mãos que se tocam nervosamente, no fone do garoto, em seus olhos, e nas diversas faces de risos que a turma faz*

Apesar de não se poder ouvir claramente o que a garota diz, algumas frases são claras:

-Eu gostaria de dizer... E apesar disso tudo te considero muito especial... Sempre amei o seu jeito calado... Fones de ouvido... Declarar na frente de todos que te amo... Namoro... Não achei jeito mais romântico de dizer... Juntos...

*Após a garota parar de falar as várias frases aleatórias, a câmera começa a variar nas faces de deboche, papéis voando pela sala, garotos pulando, e uma verdadeira algazarra. Até que a câmera foca no garoto do Walkman, que olha fixamente nos olhos da menina.*

A voz de um dos rapazes do início pode ser ouvida novamente:

-E lembra o que ele disse?
-Algo sobre aprender uma lição... O que era mesmo? Ele ameaçou ela, algo assim, né?
-Não foi bem uma ameaça, todo mundo estava cobrando uma resposta dele, mas ele continuava quieto, apenas dizendo algo inaudível, os meninos diziam que ele estava fazendo algum tipo de ritual diabólico...

*A câmera continua fixando o garoto sentado, até que um dos meninos da sala arranca um dos fones de ouvido e a turma inteira se cala repentinamente para ouvir a resposta, e então finalmente ouvem sua voz dizer algo de forma fria enquanto olha fixamente para a garota que acabara de se declarar.*

-Isso é pra você aprender a nunca mais me esnobar...

*A voz de um dos rapazes do diálogo inicial pode ser ouvida novamente*

-Depois daquilo a Raquel nunca mais foi vista na escola, foi muito medonho.
-E os meninos que um dia tiraram o Walkman dele?
-Nossa, aquilo foi engraçado, mas o jeito que acabou não foi nada bom, especialmente pro João... Ele ainda está vivo?
-Cara... Não sei, eu não era muito próximo dele, mas depois daquilo, talvez o cara não tenha durado muito...

*A câmera mostra um garoto segurando o Walkman na mão e rindo, o dono vai em sua direção para tirá-lo, mas o garoto lança para outro menino, e o dono vai atrás, e logo o aparelho é lançado para um terceiro menino, e assim eles se divertem enquanto o fazem de bobo.*

As pessoas ao redor observam, alguns apenas demonstram curiosidade, outros riem da situação, até que o aparelho é lançado para um dos meninos e esse começa a mover o Walkman rapidamente no ar, mas de repente faz uma expressão de enjoo, leva a mão ao rosto e desmaia logo depois. O dono se aproxima e finalmente pega seu aparelho de volta, deixando o garoto para trás enquanto outros se aproximam rapidamente para acudí-lo.

*O rosto do homem de barba é mostrado novamente na tela do computador e a voz de um dos rapazes do diálogo inicial é ouvida novamente*

-Pois é... Coitado, quando a notícia de que ele estava com câncer no cérebro se espalhou, ninguém mais fazia piadinha ou qualquer outra coisa envolvendo o Matança.
-Também né... Aquilo deu medo, os outros dois garotos foram pedir desculpas pra ele, falaram que ele nem respondeu nada.
-É... Eu não lembro da voz daquele cara, e olha que sempre lembro da voz das pessoas, mas eu só lembro daquele chiado que o fone de ouvido dele fazia.
-É cara, eu também! Aquele chiado era muito estranho, você acredita naquilo que diziam? Sobre ele ouvir rituais satânicos?
-Não sei dizer bem, eu até que acredito nessas coisas, acho capaz do Matança ter ouvido isso mesmo, afinal de contas aqueles chiados eram esquisitos demais. Além disso essas só são algumas histórias, eram várias, e ele sempre estava com aquela mesma expressão esquisita e ficava mexendo os lábios olhando para os lugares, parecia que ele estava fazendo mesmo algum tipo de reza ou sei lá... Já vi várias pessoas dizendo que viram ele olhando para os lugares, falando alguma coisa baixinho e logo depois algo bem ruim acontecer.
-Talvez nós nunca vamos saber o que o cara estava escutando, mas enfim, quer que eu adicione ele?
-Você tá louco? Não quero nem papo com esse cara, ele me dá medo.
-É... Eu pensei o mesmo... Esse é um mistério que é melhor deixar esquecido, lá em 2002...

*A câmera vai aproximando da tela do computador e então muda para o Walkman preso a calça jeans do garoto, um som de chiado alto pode ser ouvido enquanto a câmera vai subindo acompanhando o fio do fone e o chiado vai diminuindo cada vez mais e dando lugar ao som de uma música, até que quando a câmera chega ao fone na orelha do garoto, é possível ouvir claramente "Baba, baby, baby, baba, baba, baba, baby... baba, baba, baba, baby..." e enquanto isso a câmera vai girando até ficar de frente para o rosto do garoto, que caminha pelo corredor vazio da escola cantando apenas mexendo os lábios, sem emitir som, e então a câmera vai se afastando um pouco e a tela fica preta, subindo os créditos*

Obs: É essencial ver os créditos para entender direito o final (é curtíssimo).

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